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Partidos apostam em cubana, 'favelada' e ex-bolsonarista para vereador em SP; conheça

Além da reeleição de suas bancadas, legendas investem em nomes inéditos como possíveis puxadores de votos

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São Paulo (SP)

Dentre uma constelação de candidatos que iniciaram suas campanhas às 55 vagas da Câmara Municipal de São Paulo na última semana, mulheres encabeçam as listas das principais apostas dos partidos. São nomes novos ou aspirantes à reeleição que eles acreditam que podem se eleger ou puxar votos, ajudando a inchar suas bancadas em 2025.

Da esquerda à direita, o novo elenco é diverso, contando com mais ou menos estrutura e verba. Inclui influenciadoras, uma pastora, uma "favelada", uma pianista, uma ex-secretária municipal, uma ex-bolsonarista e ainda a mãe de Isabella Nardoni, menina assassinada em 2008.

Conheça a lista, que considera os dez partidos com maior representação na Casa atualmente.

PL: Influenciadora cubana

Com a bênção da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, um dos principais investimentos do PL é na cubana Zoe Martínez, que se mudou para o Brasil aos 12 anos e aos 16 viralizou num vídeo criticando o comunismo. Mais tarde, virou comentarista da rádio Jovem Pan, da qual foi demitida após as investigações pelos atos golpistas de 8 de janeiro.

Hoje com 25 anos e mais de 1 milhão de seguidores, a advogada e influenciadora se apresenta como "a voz jovem de São Paulo" e quer "trazer mais segurança, transparência, inclusão e eficiência para a cidade", diz ela, depois de ser assessora dos deputados federais Sóstenes Cavalcante (RJ) e Bia Kicis (DF).

Martínez concorre ao lado da já vereadora Sonaira Fernandes, 34, outro quadro considerado forte no PL. Evangélica e antifeminista, ela já foi chamada de "Damares Alves paulista" e chegou a ser cotada como candidata a vice do prefeito Ricardo Nunes (MDB), antes da definição do coronel da reserva Ricardo Mello Araújo.

Zoe Martínez, 25, influenciadora e candidata a vereadora pelo PL em São Paulo - Ale Santos/Divulgação

PT: Jornalista e militante

Já o PT do presidente Lula neste ano está órfão de grandes puxadores de voto, como Eduardo Suplicy, que deixou a cadeira de vereador para se tornar deputado estadual nas últimas eleições. Por isso, se preocupa com a soma dos eleitores de todos os seus 56 candidatos para tentar ampliar as atuais 9 cadeiras.

Um dos nomes destacados é o da jornalista Vanilda Anunciação, 46, que nunca teve um cargo eletivo mas está no partido há três décadas, hoje na direção de formação. "Nosso lema é 'mulherar' a política. Mas não com mulher patroa, e sim mulheres trabalhadoras", afirma, acrescentando que o partido só conseguiu eleger uma vereadora na cidade em 16 anos.

Ela vem do Jardim Limoeiro (extremo leste) e, com poucos seguidores virtuais, diz apostar na campanha de rua, em decisões coletivas e em temas como cultura, infância e direitos humanos. Anunciação vai às urnas junto a Luna Zarattini, 30, suplente que assumiu como vereadora em 2022 e agora pode ter boa votação, avalia o PT.

Vanilda Anunciação, 46, candidata pelo PT e ex-chefe de gabinete da deputada federal Juliana Cardoso - Karime Xavier/Folhapress

MDB: Ex-secretária de Cultura

O MDB de Ricardo Nunes —que tem hoje a maior bancada na Câmara após uma debandada do PSDB— também não arrisca nomes pontuais, mas tem entre as suas principais opções a ex-secretária municipal de Cultura Aline Torres, 38. Ela deixou a secretaria em abril para tentar pela terceira vez um cargo legislativo.

Torres, que foi tucana em boa parte de sua carreira política, hoje é presidente do MDB Afro e líder do RenovaBR, escola de lideranças políticas. Tem como bandeira a formação da juventude periférica pela economia criativa: "Não faz sentido uma cidade como São Paulo importar mão de obra para festivais", exemplifica.

Como secretária, ela exalta ter levado eventos culturais às periferias e manter uma relação próxima com o prefeito, que nesta campanha criou a "Casa dos Vereadores", espécie de coworking para apoiar os cerca de 700 candidatos dos 12 partidos de sua aliança. Entre eles está também Paulo Frange, 72. Em seu sétimo mandato como vereador, o médico levou mais de 500 filiações ao partido ao deixar o PTB em março.

