Conheça seis projetos que criaram áreas verdes em lares urbanos

Confinamento imposto pela pandemia fez o paulista valorizar como nunca os espaços ao ar livre

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São Paulo

O confinamento imposto pela pandemia de Covid-19 fez o paulista valorizar como nunca as áreas ao ar livre. Segundo estudo do Grupo Zap, a procura por imóveis do tipo cobertura à venda aumentou 1.659% entre maio e outubro de 2020.

“Os novos condomínios do interior de São Paulo também foram sucesso de vendas e há dezenas de casas sendo construídas no Alto da Boa Vista, na zona sul de São Paulo. Certamente as construtoras vão prestar mais atenção a essa nova demanda nos próximos projetos”, avalia o arquiteto Guto Requena.

Embora a valorização das áreas externas não seja um fenômeno recente, a pandemia deixou nele a sua marca.

Segundo Luiza Loyola, do birô de tendências WGSN, as casas ficarão cada vez mais parecidas com os destinos de férias. “Como não voltaremos a viajar tão cedo, as pessoas querem ter em casa aqueles recantos bonitos das pousadas, o jardim para fazer piquenique, a espreguiçadeira cercada de plantas.”

E não faltam recursos para transformar varandas e terraços em gostosos espaços de convivência. Confira:

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Saudação ao Sol

O quintal do apartamento onde vive a arquiteta e paisagista Gabriella Ornaghi sempre foi bastante usado, mas ficou ainda mais caprichado durante a quarentena.

“Replantei tudo para que pudéssemos usar mais a área externa”, diz Ornaghi, que divide o apartamento com os dois filhos pequenos e a irmã.

O terraço, com painel de azulejos da artista plástica Calu Fontes, tem uma particularidade: por ocupar a porção interna do prédio, a insolação muda completamente conforme a estação do ano.

Por isso, a proprietária optou por ter suas plantas em vasos. “Quando a posição do sol muda, basta transferi-los de lugar”, explica.

Nos espaços mais ensolarados, ela põe cactos e filodendros. Nos sombreados, ficam a costela-de-adão e a renda portuguesa. Há até espécies comestíveis: inhame e gengibre.

A mesa de jantar acompanha o vaivém. Embora o móvel more na sala, é levado para o quintal nos fins de semana, onde a família prefere fazer as refeições.

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Terraço abrigado da chuva

Localizado nos fundos da casa de condomínio, no bairro de Pinheiros, o jardim se tornou uma das áreas mais usadas durante a pandemia.

Entre árvores e canteiros, o casal de moradores, que passou a trabalhar em home office, relaxa nos intervalos —a grama sintética facilita o trânsito do cachorro de estimação.

Mas o recanto coberto, sob telhas metálicas, não era dos mais aproveitados.

“Não era um lugar gostoso de ficar e molhava sempre que chovia”, conta a arquiteta Roberta Iervolino Giglio, do escritório Figa Arquitetura, que transformou o espaço.

Além de preencher o ambiente com sofá, poltronas confortáveis e uma lareira suspensa, que funciona a gás, a arquiteta resolveu o problema do incômodo causado pela chuva e pelo vento.

O toldo vertical motorizado, instalado pela Casa Mineira, é confeccionado em tecido cristal, um PVC transparente espesso que tem aparência de vidro quando está fechado.

A peça de 3 m x 2,80 m custa a partir de R$ 3.200, na versão com acionamento manual.

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Ao redor do fogo

Projetada pelas arquitetas Paula Passos e Danielle Dantas, da Dantas & Passos Arquitetura, a cobertura dúplex no bairro do Panamby, zona sul de São Paulo, é um verdadeiro complexo de lazer.

O casal, que vive com os dois filhos adolescentes, tem piscina, sala de jogos, home theater, sala de música, adega e churrasqueira.

Nas noites frias, um dos recantos mais disputados é o deque ao redor da lareira ecológica, que funciona com álcool de cereais —dentro dela, há pedras decorativas.

Fabricada pela Construflama, a peça tem tanque duplo de inox revestido com manta cerâmica e pode ser instalada até mesmo em ambientes cobertos, sem necessidade de coifa. Custa a partir de R$ 3.400. Ao redor da lareira, o sofá ganhou almofadas de tecido náutico, resistente à chuva e aos raios solares. O paisagismo é da Miti Garden.

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Canto convidativo

A reforma da casa no bairro do Brooklin, zona sul paulistana, assinada pela arquiteta Pati Cillo, já estava praticamente pronta.

Aí veio a pandemia, e os moradores, um casal com dois filhos pequenos, concluíram que faltavam recantos mais agradáveis para relaxar. Com espreguiçadeiras, bancos, futons e um balanço, a arquiteta arrematou o projeto e o deixou na medida ser usado no dia a dia.

A parede verde, instalada pela paisagista Catê Poli, é de plantas naturais. Vasos plásticos são pendurados em uma tela, parafusada na parede do fundo, previamente pintada de preto e impermeabilizada.

Um sistema de irrigação rega cada vaso individualmente e garante que as plantas estejam sempre verdinhas.

Para os vasos do alto, que recebem insolação direta, Poli escolheu aspargos pendentes, liríopes verdes e barbas-de-serpente. Na parte de baixo, mais sombreada, fica a hera inglesa. O custo da parede verde, segundo a paisagista, é R$ 1.400 o m².

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Jardim perene

Os moradores, um casal de idosos, trocaram a antiga casa por um apartamento, mas faziam questão da presença de uma área verde no novo lar.

A solução proposta pela arquiteta Marina Carvalho foi instalar um jardim vertical na varanda. “Escolhi as plantas preservadas para que eles não tivessem um pingo de trabalho com a manutenção.”

Fornecidas pela Svetlana, as plantas preservadas são espécies naturais que passam por tratamento químico —aplicação de um produto conservante e de uma camada de tinta deixa as folhagens com aparência idêntica à original, com a vantagem de que não murcham e dispensam regas.

Como não podem ser expostas à água, são indicadas apenas para ambientes internos, inclusive com ar condicionado, e só exigem uma manutenção anual, oferecida pela própria Svetlana. Já instalado, o jardim vertical custa, em média, R$ 1.500 o m².

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Pergolado verde

A cobertura no 15º andar sofria com muito sol, vento em excesso e falta de privacidade, problemas que o pergolado do projeto paisagístico das arquitetas Bianca Vasone e Gabriella Ornaghi resolveu de uma só tacada.

Barras galvanizadas maciças com pintura eletrostática, executadas sob medida pelo serralheiro, compõem uma estrutura leve que serve de guia para duas plantas nativas da mata atlântica.

A trepadeira-banana, espécie que não se encontra em lojas, fecha a estrutura na vertical, enquanto o pé de maracujá, que já dá flores e frutos, cobre a trama na horizontal. “A proprietária do apartamento adora plantas comestíveis. Além do maracujá, ela tem uma jabuticabeira, ervas e até produz o próprio adubo na composteira”, conta Gabriella.

Por alterar a fachada original do prédio, os moradores precisaram obter autorização do condomínio para a obra.

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