Filhos de Bolsonaro falam em ato ilegal e imoral e ação cinematográfica da PF

Eles negam ter fugido de operação da Polícia Federal que cumpriu mandado contra Carlos Bolsonaro

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São Paulo

O senador Flávio Bolsonaro (PL) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) reagiram à operação da Polícia Federal que atingiu nesta segunda-feira (29) o irmão, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), em meio às investigações sobre a existência de uma Abin (Agência Brasileira de Inteligência) paralela. Eles argumentam que a ação foi ilegal e cinematográfica. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fala em perseguição à família.

O vereador Carlos Bolsonaro em imagem de 2022 - Adriano Machado/Reuters

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) também se manifestou, publicando nas redes sociais um salmo: "Nenhuma arma forjada contra você prevalecerá, e você refutará toda língua que a acusar".

Além de Carlos, os policiais também investigam suposto uso da agência para favorecer Flávio e Jair Renan. Em live neste domingo (28) ao lado dos filhos Flávio, Carlos e Eduardo, Bolsonaro negou que tenha criado uma "Abin paralela" para espionar adversários.

Carlos ainda não se manifestou sobre a operação desta segunda-feira.

Na nova ação, a PF mirou pessoas que foram destinatárias das informações produzidas de forma ilegal pela agência de inteligência do governo federal.

Segundo a PF, as medidas cumpridas tiveram como objetivo "avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin".

No gabinete de Carlos, no Rio, os agentes levaram um notebook, computadores desktop e documentos.

Relatórios produzidos pela agência sob Bolsonaro e o uso do software espião FirstMile estão no centro da investigação da PF.

Os investigadores afirmam que oficiais da Abin e policiais federais lotados na agência monitoraram os passos de adversários políticos de Bolsonaro e produziram relatórios de informações "por meio de ações clandestinas" sem "qualquer controle judicial ou do Ministério Público".

O programa espião investigado pela PF tem capacidade de obter informações de georreferenciamento de celulares. Segundo pessoas com conhecimento da ferramenta, ela não permite os chamados "grampos", como acesso a conteúdos de ligação ou de trocas de mensagem.

Um dos locais em que a PF cumpriu mandado de busca e apreensão nesta segunda (29) foi a casa do ex-presidente Jair Bolsonaro em Angra dos Reis, no litoral do Rio de Janeiro. O local entrou na lista de buscas da PF após a descoberta que Carlos estava na casa, de onde transmitiu uma live com o pai neste domingo (28).

Em destaque à frente é possível ver Bolsonaro da cintura para cima, de camiseta branca de mangas compridas, ele olha em direção à câmera. Ao fundo estão Carlos, também de camiseta branca e um agente da PF com colete, ambos olham em direção à câmera.
O ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho Carlos em casa em Angra dos Reis, acompanhados de agentes da PF, que cumprem mandado de busca e apreensão - Reprodução/GloboNews

Como mostrou a coluna Mônica Bergamo, da Folha, o vereador acordou com a notícia de que era um dos alvos da PF quando se preparava para passar mais um dia na praia com o pai em Mambucaba, uma vila histórica de Angra.

Ainda segundo a coluna, a casa estava vazia na manhã desta segunda quando a Polícia Federal chegou ao local. Bolsonaro e seus filhos haviam saído para pescar e ainda não haviam retornado.

Imagens divulgadas pela GloboNews no final da manhã mostram Bolsonaro e seus filhos do lado de fora da casa acompanhando a saída de agentes da PF que cumpriram as buscas na residência.

Eduardo Bolsonaro escreveu nas redes sociais que o mandado de busca e apreensão era tão genérico que os agentes da PF cogitaram apreender o celular dele e das demais pessoas que estavam na casa. Ele disse que o ex-assessor Tércio Tomaz, investigado como integrante do "gabinete do ódio", teve aparelhos eletrônicos apreendidos, mesmo sem ser alvo do mandado.

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Polícia Federal fez buscas na casa de Carlos Bolsonaro, no Rio de Janeiro - Reprodução/Globonews

Eduardo disse ainda que os agentes não aguardaram 30 minutos pela chegada dos advogados da família, e mantiveram a apreensão do material de Tércio.

"Esse estado de coisas não pode permanecer, não pode uma ordem judicial ter uma ampliação dessa forma. Isso é ato ilegal, além de imoral", escreveu o deputado.

Eduardo também negou que a família tenha fugido de barco ao saber da operação. Ele disse que Jair foi para o mar antes de os agentes chegarem, e que o ex-presidente e Carlos Bolsonaro retornaram quando souberam da ação.

Bolsonaro disse à coluna Mônica Bergamo que a intenção da operação desta segunda é a de "esculachar" com ele e sua família. O ex-presidente afirmou que querem encontrar algo para envolvê-lo em algum crime, mas que não vão conseguir. "Estão jogando rede, pescando em piscina. Não tem peixe", disse.

O senador Flávio Bolsonaro (PL) afirmou ao jornal O Globo que a PF fez uma "operação cinematográfica" para apreender um aparelho telefônico. "Até helicóptero pousou aqui na vila. Teve uma aglomeração na frente da casa do meu pai para apoiá-lo. É isso que o Alexandre [de Moraes] está arrumando."

Flávio disse ao jornal que saiu para pescar com o pai e os irmãos às 5h30, e que ele soube da operação quando estava dentro da água. "Eu estava fazendo uma pescaria legal. O que a PF está fazendo é uma pescaria ilegal, que não é permitida pela nossa Constituição e nem pela nossa legislação", afirmou.

O ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, saiu em defesa da família. Ele escreveu nas redes sociais que Bolsonaro saiu para pescar às 5h, antes da operação da Polícia Federal, negando que a família tenha fugido da ação.

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) se esquivaram de comentar a operação desta segunda-feira. Durante o anúncio da construção de um piscinão no Morumbi, Tarcísio foi questionado sobre a ação que atinge o governo do qual fez parte.

"Não vou comentar", respondeu. Nunes, que concorre à reeleição neste ano com o apoio de Bolsonaro e Tarcísio, tampouco comentou. "Nem sei da operação. Teve operação?", questionou.

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