Aline Torres, 38, candidata pelo MDB e ex-secretária de Cultura da gestão Ricardo Nunes - Karime Xavier/Folhapress

União Brasil: Líder do MBL

A legenda de Milton Leite —presidente da Casa que está fora da disputa pela primeira vez em 30 anos— tem entre seus principais investimentos Amanda Vettorazzo, 36, coordenadora nacional do MBL (Movimento Brasil Livre) conhecida pelos vídeos virais contra a esquerda e respaldada pelo deputado federal Kim Kataguiri (SP).

Agora, a potencial puxadora de votos diz ter sofrido uma transformação e quer usar essa viralização para ser vista "buscando soluções, e não só apontando problemas". Rodeada de assessores, ela tem um "memeiro" que cria conteúdo digital em tempo real e voluntários espalhados por todas as subprefeituras.

Mostra ainda um longo "plano de vereança" encadernado, que inclui propostas de revitalização do centro inspiradas em Buenos Aires e Nova York, onde já foi bailarina de circo. Vettorazzo disputará internamente com a pastora Sandra Alves, 57, bastante citada no partido e vereadora em Boituva (SP). Já a influenciadora Luisa Mell, nome aventado no União, disse que está fora da disputa.

Amanda Vettorazzo, 36, candidata pelo União Brasil e coordenadora nacional do MBL (Movimento Brasil Livre) - Danilo Verpa/Folhapress

PSOL: 'Favelada' e ativista

O PSOL é outro que não tem puxadores de voto, mas espera que Guilherme Boulos, candidato à prefeitura, dê visibilidade a seus candidatos. Ao lado dele frequentemente está a ativista de direitos humanos Keit Lima, 33, que não conseguiu se eleger em 2020 nem em 2022, mas desta vez diz contar com mais apoio da legenda.

"Uma cidade boa para a Brasilândia é uma cidade boa para Pinheiros", defende ela à beira de um córrego na região da zona norte, onde mora com a mãe. "Quem melhor do que quem sente a desigualdade na pele para fazer política?", argumenta, se identificando como "preta, favelada e nordestina" e acrescentando que sua pauta central será destinar mais orçamento às comunidades.

Nascida no Recife, a candidata começou atuando em movimentos sociais e foi a primeira da família a se formar, em direito e administração. Também atuou em projetos sociais como Educafro e Gerando Falcões. Vai concorrer junto a Débora Lima, 37, liderança do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) também apadrinhada por Boulos.

Keit Lima, 33, candidata a vereadora pelo PSOL e ativista dos direitos humanos - Danilo Verpa/Folhapress

Outros: Mãe de Isabella e ex-bolsonarista

O Podemos pretende puxar votos com Ana Carolina Oliveira, 40, mãe de Isabella Nardoni que soma 1,4 milhão de seguidores do Instagram e tem entre suas pautas a proteção a crianças, mulheres e vulneráveis. Conta ainda com o nome da ex-deputada federal Joice Hasselmann, 46, hoje tratada como traidora por bolsonaristas.

Já o PSD presidido por Gilberto Kassab, que hoje tem o mesmo número de cadeiras do PL na Câmara (6), tem como nova aposta a pianista clássica Juliana D’Agostini, 37, que implementou escolas de música na periferia. Também quer a reeleição do veterinário Rodrigo Goulart, 39, hoje em seu segundo mandato.

O PSB de Tabata Amaral, por sua vez, prometeu chegar a 50% de candidaturas femininas, mas só lançou 35%, entre elas a jornalista e ciclista Renata Falzoni, 70, e a advogada e ativista Mayara Torres, 29.

O PP, décimo partido com mais cadeiras atualmente, tem Janaina Paschoal, 50, parlamentar mais bem votada da história em 2018, mas que não conseguiu chegar ao Senado em 2022.

Também procurado, o Republicanos do governador Tarcísio de Freitas afirmou que quer ampliar sua bancada de atuais três para cinco cadeiras e que aposta no grupo para atingir um bom quociente eleitoral. O PSDB, que teve o maior número de eleitos em 2020, não indicou seus principais candidatos.

Ana Carolina Oliveira, 40, mãe de Isabella Nardoni e candidata a vereadora pelo Podemos - Reprodução/TV Globo
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