Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
08/11/2010 - 08h47

'Não é hora de falar de política brasileira', diz Serra na Europa

Publicidade

VAGUINALDO MARINHEIRO
ENVIADO ESPECIAL A BIARRITZ

José Serra, candidato derrotado na eleição presidencial do último dia 31, afirma que agora não é hora de falar de política brasileira.

Passada apenas uma semana desde o segundo turno, afirmou à Folha que é o momento de descansar dos sete meses de campanha.

Acompanhe a Folha Poder no Twitter
Comente reportagens em nossa página no Facebook

É para isso que está na Europa. Passou o fim de semana em Biarritz (litoral francês) e fica mais uns dez dias no continente.

Ele não diz, mas, ao evitar os assuntos políticos, busca não alimentar agora a discussão interna do PSDB sobre culpados pela derrota para Dilma Rousseff (PT).

Divulgados os resultados, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, afirmou que foi um erro esperar até março para definir o candidato tucano (decisão que partiu de Serra).

Em Biarritz, o ex-governador de São Paulo participou de seminário sobre relações entre América Latina e Europa, realizado quinta e sexta.

Diz que foram delirantes os relatos de seu discurso no final do evento. Foi reportado que ele criticou o governo Lula, que estaria fechado para o mundo e promovendo a desindustrialização do país.

Serra afirma que sua fala, feita de improviso, em espanhol, fazia uma análise histórica da América Latina, não uma crítica direta a esse ou àquele governo.

Na palestra, alguém da plateia gritou "por qué no te callas?". Segundo o tucano, era uma mexicana partidária dos zapatistas, movimento guerrilheiro que lutava contra a globalização e a favor da distribuição de terras para os indígenas do sul do México.

A Folha conversou com Serra no voo que o levou de Biarritz a Paris. Ele só aceitou falar de economia, principalmente a mundial. Mas tratou um pouco de Brasil. Falou de juros "escandalosos" e "galopante gasto público".

Serra, que viaja com o filho, Luciano, parece mesmo cansado, mas não triste. Mantém o hábito de pontuar suas falas com anedotas.

Leia trechos da conversa.

Moeda desvalorizada

O Brasil entrou na guerra cambial em desvantagem: com a moeda já sobrevalorizada e juros escandalosos, o que pressiona ainda mais o real para cima.
O gasto público galopante e o deficit nas contas correntes, também galopante, atrapalham ainda mais.
A única solução para o Brasil é fazer um bom diagnóstico de sua situação macroeconômica e planejar. Mas o Brasil está num momento de pouco planejamento econômico.

Campanha

Seria importante discutir assuntos mais sérios durante a campanha eleitoral. Temas da economia profunda. Mas eles são evitados porque todos creem que ficaria incompreensível para a maioria.

China

A China não irá de uma hora para outra valorizar sua moeda para ajudar o Brasil. O governo chinês fará um ajuste, mas com a elevação do salário de sua população.
Isso irá aumentar o consumo interno, e o superavit nas exportações deve cair, o que é bom para os demais países.
O que a China quer do Brasil e da África é matéria-prima.

Reservas e investimento

O Brasil gasta muito para manter e ampliar suas reservas. Se você investe em estradas, sabe o efeito que dá. Se gasta com reservas, não.

Europa

A Europa está com um problema enorme porque não pode fazer política monetária, só fiscal. Com os países usando uma mesma moeda, fica difícil. Perde-se um instrumento muito importante para lidar com as crises.

Futuro

Não é hora de falar disso. Após sete meses de campanha, é hora de esfriar a cabeça, ler jornal, descansar.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página