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É falso áudio em que Flávio Dino fala em 'arruinar a economia'

Áudio foi tirado de canal de humor no YouTube, reeditado e distribuído no TikTok e Kwai como se fosse do ministro

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São Paulo

É falso o áudio atribuído ao ministro da Justiça, Flávio Dino, no qual ele confessaria que o projeto de lei 2.630, o chamado PL das Fake News, fortaleceria o atual governo ao "controlar" ou eliminar as redes sociais e "esconder a verdade". O áudio é, na realidade, parte de uma sátira publicada em um canal de vídeos de humor político no YouTube. O conteúdo, como verificado pelo Comprova, foi usado em vídeos nas redes sociais para alimentar desinformação contra Dino.

A gravação é apresentada por um influenciador na rede social TikTok como sendo um "vazamento" de um áudio de Dino que mostraria "as reais intenções do ministro". Entre elas, estariam "aumentar o desemprego", "destruir as empresas", "falir o agronegócio", "controlar o Exército", "desmobilizar as polícias", além de "eliminar as redes sociais", já que a "verdade é inimiga" do governo.

Uma outra publicação no Kwai também reproduz o mesmo áudio adulterado com a descrição "Desgoverno luladrao Olha a conversa do home quer ir para o STF bandidos", afirmando que, entre os objetivos do governo federal estariam "arruinar a economia" e "aumentar o desemprego".

Flávio Dino, homem pardo, usa óculos e segura microfone com a mão direita. A esquerda está elevada
O ministro da Justiça, Flávio Dino, em evento em Brasília - Pedro Ladeira - 25.out.2023/Folhapress

A reportagem procurou o perito Maurício de Cunto, que apontou que o áudio tem origem em um canal de sátira no YouTube chamado "Bastidores do Brasil", que faz humor com a política brasileira.

Já Mario Gazziro, professor de engenharia de informação da UFABC (Universidade Federal do ABC), fez uma análise na qual constatou na montagem cinco trechos de silêncio com microfone por 31 vezes, o que sinaliza a existência de alterações na edição do áudio. As pausas da gravação foram adicionadas com o recurso de copiar e colar pedaços do áudio. "Fizeram um trabalho bem amador na colagem", relata o perito.

A reportagem também entrou em contato com o Ministério da Justiça e da Segurança Pública, que disse que o áudio não é verdadeiro. "Trata-se de uma tentativa grosseira de imitação e imputação de atitudes criminosas ao senador Flávio Dino" e lamentou o conteúdo falso que tem o "propósito de manchar a reputação" do político.

No começo de dezembro, em sua conta na rede social X (antigo Twitter), Dino já havia se manifestado e negado que a voz no áudio seria a dele.

"Registro a minha indignação com a campanha abjeta que estão fazendo, a exemplo dessa grosseira falsificação. A prova da falsidade é evidente, à luz do conteúdo estapafúrdio e do estilo ridículo com que o discurso é proferido."

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado deliberadamente para espalhar uma falsidade.

Os autores das publicações foram questionados pela reportagem sobre a origem do áudio. O autor que fez o post no TikTok disse que recebeu o arquivo via Telegram. Perguntado novamente sobre quem foi o usuário do Telegram que enviou o áudio, não respondeu e posteriormente a publicação já não estava mais disponível em seu perfil. Já outro autor, que publicou o áudio no Kwai, não respondeu até a publicação deste texto.

Por que investigamos

O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984. Sugestões e dúvidas relacionadas a conteúdos duvidosos também podem ser enviadas para a Folha pelo WhatsApp 11 99486-0293.

Leia a verificação completa no site do Comprova.

A investigação desse conteúdo foi feita por SBT News em 6 de dezembro pelo Comprova, coalizão que reúne 41 veículos na checagem de conteúdos virais. Foi verificada por Folha, Estadão e A Gazeta.

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