Bolsonaro cita 'Dino comunista', liga Lula a Fidel e ouve vaias a Moro

Ex-presidente ainda criticou número de ministérios de petista em condecoração no Paraná

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Curitiba

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) mencionou nesta sexta-feira (15) em Curitiba a fala do presidente Lula (PT) sobre a aprovação de Flávio Dino a uma cadeira de ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).

"A gente vê agora a alegria dele, diz que está feliz que colocou um comunista. Me lembro dos discursos do Fidel Castro. Os caras sempre lutam pelo poder. Roubar a liberdade é a mais importante cartada deste povo", afirmou o ex-mandatário.

O petista afirmou na quinta-feira (14) que seu governo conseguiu colocar o primeiro "ministro comunista" no Supremo. O rótulo foi usado pela família Bolsonaro para tentar ampliar as resistências a Dino, que recebeu 31 votos contra na votação em plenário, o segundo maior número —perdendo apenas para André Mendonça.

Bolsonaro chegou no final da manhã desta sexta em Curitiba para receber o título de cidadão honorário do Paraná na Assembleia Legislativa estadual. A uma plateia de apoiadores, fez um discurso de 25 minutos sobre seu período no Palácio do Planalto, com ataques à gestão petista e à quantidade de ministérios.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após o recebimento do título de cidadão honorário paranaense, na Assembleia  do estado
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após o recebimento do título de cidadão honorário paranaense, na Assembleia do estado - Divulgação/Alexandre Gama/PL

"São 38. Ele não deve nem saber os nomes. E não dá para comparar Paulo Guedes com Haddad", disse ele. "Enquanto eu era presidente, ninguém ousava colocar em prática a liberação do aborto, a liberação de drogas, marco temporal, entre outras maldades", continuou ele.

Durante a solenidade, ainda ouviu vaias ao senador Sergio Moro (União Brasil-PR), "página virada da história do Paraná", reagiu o deputado estadual Ricardo Arruda (PL), autor da homenagem a Bolsonaro.

Outros dois políticos foram apresentados como "pré-candidato ao Senado" e "futuro senador", em referências ao deputado federal licenciado Ricardo Barros (PP), ex-ministro de Bolsonaro, e ao ex-deputado federal Paulo Martins (PL), que ficou em segundo lugar na eleição do Senado no ano passado, perdendo para Moro.

Barros e Paulo Martins estão de olho em uma eventual eleição suplementar ao Senado, se Moro for cassado pela Justiça Eleitoral.

O governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), que é aliado de Bolsonaro desde 2018 e tem flertado com a possibilidade de sair candidato a presidente em 2026 pelo campo da direita, participou da homenagem. Fez um discurso breve, de agradecimento a Bolsonaro - "Foi o presidente que mais visitou o Paraná".

O projeto de lei da cidadania honorária a Bolsonaro foi proposto no início do ano por aliados e aprovado no mês passado na Assembleia, com protestos dos parlamentares do PT. O texto acabou sancionado na sequência pelo governador.

No segundo turno da eleição para presidência, ano passado, Bolsonaro fez mais de 4 milhões de votos (62,40%) no Paraná, contra mais de 2,5 milhões de Lula (37,60%) no estado.

Bolsonaro nasceu no município de Glicério, interior de São Paulo, e após a derrota nas urnas do ano passado tem recebido homenagens semelhantes de aliados em outros estados.

No Paraná, o projeto de lei que concede o título a Bolsonaro foi proposto por um grupo encabeçado por Arruda, ligado à Igreja Mundial do Poder de Deus e um dos mais ferrenhos defensores do ex-presidente na Assembleia.

Entre os projetos de lei propostos por Arruda na Casa, estão o que estabelece a data de 20 de novembro como o "Dia Estadual do Patriota" e o que institui a Semana Estadual de Incentivo ao Estudo Bíblico. No mês passado, ele promoveu uma audiência para discutir a obrigatoriedade de vacinação contra Covid 19 para crianças a partir de seis meses até os cinco anos.

No final de outubro, o gabinete de Arruda na Assembleia foi alvo de mandado de busca e apreensão no âmbito da Operação Fração, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), braço do Ministério Público Estadual. A suspeita é de prática de "rachadinha", o que o parlamentar nega.

Na sessão solene desta sexta, políticos envolvidos na organização da homenagem admitiram que era esperado um número maior de pessoas. O plenário não lotou nem as galerias.

Após a entrega do título, o ex-presidente falou brevemente ao microfone para um pequeno público que o aguardava fora do prédio da Assembleia.

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