Descrição de chapéu Governo Lula

Lula e Castro trocam afagos dias após acenos do presidente a Tarcísio

Presidente promete investir no RJ mais do que 'qualquer outro presidente'; aliado de Bolsonaro, governador defende trabalho em conjunto

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Magé (RJ) e Rio de Janeiro

Dias depois de trocar afagos públicos com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o presidente Lula (PT) fez nesta terça-feira (6) acenos ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL). Em evento em Magé, na Baixada Fluminense, o mandatário aproveitou para alfinetar o governador por sua proximidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Dirigindo-se diretamente a Castro, Lula disse que nenhum outro chefe do Planalto investiu tanto no Rio quanto ele e prometeu aporte ainda maior no estado, mais do que "qualquer outro presidente".

Tanto Castro quanto Tarcísio são aliados do ex-presidente e se elegeram sob pautas bolsonaristas. No evento desta terça, no entanto, Castro aplaudiu a fala de Lula e, antes, defendeu trabalho em conjunto entre os governos federal e estadual.

Lula e Castro em evento na cidade de Magé - Eduardo Anizelli/Folhapress

A troca de gentilezas ocorreu durante um evento de entrega de unidades habitacionais do Minha Casa, Minha Vida.

No palanque, Lula atacou o antecessor, sem mencionar seu nome. Defendeu uma "sociedade sem raiva, sem ódio, sem mentira, sem fake news, sem ofensa às pessoas".

"Uma sociedade em que a gente vive em comunidade da forma mais respeitosa possível. [...] E não ficar no nosso mundo, no celular, um falando mal do outro. É por isso que eu quero dizer ao governador do estado. Eu já fiz uma vez e vou fazer. Eu duvido que na história do país, um presidente da República investiu mais no Rio de Janeiro que eu investi entre 2003 e 2010. Eu voltei e vou lhe dizer que vamos investir no Rio de Janeiro mais do que todo e qualquer outro presidente já investiu", disse Lula, voltado para Castro, que o aplaudiu.

"Vamos recuperar a indústria naval desse país e vamos voltar a construir navio aqui, fazer plataforma e sonda aqui. Vamos voltar a investir no Rio de Janeiro porque esse estado não nasceu para ficar nas páginas policiais. Não nasceu para ser dominado pelo crime organizado, porque o crime organizado é uma minoria. A maioria dos cariocas é de gente decente, gente de bem, gente de família, gente de trabalhador."

Antes, Castro já havia feito acenos ao presidente durante seu discurso.

"O senhor sempre foi e continua sendo muito bem-vindo no Rio de Janeiro. As eleições definitivamente acabaram, e nós temos que trabalhar juntos e fazer aquilo para o que fomos eleitos. Gostando ou não gostando, estamos aqui e temos um compromisso maior, que é trabalhar junto para esse povo independente de coloração partidária e bandeira política", disse ele, que foi vaiado durante sua fala.

Durante o evento, Lula entregou as chaves de um dos apartamentos do conjunto residencial a uma mulher. O presidente se disse revoltado ao saber que ela ganhava apenas R$ 300 de Bolsa Família —metade do valor mínimo que uma família recebe do auxílio.

"Essa dona Ana que ganhou a casa, essa mulher tem uma mãe com mal de Alzheimer, essa mulher tinha um filho com problema e tem um neto com problema. É ela quem cuida e ganha R$ 300 por mês. Se o estado não ajudar, quem vai ajudar essa mulher?", disse Lula, que completou:

"Eu tô puto aqui porque ela não deveria estar ganhando R$ 300 do Bolsa Família. Eu vou saber por que ela está ganhando R$ 300. Ela deveria estar ganhando no mínimo R$ 600. Vou ver se aconteceu alguma coisa, Ana."

Segundo a Presidência, a mulher identificada como Ana Maria mora em uma casa emprestada com três netos e a mãe. Lula afirmou que quem recebeu a casa dos novos conjuntos habitacionais de Magé não pagarão nada pela residência.

Lula foi ao Rio de Janeiro para participar de agendas em dois redutos bolsonaristas, as cidades de Magé e Belford Roxo, ambas na Baixada Fluminense.

Na eleição passada, nesses dois municípios, Bolsonaro teve a maioria dos votos nos dois turnos contra Lula. Em Magé, o percentual do ex-mandatário na última etapa do pleito foi de 60%, ante 40% do atual chefe do Planalto.

Já em Belford Roxo, os números foram parecidos: Bolsonaro teve 60,2% dos votos, enquanto Lula conseguiu 38,9%.

As agendas também são um aceno ao eleitorado evangélico, que compõe uma parcela relevante da população das duas cidades.

Lula seguiu à tarde para Belford Roxo, cidade comandada pelo prefeito Waguinho (Republicanos), marido da ex-ministra Daniela Carneiro, demitida após pressão da União Brasil.

Em evento na cidade, o mandatário voltou a contrariar reiteradas promessas de interromper os ataques a Bolsonaro e chamou seu antecessor de maluco, aloprado e ignorante.

Ao criticar a paralisação de obras do Minha Casa, Minha Vida no governo anterior, Lula afirmou que Bolsonaro "não entendia nada, a não ser de falar bobagem, a não ser de pregar o ódio e ofender os outros".

"Parece que o maluco que governou esse país era um aloprado. Ele não entendia nada, a não ser de falar bobagem, a não ser de pregar o ódio e ofender os outros. O cara deixou morrer 700 mil pessoas nesse país dizendo que a Covid era uma gripezinha. Ignorante. Um cara ignorante como ele jamais deveria ter chegado à Presidência da República. Ele deveria ter ido para outro lugar e de lá nunca mais sair", disse.

A cidade recebeu Lula em clima de campanha. Pelas ruas, foram instalados outdoors com o rosto do presidente e frases de agradecimento e boas-vindas.

O mandatário participou da inauguração da Escola Municipal Arthur Araújo Lula da Silva —o nome da unidade é uma homenagem ao neto do presidente, morto em 2019 por uma infecção generalizada— e anunciou investimentos na área da saúde e da educação para Belford Roxo.

Lula diante de busto do neto, Arthur, na parte interna da escola em Belford Roxo - Ricardo Stuckert
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