Descrição de chapéu Governo Lula STF

Lula defende STF e diz que Musk nunca produziu um pé de capim no Brasil

Presidente cita crescimento do extremismo e volta a criticar dono do X, sem citá-lo nominalmente

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

O presidente Lula (PT) disse nesta quarta-feira (10) que Elon Musk nunca produziu "um pé de capim no Brasil" e defendeu o STF (Supremo Tribunal Federal) dos ataques do dono do X, antigo Twitter.

Foi mais um dia de reações de autoridades brasileiras às declarações do empresário. Houve manifestações também na corte. Alvos dos ataques de Musk, o ministro Alexandre de Moraes comentou o caso, afirmando que "liberdade de expressão não é liberdade de agressão".

"Temos uma coisa muito séria nesse país e no mundo que é se a gente quer viver em um regime democrático ou não. Se a gente vai permitir que o mundo viva a xenofobia do extremismo. Que é o que está acontecendo", disse.

Lula durante cerimônia de lançamento do Minha Casa, Minha Vida Entidades e Rural, no Palácio do Planalto - Evaristo Sa/AFP

"O crescimento do extremismo de extrema direita que se dá ao luxo de permitir que o empresário americano, que nunca produziu um pé de capim desse país, ouse falar mal da corte brasileira, dos ministros brasileiros e do povo brasileiro. Não é possível", completou.

Musk vem recebendo apoio de bolsonaristas, desbloqueou contas de investigados por fake news, e agora também é investigado pela Polícia Federal.

Na terça, Lula disse que bilionários do mundo precisam aprender a preservar a floresta, fazendo uma referência ao empresário.

"Hoje temos gente que não acredita que o desmatamento, as queimadas, prejudicam o planeta Terra, e muita gente não leva a sério o que significa manutenção das florestas, da vida no planeta e que não tem para onde fugir. Tem até bilionário tentando fazer foguete, viagem, para ver se encontra lugar lá fora", afirmou.

"Ele [bilionário] vai ter que aprender a viver aqui, utilizar o muito do dinheiro que ele tem para ajudar a preservar isso aqui, melhorar a vida das pessoas", completou, sem citar nominalmente Musk.

Além de dono do X e da fabricante de veículos elétricos Tesla, Musk também é fundador da Space X, que desenvolveu avanços tecnológicos como a capacidade do foguete Falcon 9 de retornar ao solo e planos de enviar os primeiros humanos a Marte.

Na segunda (8), Musk subiu o tom dos ataques e chamou Moraes de ditador. "Como @alexandre se tornou o ditador do Brasil? Ele tem Lula em uma coleira", escreveu o empresário, na rede social, junto com um emoji de risada.

Também disse que Moraes tirou "Lula da prisão" e influenciou na eleição, ecoando discurso de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e que por isso o atual mandatário não se opõe ao magistrado.

Ele foi incluído no domingo (7) como investigado no inquérito das milícias digitais por ordem de Moraes, após uma série de declarações relacionadas ao Brasil. O empresário chegou a dizer que estava derrubando restrições de sua rede impostas por decisões judiciais, além de defender que Moraes deveria renunciar ou sofrer impeachment.

Manifestações em defesa de Moraes marcaram nesta quarta o início da sessão do Supremo. O decano da corte, Gilmar Mendes, disse que o Marco Civil da Internet é "muitas vezes inábil a impedir abusos de toda a sorte".

Segundo Gilmar, "por trás da retórica nefasta de que haveria uma liberdade ilimitada no ambiente virtual, o que existe é mero interesse escuso, voltado à obtenção de rendoso lucro às custas da divulgação de inverdades com propósitos políticos cada vez mais claros".

O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, por sua vez, reiterou os argumentos de que os ataques visam a obtenção de lucro e disse que "desafortunadamente o ódio, a mentira e os ataques às instituições" geram engajamento para as redes.

Moraes agradeceu aos colegas e afirmou que "o Supremo Tribunal Federal, a população brasileira e as pessoas de bem sabem que a liberdade de expressão não é liberdade de agressão" e nem "liberdade para a proliferação do ódio, do racismo, da misoginia, da homofobia (...) e da tirania".

Em brincou: "talvez alguns alienígenas não saibam, mas passaram a aprender, e tiveram conhecimento da coragem e da seriedade do Poder Judiciário brasileiro", em uma referência aos projetos espaciais encampados por Musk.

O procurador de contas Lucas Furtado defendeu, em representação enviada ao TCU (Tribunal de Contas da União), que seja determinada a extinção de eventuais contratos mantidos pelo governo brasileiro com a Starlink, empresa do conglomerado de Elon Musk.

No documento, o procurador afirmou que a violação à soberania nacional defendida pelo dono da rede social X (antigo Twitter) seria razão suficiente para tal providência. Musk tem feito declarações em que pregou desobediência a decisões judiciais preferidas no país.

Furtado afirmou ser "pertinente que o TCU analise a possibilidade de essa rede flagrantemente antissocial ser proibida de atuar no país, haja vista seus usuários a utilizarem como meio de ataque à democracia brasileira".

Ele pediu que o TCU solicite informações do governo federal sobre a existência ou não de contratos para a eventual tomada de decisão.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.