PF apreende computador da Abin em casa de militar que atuou na agência sob Ramagem

Defesa de esposa do militar, que é servidora da Abin, diz que equipamento apreendido era seu aparelho funcional

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Brasília

A Polícia Federal encontrou um computador do patrimônio da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) na casa de um militar durante busca para avançar na investigação sobre um esquema ilegal de espionagem na agência durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

O militar é Giancarlo Gomes Rodrigues, que foi cedido à Abin durante a gestão de Alexandre Ramagem no órgão.

Ele foi alvo de busca e apreensão em ação da PF desta segunda-feira (29) que tenta avançar na investigação sobre uma "Abin Paralela" no governo Bolsonaro. Também foi cumprido mandado de busca em endereços do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos).

Bernardo Fenelon, que é advogado de associação de profissionais da Abin e disse representar a esposa de Giancarlo, afirmou, em nota, "que o computador apreendido na casa [da] servidora pública federal da ABIN era, em verdade, o seu aparelho funcional". A defesa afirma ainda que ela não era alvo do mandado e que a apreensão de seus bens foi ilegal.

Computador da Abin apreendido pela PF em operação desta segunda-feira
Computador da Abin apreendido pela PF em operação desta segunda-feira - Dilvulgação/PF

A ação desta segunda-feira é um desdobramento das operações Vigilância Aproximada, deflagrada pela Polícia Federal na última quinta-feira (25), e da Última Milha, realizada em outubro de 2023.

Segundo a PF, as medidas desta segunda têm como objetivo "avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin".

Os investigadores afirmam que oficiais da Abin e policiais federais lotados na agência produziam essas informações "por meio de ações clandestinas" sem "qualquer controle judicial ou do Ministério Público".

Também na busca contra Ramagem, realizada na semana passada, a PF encontrou em endereços do ex-diretor um computador, um aparelho celular e possivelmente pendrives físicos de criptografia de propriedade da Abin.

Resultado parcial de investigação interna do órgão apontou que o ex-diretor geral da agência não fez o checklist patrimonial padrão de saída, assim como faltou à entrevista em que seria firmado o termo de confidencialidade sobre sua atividade no cargo.

Relatórios produzidos pela agência sob Bolsonaro e o uso do software espião FirstMile estão no centro da investigação da PF.

O programa First Mile investigado pela PF tem capacidade de obter informações de georreferenciamento de celulares. Segundo pessoas com conhecimento da ferramenta, ela não permite os chamados "grampos", como acesso a conteúdos de ligação ou de trocas de mensagem.

Além de Carlos, os policiais também investigam suposto uso da agência para favorecer Flávio e Jair Renan. Em live neste domingo (28) ao lado dos filhos Flávio, Carlos e Eduardo, Bolsonaro negou que tenha criado uma "Abin paralela" para espionar adversários.

Nesta segunda, Flávio e Eduardo reagiram à operação contra Carlos, argumentando que a ação foi ilegal e cinematográfica. O ex-presidente, por sua vez, fala em perseguição à família e que querem encontrar algo para envolvê-lo em algum crime, mas que não vão conseguir.

Carlos ainda não se manifestou sobre a operação desta segunda-feira.

Como mostrou a coluna Mônica Bergamo, da Folha, o vereador acordou com a notícia de que era um dos alvos da PF quando se preparava para passar mais um dia na praia com o pai em Mambucaba, uma vila histórica de Angra.

Ainda segundo a coluna, a casa estava vazia na manhã desta segunda-feira (29) quando a Polícia Federal chegou ao local. Bolsonaro e seus filhos haviam saído para pescar e ainda não haviam retornado.

Imagens divulgadas pela GloboNews no final da manhã mostram Bolsonaro e seus filhos do lado de fora da casa acompanhando a saída de agentes da PF que cumpriram as buscas na residência.

Além da casa em Angra dos Reis onde estavam Bolsonaro e os filhos, foram alvos da PF nesta segunda o gabinete do vereador e uma residência no Rio de Janeiro. A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e são cumpridos mandados em Angra dos Reis (RJ), Brasília (DF), Formosa (GO) e Salvador (BA).

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