Descrição de chapéu Governo Lula terrorismo

Dirceu diz ver contradição em fala de Lula sobre ataque terrorista do Hamas

Ex-ministro cita episódios de ataques de grupos sionistas antes da criação de Israel

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O ex-ministro José Dirceu (PT) afirmou em entrevista ao canal Opera Mundi considerar contraditória a fala do presidente Lula (PT) que chamou de "ataques terroristas" os atos do Hamas no sábado (7).

Dirceu participou do programa mediado pelo jornalista Breno Altman junto com Rose Martins, mestre e doutoranda em economia política internacional, além de filiada ao PT, e com Valério Arcary, ex-integrante do PT, fundador do PSTU e hoje no PSOL.

José Dirceu durante cerimônia em homenagem a autoridades em defesa da democracia em galpão do MST - Mathilde Missioneiro - 15.set.23/Folhapress

Altman dirigiu aos três a mesma pergunta: "Está correto classificar como atos terroristas os ataques desfechados pelo Hamas, como declararam vários líderes mundiais, incluindo o presidente Lula?"

A declaração mencionada foi feita por Lula em redes sociais no sábado.

"Fiquei chocado com os ataques terroristas realizados hoje contra civis em Israel, que causaram numerosas vítimas", afirmou o petista. "Ao expressar minhas condolências aos familiares das vítimas, reafirmo meu repúdio ao terrorismo em qualquer de suas formas", disse o presidente.

Dirceu não citou o petista diretamente em sua resposta, mas afirmou que "tachar o Hamas como terrorista fica bastante contraditório com a própria luta que os próprios judeus e sionistas estabeleceram na Palestina para conquistar o seu Estado".

Para apontar essa contradição, ele se referiu a dois episódios ocorridos antes da criação de Israel, quando grupos paramilitares judaicos não religiosos atuavam na então Palestina sob controle do mandato britânico (1931 a 1948).

Eles tinham como objetivo expulsar os britânicos e assegurar a imigração judaica.

Um dos episódios mencionados por Dirceu foi o ataque pelo grupo Irgun ao hotel King David, em 1946, que deixou 91 mortos. E o outro foi o assassinato de Walter Guiness, embaixador britânico no Oriente Médio, por um grupo sionista em 1944.

"Isso não significa que possamos concordar com o alvo de civis, com reféns, até porque há vários brasileiros e brasileiras, e muito menos com todas as ações que Israel há décadas promove de limpeza étnica com relação aos palestinos", completou o petista.

Ele também afirmou concordar, em termos gerais, com as respostas de Martins e Arcary à pergunta sobre a classificação dos ataques do Hamas como terroristas. Ambos haviam afirmado discordar da declaração de Lula.

Posteriormente, o ex-ministro mencionou que poderia sair do programa quando Altman comparou a situação do conflito atual à luta da Argélia por sua independência.

"Nós vamos apoiar as ações do Hamas?", indagou. "Eu não concordo nem com [as ações] de Israel nem com o [as ações] dos palestinos. O que eu quero é paz."

Ele acabou ficando. No meio da entrevista, Altman anunciou que havia recebido notificação do YouTube de que a monetização do canal havia sido parcialmente suspensa em razão de denúncias sobre a cobertura do conflito entre israelenses e palestinos.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.