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PGR denuncia Carla Zambelli por invasão ao sistema do CNJ

Deputada e hacker foram acusados de invasão a dispositivo informático e falsidade ideológica

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Brasília

A PGR (Procuradoria-Geral da República) denunciou a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti Neto sob acusação dos crimes de invasão a dispositivo informático e falsidade ideológica.

A investigação aberta após a invasão do sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) foi concluída pela Polícia Federal no fim de fevereiro. Ela apurava se Zambelli contratou os serviços de Delgatti com esse objetivo.

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP)
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) - Pedro Ladeira - 25.out.23/Folhapress

Em depoimento à polícia, o próprio Delgatti afirmou ter sido procurado por Zambelli para invadir um sistema da Justiça e "demonstrar sua fragilidade". A denúncia foi divulgada inicialmente pelo jornal O Globo e confirmada pela Folha.

Assinada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, a denúncia diz que Zambelli "comandou a invasão de sistemas institucionais utilizados pelo Poder Judiciário, mediante planejamento, arregimentação e comando de pessoa com aptidão técnica e meios necessários ao cumprimento de tal mister".

Já sobre Delgatti, ele diz que, sob o comando de Zambelli "emitiu documentos ideologicamente falsos, com o fim de prejudicar direitos".

A denúncia narra como Delgatti conseguiu invadir o sistema do CNJ por meio de credenciais de outros funcionários do órgão e, em 4 de janeiro de 2023, incluiu três alvarás de soltura falsos.

Além disso, inseriu no Banco Nacional de Mandados de Prisão um mandado de detenção preventiva falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), por "organização criminosa". Essa credencial forjada foi elaborada a partir do acesso a outra credencial de um funcionário do CNJ.

"A inclusão do falso mandado de prisão ocorreu a partir de uma credencial forjada, com privilégios de magistrado, criada pelo denunciado", diz Gonet.

"É nítido o objetivo de alimentar posicionamentos infundados sobre o pleito eleitoral e desdourar o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), seus magistrados e o CNJ, com isso agitando e engajando seguidores da denunciada", acrescenta.

Em agosto do ano passado, Delgatti e Zambelli foram alvos de operação da PF. A parlamentar, uma das principais aliadas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi alvo de mandado de busca e apreensão. O hacker foi preso.

Dados de transações financeiras entregues à Polícia Federal por Delgatti mostraram que pessoas próximas a Zambelli repassaram R$ 13,5 mil ao hacker.

Os dois são suspeitos de atuarem em uma trama que mirava Moraes e que resultou na invasão dos sistemas do CNJ e na inserção dos alvarás de soltura falsos.

Em nota, o advogado de Zambelli, Daniel Bialski, afirmou que a deputada "recebeu com surpresa o oferecimento da denúncia em seu desfavor, já que inexiste qualquer prova efetiva que ela tivesse de alguma forma colaborado, instigado e ou incentivado o mitômano Walter Delgatti a praticar as ações que praticou".

"A narrativa dele acusando a deputada e terceiras pessoas foi desmentida pela própria investigação, e a defesa irá exercer sua amplitude para demonstrar que ela não praticou as infrações penais pelas quais foi acusada."

Ao ser indiciada, a defesa de Zambelli também negou as suspeitas. "Ela jamais fez qualquer tipo de pedido para que Walter Delgatti procedesse invasões a sistemas ou praticasse qualquer ilicitude. Aliás, a arbitrária interpretação deduzida pela autoridade policial asseverando que a deputada tenha recebido eventualmente documentos, não evidencia adesão ou qualquer tipo de colaboração, ainda mais que ficou demonstrado que não houve qualquer encaminhamento a terceiros", disse a defesa, à época.

Já o advogado de Delgatti, Ariovaldo Moreira, afirmou após a denúncia que seu cliente "é réu confesso na invasão do CNJ, portanto não é surpresa a denúncia em seu desfavor".

"A denúncia perpetrada a Carla Zambelli só confirma que Walter falou a verdade", acrescentou o advogado.

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