Lula ignora promessa de ignorar Bolsonaro: 'Furacão do mal', 'sem vergonha na cara', 'gente ruim'

No início de novembro, presidente disse que passaria quatro anos sem falar sobre ex-mandatário

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Brasília

O presidente Lula (PT) disse mais de uma vez que não falaria mais de Jair Bolsonaro (PL). No entanto o petista segue citando e criticando o governo do antecessor publicamente.

Nesta sexta-feira (15), em inauguração de um contorno rodoviário na BR-101 em Serra (ES), o petista elevou o tom dos ataques e chamou o ex-presidente de "facínora" e "aquela coisa", além de acusar o adversário político de "usar a fé dos evangélicos".

Antes, em 22 de novembro, Lula chamou Bolsonaro de "gente ruim" por liderar um governo que "gostava de brigar".

"Tivemos recentemente um governo nesse país que tudo que ele gostava era brigar, porque tem gente ruim que não sabe fazer política sem ter inimigo. 'Eu preciso ter um inimigo para justificar as coisas que eu faço'. Pois o Lula não quer ter inimigos, quer ter amigos", afirmou o presidente, durante cerimônia do Minha Casa, Minha Vida no Palácio do Planalto.

O presidente Lula (PT) discursa durante cerimônia do Dia da Consciência Negra, no Palácio do Planalto. - Evaristo Sá - 20.nov.23/AFP

No dia anterior, também no Planalto, o mandatário havia dado uma declaração emocionada sobre educação e cuidar das pessoas. Na ocasião, disse que "o país voltou a ser governado por alguém que tem vergonha na cara e trata os diferentes como iguais".

Lula usou ainda o termo "furacão do mal" em ambos os discursos para se referir a Bolsonaro sem citá-lo nominalmente.

As declarações ocorrem duas semanas depois de Lula dizer que não falaria mais sobre o governo de seu adversário —promessa que já repetiu algumas vezes neste ano.

"De mim, vocês vão perceber que eu vou terminar quatro anos sem falar uma vírgula do outro governo, porque, para mim, ele não existiu", afirmou o chefe do Executivo em cerimônia de sanção da duplicação de um trecho da rodovia BR-423 em Pernambuco, em 8 de novembro.

Mesmo assim, no mesmo discurso, ele declarou que encontrou o país "semidestruído" quando foi eleito.

Lula costuma criticar em seus pronunciamentos o país deixado por seu antecessor e apontar um desmonte de políticas públicas.

No final do outubro, durante live semanal, o presidente disse que houve utilização da máquina pública pelo governo passado para evitar uma derrota eleitoral e que Bolsonaro "entrou em parafuso" ao não se reeleger.

Essa é uma crítica também usada pela equipe econômica do mandatário.

"Acho que nunca se mentiu tanto porque o nosso adversário contava mentiras por segundo. A quantidade de utilização da máquina pública para tentar evitar perder as eleições foi de tamanha magnitude que, quando ele perdeu, ele entrou em parafuso", disse Lula no final de outubro, durante o Conversa com o Presidente.

"Ele se trancou dentro de casa, ficou chorando, lamentava. Tem gente que diz que tem dia que ele falava, tem dia que ele não falava. E, na verdade, ele estava preparando um golpe que era para ser no dia da minha diplomação", completou.

Lula fez referência à tentativa de invasão ao prédio da PF (Polícia Federal) e aos atos de vandalismo que resultaram em incêndios em carros e ônibus em Brasília, horas após a sua diplomação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Apesar de o presidente falar frequentemente sobre o governo anterior, são raras as menções diretas ao ex-chefe do Executivo.

Em visita às obras do novo Impa (Instituto de Matemática Pura e Aplicada) no Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, Lula voltou a se referir a Bolsonaro como "negacionista".

"As pessoas podem até dizer: 'Eu não gosto do Lula, eu não gosto do PT'. Mas tem outras pessoas para vocês gostarem. Não precisa gostar de um negacionista, de uma pessoa desse tipo. Vocês não têm noção o quanto esse país andou para trás", disse.

Em um discurso no Planalto, em junho, afirmou que o Brasil passou por um "período muito obscuro", em referência aos anos de 2019 a 2022.

Uma das únicas vezes nos últimos meses em que Lula mencionou o seu adversário de forma mais direta foi em julho, após Bolsonaro ser declarado inelegível pela Justiça Eleitoral.

"Ele [Bolsonaro] sabe o que ele fez. Se ele acertou, será recompensado. Se errou, será julgado e será punido de acordo com o erro que ele cometeu. Isso é um problema da Justiça que não passa, não mexe com a tranquilidade do governo", afirmou na ocasião.

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