Fabricantes de caminhões conectam frotas e se preparam para automação

Fase atual é de adequação das leis e de aprimoramento da segurança

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Tóquio (Japão)

Fabricantes de veículos de carga e empresas de transporte conectam suas frotas e se preparam para a eletrificação e a automação. Essas ações, que demandam altos investimentos em indústria e serviços, começam a transformar o setor de entregas urbanas.

A divisão de caminhões do grupo Volkswagen aplica R$ 4,7 bilhões globalmente em tecnologias que reduzirão as emissões de poluentes. No Brasil, a montadora fornecerá 1.600 caminhões elétricos para a Ambev, que serão entregues até 2023. A empresa de bebidas já utiliza alguns desses veículos.

Essa solução deve chegar em breve a vans de diferentes marcas, que mudarão a forma como mercadorias são entregues nos grandes centros urbanos.

Por rodar em silêncio, elas poderão operar na madrugada, a depender de leis municipais. Já o diesel deverá se restringir ao transporte rodoviário de longa distância.

 
Caminhão autônomo Scania AXL
Caminhão autônomo Scania AXL não tem cabine para motorista ou passageiro - Divulgação

Serviços básicos também podem aproveitar a eletromobilidade para aumentar a eficiência. Caminhões das empresas de limpeza urbana são um bom exemplo, pois se beneficiariam da própria caraterística de uso.

O anda e para durante o processo de recolhimento do lixo colabora com a recarga das baterias, que recuperam energia cada vez que os freios são acionados.

Enquanto as novas alternativas ainda fazem parte do futuro, as empresas oferecem sistemas de gerenciamento de frotas para racionalizar o transporte por meio da conectividade. 

O negócio começa a ser lucrativo no setor de transporte, com soluções que prometem reduzir custos operacionais e dar agilidade.

O grupo PSA Peugeot Citroën batizou sua solução de Connect Fleet. A ferramenta online monitora a rotina de caminhões e vans e cruza dados para verificar o quanto está sendo gasto de combustível e as condições mecânicas do veículo.

Pablo Averame, vice-presidente da área de veículos conectados do grupo PSA, afirma que o sistema é capaz de diagnosticar a forma como o motorista acelera, freia e faz curvas. A partir daí, indica mudanças em prol da eficiência. Hoje, a ferramenta tem cerca de 300 mil veículos de diferentes marcas conectados no mundo.

O sistema Rio, apresentado pela Volkswagen Caminhões e Ônibus, também faz gerenciamento de frotas e envia relatórios de eficiência. 

Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas da empresa, afirma que o uso da conectividade levou a uma redução de 28% no consumo de combustível dos veículos utilizados por uma rede de drogarias São Paulo.

De olho no próximo passo, o Connect Fleet oferece suporte para empresas que pretendem entrar na onda dos elétricos. Porém, esse serviço não é oferecido no Brasil. “Eletrificação é um processo muito caro, será difícil repassar esses custos aos clientes”, diz Pablo.

 

As novas tecnologias de conectividade têm a realidade do Brasil como barreira. Para receber sistemas de gerenciamento online, os veículos precisam ter entradas adequadas à instalação dos aparelhos de monitoramento. Ou seja, têm de ser produzidos a partir dos anos 2000.

De acordo com a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), cerca de 230 mil dos 2 milhões de caminhões em circulação no Brasil foram fabricados há mais de 30 anos. Para ser plenamente implementada, a conectividade depende de um programa de renovação.

A última fronteira será a dos caminhões autônomos, que começam atuar em espaços controlados, a exemplo de áreas de mineração.

As tecnologias já existem, a fase atual é de adequação de leis e aprimoramento da segurança para que, na próxima década, veículos sem motoristas sejam usados na entrega de mercadorias.

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