A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (21) mais uma fase da Operação Lesa Pátria, com o objetivo de identificar pessoas que incitaram e participaram dos atos de 8 de janeiro.
Foram cumpridas medidas em relação a dez investigados: uma prisão preventiva e dez mandados de busca e apreensão, todos expedidos pelo STF (Supremo Tribunal Federal). De acordo com a PF, há ainda um mandado de prisão preventiva pendente de cumprimento.
As medidas estão sendo realizadas contra apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) das cidades de João Pessoa, Cabedelo (PB), Bayeux (PB), Mirassol do Oeste (MT) e Cáceres (MT).
Um dos alvos das buscas na Paraíba, a advogada Edith Christina Medeiros Freire teve o celular aprendidos pelos policiais federais.
Freire foi presa no dia 9 de janeiro, dia seguinte aos ataques, e liberada por decisão do ministro Alexandre de Moraes mais de dois meses depois. Ela foi denunciada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) sob acusação de incitar as Forças Armadas contra os Poderes e por associação criminosa.
À Folha o advogado Robério Capistrano, que a defende, afirmou que ainda não teve acesso à decisão judicial para conhecer os elementos que embasaram a ação policial desta terça.
A Procuradoria ofereceu a Freire a possibilidade de firmar acordo de não persecução penal, mas o advogado refuta a ideia. "O que tem de pior é reconhecer um crime que não cometeu", afirmou Capistrano.
De acordo com a PF, os fatos investigados constituem, em tese, os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido e crimes da lei de terrorismo.
Deflagrada dias após o 8 de janeiro, a Lesa Pátria se tornou permanente, com atualizações periódicas acerca do número de mandados judiciais expedidos, pessoas capturadas e foragidas.
Desde então, de acordo com a corporação, 17 inquéritos foram instaurados e foram cumpridos 88 mandados de prisão e 367 mandados de busca e apreensão.
A operação da PF desta segunda tem origem nas quatro frentes de investigação abertas após os ataques de 8 de janeiro.
Uma delas mira os possíveis autores intelectuais, e é essa frente que pode alcançar o ex-presidente Bolsonaro. Outra tem como objetivo mapear os financiadores e responsáveis pela logística do acampamento e transporte de bolsonaristas para Brasília.
O terceiro foco da investigação PF são os vândalos. Os investigadores querem identificar e individualizar a conduta de cada um dos envolvidos na depredação dos prédios da capital federal.
A quarta linha de apuração avança sobre autoridades omissas durante o 8 de janeiro e que facilitaram a atuação dos golpistas.
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