Descrição de chapéu Eleições 2024

Eleição de 2024 indica bolsonarismo pragmático e disputas na base de Lula

Aliados de presidente e ex-presidente devem se enfrentar, mas sem cenário de polarização entre PT e PL

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Salvador e Recife

A um ano das eleições municipais, a tendência de nacionalização das eleições domina as pré-candidaturas às prefeituras das capitais brasileiras, que também terão disputas entre partidos da base lulista e pragmatismo em parte do bolsonarismo.

Aliados do presidente Lula (PT) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) devem se enfrentar na maioria das capitais em 2024, embora em nenhuma delas exista um cenário claro de polarização entre candidaturas do PT e PL.

Com as maiores bancadas no Congresso Nacional e forte influência de seus líderes, os dois partidos ensaiam movimentos similares: estudam o xadrez político de modo a não melindrar aliados e garantir apoios para a eleição presidencial de 2026.

Colagem com imagens dos prefeitos do Recife, João Campos; do Rio de Janeiro, Eduardo Paes; e de São Paulo, Ricardo Nunes - - Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda, Tomaz Silva/Agência Brasil e Jardiel Carvalho/Folhapress

O PT tem pré-candidatos em 16 capitais, número que deve cair até as convenções partidárias, e nomes considerados competitivos em Fortaleza, Natal, Teresina, Porto Alegre e Vitória.

A legenda vai apoiar aliados em São Paulo, Rio de Janeiro e Recife, onde trabalha para indicar os candidatos a vice, mas esbarra em resistências dos prefeitos Eduardo Paes (Rio) e João Campos (Recife), que querem nomes da confiança deles nas vagas, já que poderão se candidatar a governador em 2026.

Ao mesmo tempo, o partido mira a renovação de quadros e pode apresentar novidades nas urnas como Camila Jara (Campo Grande), Anne Moura (Manaus) e Carol Dartora (Curitiba).

"O PT chegou em 2020 a uma espécie de fundo do poço e queremos ter um desempenho muito mais forte em 2024", afirma o senador Humberto Costa (PE), coordenador de estratégias do PT para a corrida de 2024. "Na última eleição, não elegemos prefeitos em capital. Vamos melhorar os resultados."

O PL de Bolsonaro segue um caminho semelhante com pré-candidaturas em 16 capitais, incluindo Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Fortaleza. O partido é favorito em Maceió, onde o prefeito João Henrique Caldas, o JHC, vai disputar a reeleição. A cidade foi a única capital do Nordeste que deu maioria a Bolsonaro em 2022.

Por outro lado, o partido atua com pragmatismo ao sinalizar apoio a prefeitos de legendas de centro-direita que vão disputar a reeleição, casos de São Paulo e Porto Alegre. As disputas nas duas capitais prometem forte carga nacional, contrapondo aliados de Lula e Bolsonaro.

Em São Paulo, que se acostumou a ver embates entre PT e PSDB nas últimas décadas, a disputa deve ser protagonizada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). Divergências ideológicas sobre políticas públicas para a cidade marcarão os debates.

Os deputados federais Kim Kataguiri (União Brasil) e Tabata Amaral (PSB), também pré-candidatos, tentam se viabilizar como alternativa a esta provável polarização entre lulistas e bolsonaristas. O PT, que deixa de concorrer pela primeira vez desde a redemocratização, aprovou aliança com o PSOL.

Em Porto Alegre, o prefeito Sebastião Melo (MDB) tem um vice do PL e o apoio dos bolsonaristas na busca por mais um mandato. Deve enfrentar nomes tradicionais da esquerda local, que avalia cogita a deputada federal Maria do Rosário (PT) e a ex-deputada Manuela d’Ávila (PC do B).

O PL de Salvador lançou o nome do ex-ministro João Roma para a sucessão, mas a tendência é de aliança com o prefeito Bruno Reis (União Brasil). A parceria deve se concretizar a despeito do histórico recente de rusgas, ainda não superadas, entre Roma e o ex-prefeito ACM Neto.

A oposição tenta construir a unidade e deve escolher entre o deputado estadual Robinson Almeida (PT) e o vice-governador Geraldo Júnior (MDB).

Outro ex-ministro de Bolsonaro que pretende ir às urnas é Marcelo Queiroga, que comandou a pasta da Saúde entre 2021 e 2022. Ele assumiu a presidência do PL em João Pessoa para concorrer à prefeitura no próximo ano, mas enfrenta resistências da ala raiz do bolsonarismo paraibano.

