Número 2 do Ministério das Cidades é demitido e aliados apontam divergência por emendas

Hildo Rocha (MDB) disse que soube de exoneração pelo Diário Oficial, mas partido faz operação para abafar caso

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Brasília

O ministro das Cidades, Jader Filho, exonerou o ex-deputado Hildo Rocha do cargo de secretário-executivo da pasta. Os dois são filiados ao MDB.

Pela manhã, Hildo disse que foi pego de surpresa: "Soube da demissão pelo Diário Oficial".

O ato de desligamento do emedebista foi publicado formalmente nesta sexta-feira (12) e é assinado pelo presidente Lula (PT) e pelo ministro. O Diário Oficial trouxe, depois, uma retificação alterando o termo "exonerar" por "exonerar, a pedido".

Integrantes do governo e do MDB dizem que a demissão foi provocada por divergências entre Hildo e o ministro em relação à execução do orçamento da pasta, inclusive de recursos de emendas parlamentares e do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

O ministério, porém, lançou na tarde desta sexta uma operação para abafar a repercussão do caso. O ministério e o partido então divulgaram que Hildo saiu do cargo para assumir o posto de assessor da bancada do MDB na Câmara dos Deputados para assuntos ligados à reforma tributária, que é uma das prioridades do presidente da sigla, Baleia Rossi (SP).

O ministro das Cidades, Jader Filho, no Summit 100 dias de governo, realizado pela Abrainc em abril de 2023 - Divulgação Abrainc

Procurado, o Ministério das Cidades ainda não respondeu oficialmente qual foi o motivo da exoneração.

Ex-deputado federal pelo Maranhão, Hildo não conseguiu se reeleger na eleição de 2022. Ele então foi indicado pelo partido para ser o número 2 da pasta de Cidades, uma das mais visadas pela classe política por realizar obras nas áreas de mobilidade urbana, saneamento e habitação, inclusive o Minha Casa, Minha Vida.

O ministério também é um dos responsáveis por executar emendas parlamentares, verba que deputados e senadores destinam para projetos em seus redutos eleitorais.

Jader não nomeou um substituto para o cargo de secretário-executivo. Interinamente, a função passou a ser exercida pelo secretário adjunto, Antonio Vladimir Moura Lima.

Devido ao trânsito com o Congresso Nacional, Hildo também era uma referência para demandas parlamentares no ministério.

Membros do governo afirmam que, desde o ano passado, ele e Jader Filho tinham discussões sobre o uso de recursos da pasta. Entre os exemplos citados está a negociação de emendas parlamentares.

Ex-deputado Hildo Rocha (MDB-MA), que foi exonerado do cargo de secretário-executivo do Ministério das Cidades.
Ex-deputado Hildo Rocha (MDB-MA), que foi exonerado do cargo de secretário-executivo do Ministério das Cidades. - Pablo Valadares / Câmara dos Deputados

A disputa, segundo relatos, se deu em torno do protagonismo nas tratativas com parlamentares e também na execução das emendas, ou seja, as cidades que recebiam as verbas. Houve reclamação inclusive dentro da bancada do MDB, que esperava mais atenção a pedidos de políticos dos parlamentares. Com isso, integrantes da sigla dizem que Hildo também perdeu apoio partidário para seguir no cargo.

Além disso, os dois teriam se desentendido na divisão dos recursos do PAC. Outro motivo é que o Ministério das Cidades está entre as pastas que mais perdeu verba para 2024 e Hildo esteve à frente nas conversas com os deputados e senadores que formularam o Orçamento deste ano.

No entanto, horas após a demissão, o MDB comunicou que o ex-deputado irá exercer a tarefa de coordenar as discussões sobre a reforma tributária, cujos projetos de lei ainda serão apresentados pelo governo Lula.

Aliados do ex-secretário das Cidades afirmam que essa foi uma estratégia para evitar o desgaste do partido. No fim da tarde desta sexta, chegou a ser discutida a possibilidade de o Palácio do Planalto reeditar o ato de exoneração de Hildo para incluir que o desligamento foi feito a pedido do ex-deputado. Mas até o fechamento desta reportagem, não havia uma decisão sobre isso.

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