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Nunes aposta na máquina e corre contra o tempo em maratona de inaugurações

Prefeito tem até o dia 5 de julho para participar do lançamento de obras públicas, segundo a lei eleitoral

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São Paulo

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) está mergulhado em uma maratona de entregas para aproveitar o que sua pré-campanha entende como sua maior vantagem em relação aos adversários na corrida pela Prefeitura de São Paulo: o controle sobre a máquina pública.

Segundo a legislação eleitoral, o emedebista tem até a próxima sexta-feira (5), três meses antes do pleito de outubro, para participar de inaugurações de obras. O desrespeito à proibição leva à cassação do registro ou do diploma eleitoral.

Um grupo de pessoas está reunido em frente a um prédio durante a inauguração do Centro de Referência e Cidadania da Casa da Mulher Cachoeirinha, em São Paulo. No centro da imagem, há uma placa comemorativa com o texto: 'Centro de Referência e Cidadania da Casa da Mulher Cachoeirinha'. As pessoas ao redor estão aplaudindo e sorrindo, e há uma mulher em cadeira de rodas à esquerda. Ao fundo, há uma placa roxa com o texto 'Casa da Mulher'.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, na inauguração do Centro de Referência e Cidadania da Casa da Mulher Cachoeirinha - Paulo Guereta/Secom Prefeitura de São Paulo

Nos últimos dez dias, Nunes participou, em média, de duas inaugurações diárias, entre entregas de equipamentos da saúde, habitação e unidades do Descomplica SP, programa que prevê a descentralização do atendimento presencial da prefeitura. O ritmo está acelerado —nas semanas anteriores, o prefeito participava de uma inauguração por dia, em média.

O último mês foi de contratempos para a pré-campanha do prefeito, pega de surpresa pela entrada de Pablo Marçal (PRTB) na disputa eleitoral. Pontuando entre 7% e 9% em distintos cenários testados pelo último Datafolha, ao fim de maio, o incluenciador ameaçou roubar o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com quem chegou a se reunir e posar para fotos.

Para manter Bolsonaro e o PL em sua coligação, Nunes teve que ceder a vice em sua chapa para o ex-comandante da Rota Ricardo Mello Araújo (PL), indicação direta do ex-presidente. Até então, o entorno do prefeito tinha a expectativa de definir o nome do vice apenas no período das convenções partidárias, ao fim de julho.

A campanha avaliava que o coronel da reserva da PM é um nome radical, que poderia afastar os eleitores moderados –o presidente Lula (PT) obteve 53% dos votos na capital no segundo turno de 2022.

Bolsonaro, porém, se manteve irredutível, e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), preocupado em estancar a ascensão de Marçal entre a direita, passou a pressionar por uma definição rápida da vice. Nunes, então, teve que dar as mãos a Mello Araújo.

No último dia 21, em inauguração da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Jardim Peri, na zona norte da cidade, o prefeito sinalizou descontentamento por ter ficado a reboque do tema, sem conseguir consolidar uma pauta mais positiva nas últimas semanas. Naquele dia, antes de Tarcísio confirmar publicamente o nome do ex-Rota para a vice do aliado, Nunes disse que o anúncio seria importante para virar a página.

"Toda hora está nesse tema. Estou inaugurando todo dia um monte de coisa, mas ninguém fala da inauguração, só fala do vice", disse o prefeito. "Não estou preocupado com vice, estou preocupado em inaugurar esse monte de equipamento que a gente tem."

Depois da tempestade, Nunes tem agora um prato cheio para aproveitar a visibilidade do cargo. A pré-campanha trata a aprovação da gestão municipal como seu principal cabo eleitoral, além de Tarcísio.

Segundo pesquisa Datafolha do fim de maio, a avaliação do prefeito é estável. Sua gestão é aprovada por 26% dos paulistanos e considerada regular por 45%. Naquele momento, Nunes aparecia com 23% das intenções de voto, empatado tecnicamente com seu principal adversário, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que tinha 24%.

Aliados afirmam que a avaliação do emedebista entre o eleitorado caminha junto com a da prefeitura. Além disso, as inaugurações em bairros da periferia são tratadas como um ativo para abrir vantagem sobre Boulos. Por isso, o prefeito corre para participar do máximo de eventos até o dia 5.

Nas últimas semanas, Nunes intensificou as publicações nas redes sociais sobre as entregas. Essas postagens costumam acompanhar a hashtag "gestaobrunocovas", sinalizando a continuidade da administração encabeçada pelo ex-prefeito Bruno Covas. O emedebista, que era vice de Covas (PSDB), assumiu a prefeitura após a sua morte, em 2021.

"Para muitos, ter um lar seguro e confortável é um objetivo de vida, e agora, esse sonho está mais próximo de se tornar realidade graças ao Programa Pode Entrar, criado pela nossa gestão #gestaobrunocovas, o maior programa habitacional que a cidade já teve", escreveu o prefeito em uma das publicações, no sábado (22).

Até o dia 5 está previsto o início das obras de duplicação da ponte Jurubatuba, do corredor de ônibus Itapecerica e do túnel Sena Madureira, na zona sul, e do corredor Amador Bueno, na zona leste. Também devem ser entregues mais quatro unidades da Vila Reencontro, serviço de moradia transitória, duas do Armazém Solidário, programa que oferece alimentos com preços mais baixos, e três UPAs (Unidades de Pronto Atendimento). A UPA 21 de junho, na Freguesia do Ó (zona norte), deve ser inaugurada na terça-feira (2).

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