Caso seja candidato, deve enfrentar o prefeito Cícero Lucena (PP). Candidato à reeleição, ele tem o apoio do governador João Azevêdo (PSB) e tenta atrair o PT para a chapa, com o aval do presidente Lula.

João Pessoa (PB) e Belém (PA) foram as duas capitais com resultado mais acirrado entre Lula e Bolsonaro em 2022, com o petista à frente, o que pode contribuir para a nacionalização da disputa no próximo ano.

Na capital do Pará, o prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL) enfrenta desgastes e deve ter novamente como principal adversário Delegado Eguchi (PL), repetindo o embate do segundo turno de 2020. O MDB, do governador Helder Barbalho, deve se apresentar como terceira via, ainda sem nome definido.

Outra capital que tende a repetir a mesma disputa de 2020 é São Luís, cuja eleição caminha para uma polarização entre o prefeito Eduardo Braide (PSD), que negocia o apoio dos bolsonaristas, e o deputado federal Duarte Júnior (PSB), candidato do governador Carlos Brandão (PSB) e do ministro da Justiça, Flávio Dino.

Vitória (ES) também deve ter um novo duelo entre o prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) e o ex-prefeito João Coser (PT), assim como Macapá (AP), que deve repetir a disputa entre o prefeito Dr. Furlan (Podemos) e o empresário Josiel Alcolumbre (União Brasil), irmão do senador Davi Alcolumbre.

A disputa pelas prefeituras das 26 capitais de estados ainda sinaliza dificuldade de setores de centro-direita em viabilizar candidaturas competitivas para se contrapor à esquerda e ao bolsonarismo.

Dentre eles estão prefeitos que assumiram os cargos em 2022, após renúncia dos titulares que concorreram aos governos estaduais. É o caso de Fuad Noman (PSD), prefeito que sucedeu Alexandre Kalil em Belo Horizonte e agora tenta imprimir uma marca para chegar com viabilidade na eleição.

A disputa nas capitais também terá enfrentamentos entre aliados de Lula. Um dos embates deve acontecer em Natal, onde estarão nas urnas nomes como o da deputada federal Natália Bonavides (PT), o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves (PSD) e o ex-deputado Rafael Motta (PSB).

Em Fortaleza, o prefeito Sarto Nogueira (PDT) deve ter como adversário o PT, legenda do governador Elmano de Freitas.

A deputada federal Luizianne Lins, que governou a cidade entre 2005 e 2012, é cotada no PT, mas enfrenta resistências. O grupo do ministro Camilo Santana (Educação) articula a candidatura do presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão, que tenta uma anuência para se desfiliar do PDT.

O racha no PDT é entrave para uma possível migração partidária para o PT ou PSB. O grupo do ex-ministro Ciro Gomes segue rompido com o PT, enquanto a ala do senador Cid Gomes defende a reaproximação com os petistas.

A disputa no xadrez político da capital cearense, com reflexos nas eleições estadual e até nacional em 2026, deve perdurar pelos próximos meses. As convenções partidárias devem acontecer em julho e as eleições municipais estão marcadas para 6 de outubro de 2024.

Potenciais candidatos a prefeituras das capitais em 2024

São Paulo (SP)

Ricardo Nunes (MDB)
Guilherme Boulos (PSOL)
Tabata Amaral (PSB)
Kim Kataguiri (União Brasil)
Vinicius Poit (Novo)

Rio de Janeiro (RJ)

Eduardo Paes (PSD)
Tarcísio Motta (PSOL)
Carlos Portinho (PL)
Otoni de Paula (MDB)
Dr. Luizinho (PP)
Rodrigo Amorim (PTB)
Pedro Duarte (Novo)

Belo Horizonte (MG)

Fuad Noman (PSD)
Bruno Engler (PL)
Mauro Tramonte (Republicanos)
Rogério Correia (PT)
Duda Salabert (PDT)
Carlos Viana (Podemos)
João Leite (PSDB)

Vitória (ES)

Lorenzo Pazolini (Republicanos)
João Coser (PT)
Luciano Rezende (Cidadania)
Luiz Paulo Velloso Lucas (PSDB)
Capitão Assunção (PL)

Salvador (BA)

Bruno Reis (União Brasil)
João Roma (PL)
Robinson Almeida (PT)
Geraldo Júnior (MDB)
Olívia Santana (PC do B)
Pastor Sargento Isidório (Avante)
Kleber Rosa (PSOL)

Fortaleza (CE)

Sarto Nogueira (PDT)
Evandro Leitão (PDT)
Luizianne Lins / Larissa Gaspar / Guilherme Sampaio (PT) Capitão Wagner (União Brasil)
André Fernandes (PL)

