Pagamento digital de ônibus em São Paulo dispensa bilhete único, mas serve para poucos

Tecnologia começou a ser adotada em Londres, em 2012; Jundiaí é pioneira na América Latina

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São Paulo

Doze linhas de ônibus da cidade de São Paulo passaram a aceitar pagamento por aproximação de cartões, celulares e smartwatches no mês passado, em um projeto-piloto que terá duração de três meses —ou até atingir 500 mil usuários.

O método é um alívio para quem está de passagem pela cidade, ou para quem não usa o sistema público com frequência. Hoje, para conseguir um bilhete único, é preciso fazer um cadastro pelo site, com foto, e retirar o cartão em um dos 30 postos de atendimento da cidade —27 deles são 24 horas.

A tecnologia não é novidade no mundo nem no país. A primeira cidade a implementar o sistema foi Londres, em 2012. Jundiaí, no interior do estado de São Paulo, foi pioneira na América Latina. Desde 2017, toda a frota da cidade, que atende mais de 100 mil usuários, opera com a tecnologia.

Ilustração de ônibus e carros em avenida
Herman Tacasey

“Isso faz com que o transporte coletivo não exija um crédito restrito dentro de um cartão que só tem essa utilização”, diz Guillermo Petzhold, especialista de mobilidade urbana do instituto de pesquisa WRI Brasil.

Para ele, um dos pontos mais relevantes da implementação do método é a possibilidade de integração com outros modais. Em países como a Finlândia, exemplifica, a tecnologia integra metrôs e ônibus com serviços como patinete e bicicleta. Nesse sistema, o passageiro não precisa realizar múltiplos pagamentos.

Claudio Marte, professor do departamento de engenharia de transporte da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, afirma que o cartão vem sendo utilizado como uma mídia integradora de pagamentos. “Desde que surgiram novos modais de transporte, começou a necessidade de pagar de maneira mais rápida”, afirma.

Para Pedro Somma, diretor de relações institucionais da Quicko, startup brasileira de mobilidade, a inovação é uma forma de atrair novos usuários ao sistema público.

Mas não é o caso desse método de pagamento, de acordo com Luiz Renato Muno de Mattos, diretor-executivo e cofundador da OnBoard Mobility, startup que desenvolve soluções para recarga online de cartões de transporte coletivo.

“O Brasil ainda é um país em que poucas pessoas têm acesso a cartões”, diz. “Além disso, não é todo cartão bancário que é compatível com a tecnologia”. Para funcionar, os cartões, de crédito ou de débito, devem apresentar um símbolo semelhante ao do wi-fi. As bandeiras Mastercard e Visa já são aceitas e a bandeira Elo está em processo de inclusão.

Em Londres, exemplifica Mattos, mesmo com a adoção dessa tecnologia, o cartão de transporte ainda é muito relevante porque os benefícios são maiores.

É o caso do desconto nas passagens em integrações entre ônibus e metrô ou entre ônibus, possível com o bilhete único em São Paulo, mas ainda fora dos testes do novo método.

Segundo a SPTrans, a escolha das linhas foi feita para atender um grande número de passageiros. Juntas, elas concentram 2,9 milhões de usuários por mês.

As ações para implantar o novo sistema de pagamento de forma definitiva serão traçadas apenas depois da fase de testes. Não há previsão das próximas etapas.

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