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'Não tem nada mais socialista do que uma mãe', diz Lula
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MATHEUS MAGENTA
FÁBIO GUIBU
ENVIADOS ESPECIAIS A SALGUEIRO (PE)
A 17 dias de deixar o cargo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que governou o Brasil "como se fosse uma mãe", sem distinguir o partido político de governadores nos repasses e investimentos do governo federal nos Estados.
"Eu governo como se fosse uma mãe. Não tem nada mais socialista do que uma mãe. Uma mãe pode ter dez filhos. Ela pode ter um mais bonitinho, um mais feinho, mas uma mãe gosta de todos em igualdade de condições."
Em tom de despedida, ele disse que não vai "se esconder" depois que sair da Presidência e continuará andando pelo país "levantando problemas" e "acumulando conhecimento".
As declarações foram feitas na tarde desta terça-feira (14) durante entrega em títulos de cessão de uso de casas em vilas produtivas em Salgueiro (PE). As casas são destinadas a donos de áreas desapropriadas por causa da transposição do rio São Francisco.
"Ora, se quando eu perdia [as eleições presidenciais em 1989, 1994 e 1998] eu não me escondia, por que eu vou me esconder agora que eu ganhei?", afirmou.
Ele disse ainda que deixa o governo com a consciência "tranquila, alegre e feliz" porque "não teve nenhum momento do meu mandato que eu tive medo com conversar com qualquer cidadão brasileiro".
Lula aproveitou para criticar a oposição ao dizer que "a elite que governou este país conhecia teoricamente este país, mas não conhecia na prática a alma desse povo".
Em seu discurso, de quase 15 minutos, Lula afirmou que deve ir a Fortaleza para lançar a pedra fundamental de uma refinaria para deixar os "coronéis cearenses mais nervosos". Ontem, em Missão Velha (CE), ele agradeceu à plateia por não ter reeleito o senador e desafeto Tasso Jereissati (PSDB-CE).
Durante o evento, Lula abraçou, beijou, posou para fotos e entregou pessoalmente mais de 90 títulos aos novos moradores ao longo de 50 minutos.
O presidente ainda cantou parabéns para a filha de um deles e brincou com o cortador de granito Vicente Amâncio de Souza, 67, que também não tem um dos dedos da mão, como ele.
Lula recebeu de presente de uma moradora um pote de barro com "toda a saudade que vai deixar" para a população de Pernambuco.
Em Salgueiro, Lula sobrevoou as obras da ferrovia Transnordestina e da transposição do rio São Francisco. Em seguida, ele participou do anúncio de implantação da nova fábrica da Fiat em Pernambuco.
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