Temer diz que PEC sobre STF não é motivo de conflito e que ao Judiciário cabe julgar

Ex-presidente afirma que não há razão para crise, defendendo versão de Pacheco, presidente do Senado

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São Paulo

O ex-presidente Michel Temer (MDB) disse nesta sexta-feira (24) que "não há razão para esse conflito que se alardeia" sobre a PEC (proposta de emenda à Constituição) aprovada pelo Senado e que limita decisões individuais no STF (Supremo Tribunal Federal).

Ele defendeu a versão de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente da Casa, segundo a qual a proposta que agora será avaliada pela Câmara dos Deputados é importante para garantir a harmonia dos três Poderes.

"Trata-se apenas de questão de competência. Ao Judiciário cabe julgar", afirmou. "Agora, o poder político do país está concentrado no Legislativo."

O ex-presidente Michel Temer
O ex-presidente Michel Temer - Ronny Santos/Folhapress

A declaração foi dada durante evento na Faculdade de Direito da FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado), em São Paulo. No local, Temer e Pacheco receberam a Medalha de Honra ao Mérito Jurídico entregue pelo GCSM, entidade voltada ao universo empresarial, e o Fórum das Américas.

No evento, Pacheco chamou a reação de ministros do STF sobre a PEC que limita decisões individuais na corte de desproporcional e desavisada.

Segundo ele, o Legislativo é quem mais tem legitimidade para representar a população brasileira, e a medida teve como única intenção preservar o equilíbrio entre os Poderes.

O evento desta sexta-feira ocorreu logo após o aumento da tensão entre o Congresso Nacional e o Supremo.

Nesta quarta-feira (22), foi aprovada no Senado uma PEC para limitar decisões monocráticas do STF, em meio a um conflito entre o Congresso e a corte após decisões consideradas polêmicas. A proposta foi aprovada com 52 votos a favor, 18 contra e nenhuma abstenção. O texto segue para análise na Câmara.

No dia seguinte, o presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, e os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes criticaram a decisão.

Segundo Barroso, a mudança é desnecessária e não contribui para a institucionalidade do país. O magistrado afirmou que retrocessos democráticos começam com mudanças nas supremas cortes e que antecedentes semelhantes "não são bons".

Gilmar insinuou que a medida era autoritária, desmedida e inconstitucional. Já o ministro Alexandre de Moraes afirmou que o aprimoramento das instituições é importante, "mas não quando escondem insinuações, intimidações e ataques à independência do STF".

Depois do posicionamento dos ministros, Pacheco afirmou em pronunciamento que a proposta não é uma retaliação ao comportamento ou a decisões da corte, e que não pretendeu criar uma crise institucional entre os Poderes, mas melhorar a Justiça.

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