Descrição de chapéu Câncer de Mama câncer

Cisto na mama, comum entre mulheres mais velhas, é diferente de tumor maligno

Alterações benignas costumam surgir antes da menopausa e não representam risco maior de desenvolver câncer

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Karina Pastore
São Paulo

Foi um baita susto. Recentemente, a advogada Patricia de Souza, 52, estava no banho quando sentiu um caroço na mama esquerda. Ela entrou em pânico. Imediatamente lhe veio a lembrança da angústia de 2016, quando foi diagnosticada com um câncer de mama raro, chamado doença de Paget.

Como acontece com a maioria das pacientes, começou com uma coceira no mamilo. Era verão, e ela estava na praia. "Deve ser por causa da areia, da água do mar ou do biquíni", imaginou. Não era.

A advogada Patricia de Souza, 52, descobriu recentemente um cisto na mama
A advogada Patricia de Souza, 52, descobriu recentemente um cisto na mama - Bruno Santos/ Folhapress

O comichão evoluiu para irritação. De volta a São Paulo, Patricia passou por mamografia e ultrassonografia. O mastologista, de um dos mais respeitados hospitais paulistanos, não encontrou nada. Mais exames foram pedidos e, de novo, o médico não viu nada. Deve ser uma dermatite de contato, disse ele.

A advogada usou medicamentos, mas a lesão não regredia. Ao contrário. Seu mamilo esquerdo ficou em carne viva. "Um dia, saiu uma gosma nojenta, com um cheiro horroroso". Ela, então, decidiu seguir sua intuição. Se o que tinha era uma doença de pele, procurou um dermatologista. Só então, a pedido dele, foi feita uma biópsia. Era câncer.

Da coceira na praia até o diagnóstico da neoplasia maligna foram dez meses, mas a advogada teve sorte. O câncer foi descoberto ainda restrito à área do mamilo, o que a livrou de mastectomia radical. Patricia precisou extirpar apenas o tecido doente, em uma quadrantectomia central, e passar por radioterapia.

Foi desse calvário que ela se lembrou quando apalpou o caroço na mama esquerda.

"Passei uma semana do cão. Estava muito, mas muito apreensiva", conta. Na consulta com sua mastologista, ela soube que o tal nódulo não era câncer, mas um cisto oleoso. Patricia nunca sentiu um alívio tão grande na vida.

O medo é frequente entre as mulheres que descobrem qualquer nódulo mamário, mas é preciso ter calma.

"Cistos não evoluem para câncer e não trazem às pacientes risco aumentado para câncer", explica a mastologista Fabiana Makdissi, do A. C. Camargo Cancer Center.

São alterações benignas, muito comuns no envelhecimento feminino. Resultado de anos de estimulação hormonal, tendem a aparecer antes da menopausa.

Do ponto de vista estrutural, os cistos são preenchidos por líquido enquanto os tumores são uma maçaroca de células doentes, proliferativas.

Não há tratamento para os cistos mamários. Quando incomodam a paciente, diz Fabiana, podem ser aspirados. Se é antigo, apareceu e reapareceu muitas vezes, tantas que já apresenta uma cápsula grossa, até pode exigir cirurgia, mas isso é muito raro.

Os alertas para que ninguém se desespere quando encontrar algum nódulo mamário, porém, não representam um "liberou geral". A mulher deve estar atenta às alterações de seu organismo.

"Por isso, o autoconhecimento é fundamental", diz Fabiana. Se o nódulo se forma e cresce rapidamente, é indicado procurar um médico. A recomendação vale inclusive para quem já passou por exames e ouviu que não havia motivo para preocupação.

Foi o que salvou um paciente de Fabiana. A moça sempre teve muitos cistos, puncionando vários deles, inclusive. Funcionária da Cruz Vermelha, ela estava no Qatar, quando desconfiou de um caroço.

Antes de viajar, ela havia passado em consulta com Fabiana, e estava tudo bem. Mas algo estava estranho e ela telefonou para a médica.

"Sinto que alguma coisa está diferente", disse. A mastologista indicou que ela fizesse imediatamente uma ultrassonografia. Veio o diagnóstico de câncer. Detectada em estágio inicial, a doença foi debelada.

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