Recife (PE)

João Campos (PSB)
Daniel Coelho (Cidadania)
Gilson Machado (PL)
Dani Portela (PSOL)
Túlio Gadêlha (Rede)

João Pessoa (PB)

Cícero Lucena (PP)
Ruy Carneiro (PSDB)
Marcelo Queiroga / Nilvan Ferreira (PL)
Luciano Cartaxo / Ricardo Coutinho / Cida Ramos / Márcia Lucena (PT)

Natal (RN)

Paulinho Freire (União Brasil)
Natália Bonavides (PT)
Carlos Eduardo Alves (PSD)
Generão Girão (PL)
Rafael Motta (PSB)

São Luís (MA)

Eduardo Braide (PSD)
Duarte Júnior (PSB)
Neto Evangelista (União Brasil)
Edivaldo Holanda Júnior (PSD)

Teresina (PI)

Dr Pessoa (Republicanos)
Sílvio Mendes (União Brasil)
Fábio Novo (PT)
Bárbara de Firmino (PP)
Gessy Lima (Solidariedade)
Henrique Pires (MDB)

Maceió (AL)

JHC (PL)
Alexandre Ayres / Rafael Brito / Cibele Moura / José Wanderley (MDB) Rui Palmeira (PSD)
Ronaldo Medeiros (PT)

Aracaju (SE)

Luiz Roberto / Waneska Barbosa / Jeferson Passos / Zezinho Sobral / Garibalde Mendonça (PDT) Emília Corrêa (PP)
Katarina Feitoza (PSD)
Eliane Aquino (PT)
Danielle Garcia (Podemos)

Porto Alegre (RS)

Sebastião Melo (MDB)
Maria do Rosário (PT)
Fernanda Melchionna / Luciana Genro (PSOL)
Dr. Thiago (União Brasil)
Nadine Anflor (PSDB)
Manoela D'Ávila (PC do B)
Juliana Brizola (PDT)

Curitiba (PR)

Eduardo Pimentel (PSD)
Ney Leprevost (União Brasil)
Paulo Martins (PL)
Goura (PDT)
Carol Dartora (PT)
Luciano Ducci (PSB)
Fernanda Dallagnol (Novo)

Florianópolis (SC)

Topázio Neto (PSD)
Ed Ferreira / João Cobalchini (União Brasil)
Pedrão (PP)
Dário Berger (PSB)
Bruno Souza (Novo)
Marquito (PSOL)

Manaus (AM)

David Almeida (Avante)
Coronel Menezes (PL)
Amom Mandel (Cidadania)
Anne Moura (PT)

Belém (PA)

Edmilson Rodrigues (PSOL)
Delegado Eguchi (PL)
Zeca Pirão / Úrsula Vidal (MDB)
Thiago Araújo (Cidadania)
Cássio Andrade (PSB)

Palmas (TO)

Ricardo Ayres (Republicanos)
Carlos Amastha (PSB)
Vanda Monteiro (União Brasil)
Janad Vacari (PL)

Rio Branco (AC)

Tião Bocalom (PP)
Marcos Alexandre (MDB)
Emerson Jarude (Novo)
Minoru Kinpara (PSDB)

Porto Velho (RO)

Mariana Carvalho (Republicanos)
Fernando Máximo (União Brasil)
Leo Moraes (Podemos)
Fátima Cleide (PT)
Marcelo Cruz (Patriota)
Vinicius Miguel (PSB)

Boa Vista (RR)

Arthur Henrique (MDB)
Soldado Sampaio (Republicanos)
Nicoletti (União Brasil)
Gustavo Hugo (Rede)
Ozeas Colares (Novo)

Macapá (AP)

Dr. Furlan (Podemos)
Josiel Alcolumbre (União Brasil)
Acácio Favacho (MDB)
Aline Gurgel (Republicanos)

Goiânia (GO)

Rogério Cruz (Republicanos)
Vanderlan Cardoso (PSD)
Silvye Alves / Bruno Peixoto (União Brasil)
Gustavo Gayer (PL)
Adriana Accorsi / Edward Madureira (PT)
Leonardo Rizzo (Novo)

Cuiabá (MT)

José Roberto Stopa (PV)
Abílio Brunini (PL)
Eduardo Botelho / Fábio Garcia (União Brasil)
Lúdio Cabral / Rosa Neide (PT)

Campo Grande (MS)

Adriane Lopes (PP)
Beto Pereira (PSDB)
Camila Jara (PT)
André Puccinelli (MDB)
Rose Modesto (União Brasil)
Marcos Pollon (PL)
Capitão Contar (PRTB)

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