É grave e precisa ser investigado com rigor, diz Tarcísio após revelações sobre Moraes

Mensagens mostram que Moraes usou TSE fora do rito para investigar bolsonaristas no Supremo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou ser grave o conteúdo de mensagens que mostram que o gabinete de Alexandre de Moraes ordenou de forma não oficial a produção de relatórios pela Justiça Eleitoral para embasar decisões do próprio ministro contra bolsonaristas no inquérito das fake news no STF (Supremo Tribunal Federal).

"Acho que é grave, acho que tem que ser investigado, tem que ser esclarecido. As pessoas, qualquer autoridade, devem satisfação à sociedade. É um caso que tem que ser apurado com todo rigor e ter as consequências necessárias", afirmou Tarcísio nesta quarta-feira (14).

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, durante entrevista

O governador comentou o caso após um ato de comemoração da Portuguesa, no centro da capital. Aliado de Jair Bolsonaro (PL), Tarcísio tem relação próxima com Moraes, que é um alvo frequente do bolsonarismo.

O chefe do Executivo paulista, inclusive, tem atuado para aparar as arestas entre o ministro e os políticos bolsonaristas, na tentativa de aliviar a tensão entre Poderes que marcou o governo Bolsonaro.

A declaração de Tarcísio ocorre no momento em que senadores e deputados federais bolsonaristas se manifestam em defesa de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) e do impeachment de Moraes.

Anunciado um dia após a reportagem da Folha, o pedido de impedimento do ministro está sendo coordenado pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE) e deve ser protocolado apenas em 9 de setembro.

Em entrevista coletiva, Girão disse que a reportagem foi a "ponta do iceberg" e que espera que outras tragam ainda mais indícios para serem incorporados à proposta.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou que o relato pode representar crime e interferência ilegal nas eleições em que o pai foi derrotado por Lula (PT).

"Se isso aqui for confirmado é uma prova de uma interferência direta do presidente do TSE dando ordem para prejudicar um candidato. Desequilibrando a disputa presidencial. Algo que já suspeitávamos. Se confirmando isso aqui, é uma prova de que houve essa interferência, pessoal, direta, criminosa", discursou Flávio no plenário do Senado. "Em se confirmando não tem como esse plenário não tomar alguma atitude."

O ex-presidente Bolsonaro republicou os vídeos do discurso do filho, apesar de não ter se manifestado diretamente sobre o caso.

As mensagens revelam um fluxo fora do rito envolvendo os dois tribunais, tendo o órgão de combate à desinformação do TSE sido utilizado para investigar e abastecer um inquérito de outro tribunal, o STF, em assuntos relacionados ou não com a eleição daquele ano.

Em vários casos os alvos de investigação eram escolhidos pelo ministro ou por seu juiz assessor.

Nos áudios, o juiz instrutor Airton Vieira demonstrou preocupação com a forma de atuação dos gabinetes do ministro. "Formalmente, se alguém for questionar, vai ficar uma coisa muito descarada, digamos assim. Como um juiz instrutor do Supremo manda [um pedido] pra alguém lotado no TSE e esse alguém, sem mais nem menos, obedece e manda um relatório, entendeu? Ficaria chato."

O gabinete de Moraes afirmou, em nota, que "todos os procedimentos foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF, com integral participação da Procuradoria-Geral da República".

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.