Selva urbana invade quartos infantis para tentar desconectar as crianças

Estilo que usa matérias-primas naturais, artesanato e muitas plantas marca os novos projetos

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Yara Guerchenzon
São Paulo

Trabalho artesanal, plantas e muitas outras referências à natureza são a tônica dos novos quartos infantis, apresentados na Casa NaToca, mostra carioca que estreia neste ano em São Paulo.

Os 28 espaços montados retratam um clima algo vintage, que tenta manter a criança afastada dos eletrônicos, ao menos no próprio quarto. 

Sob o tema Edição Botânica, a exposição recria uma casa incluindo áreas de convívio, lazer e descanso, com filtro de barro na cozinha e nenhuma TV à vista. 

A natureza é a estrela. Além das plantas, aparece em estampas de papel de parede, quadros, tapetes e intervenções artísticas “que remetem a uma vida mais livre”, segundo Simone Raitzik, uma das idealizadoras da mostra.

Peças de crochê e macramê surgem em cestos, brinquedos, pufes, almofadas e poltronas pendentes. Essas, por sinal, são soluções fáceis de reproduzir em casa, e as crianças amam.

Guto Amorim, da Grão Arquitetura, que participa com um quarto projetado para uma menina e seu irmão recém-nascido, diz que há uma tendência geral na decoração de interiores, estendida aos ambientes infantis. “Matérias-primas naturais e madeiras claras se combinam a vasos de plantas, objetos que contam a história da família e a tons terrosos, rosados e verdes”, descreve.

Nos quartos das crianças, camas altas ou um mezanino têm forte presença, tanto pelo lado lúdico como pela questão do espaço. “Os quartos são cada vez menores, essas camas liberam a parte inferior para brincar e guardar brinquedos”, diz Amorim.

A jornalista Isabela Caban, também idealizadora da mostra, sugere que as salas de convívio da família, a brinquedoteca e os próprios quartos reservem um canto para a mesinha de atividades. “O móvel já pode ter potes de lápis de cor embutidos no tampo e uma bobina de papel acoplada. Essas mesinhas instigam a criança a puxar a folha e a rabiscar e desenhar livremente, com autonomia”, diz.

A arquiteta Paula Neder, que assina o Ateliê Botânico, aponta os bordados à mão com motivos de folhas como uma ideia fácil de reproduzir.

“Podem estar em almofadas, quadros e objetos, trazendo um toque artesanal.”

No lugar da marcenaria fixa, aparecem com força nos novos projetos os móveis soltos, que permitem mudanças rápidas no layout e são fáceis de transportar, como aponta a arquiteta Cris Passos. Ela destaca também os papéis de parede e tecidos de estampas orgânicas, grandes e coloridas.

Outra proposta em alta, tanto para adultos quanto para pequenos, é o estilo “urban jungle”. A arquiteta Beatriz Quinelato usou uma cabeça de leão de pelúcia presa à parede, pintada com motivo de selva, no ambiente projetado para a exposição. “A aproximação com a natureza dá sensação de tranquilidade”, diz ela, que investiu em cestarias de palha natural e trabalhos manuais.

Uma saída simples é criar um cantinho de leitura deixando livros à mão em prateleiras baixas, com capas viradas para a frente, para facilitar a escolha. Revisteiros e futons completam a ideia e aumentam o conforto.

Para quem reforma a casa, a sugestão é aproveitar o piso cerâmico e criar uma amarelinha no caminho, propondo a brincadeira à moda antiga.

Casa NaToca/Edição Botânica
De quarta a domingo, das 13h às 20h, até 13/10, na av. Brigadeiro Luís Antônio, 4.919, Jd. Paulista,  São Paulo. R$ 30 (há meia-entrada)

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