Marcas valorizam carro usado em busca de cliente fiel

Peugeot promete pagar 100% do valor de tabela na troca, mas plano exige manutenção e não permite negociar taxas

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São Paulo

A Peugeot causou surpresa ao anunciar um plano de financiamento para o novo 208. A montadora promete pagar 100% da tabela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) na recompra do carro caso o cliente opte por continuar na marca.

A oferta da montadora mostra a consolidação dos planos de fidelidade, que começaram a ganhar força em 2018. As marcas aumentam a valorização dos usados para segurar seus clientes, que andam assustados com os seguidos aumentos de preço dos modelos zero-quilômetro.

Mas, claro, há as letras miúdas do contrato, e o consumidor precisa ficar atento.

Carro branco em pista com céu azul ao fundo
Novo Peugeot 208, que chega ao mercado com plano que promete pagar 100% da tabela Fipe - Divulgação

Planos como o apresentado pela Peugeot têm características semelhantes. O comprador dá uma entrada e divide parte da dívida em prestações mais baixas do que nos financiamentos convencionais. Porém, sobra uma parcela de maior valor para o final.

A taxa de juros é prefixada e não permite negociação.

No caso do Peugeot 208 Active (R$ 75 mil), o comprador precisa desembolsar R$ 35 mil e parcelar a diferença em 30 vezes de R$ 1.090, restando aproximadamente R$ 20 mil para a parte final.

Quando chega a hora de pagar essa última fatia, o dono pode optar por pagar à vista, refinanciar ou dar o carro na troca por um modelo novo.

A terceira opção é a que mais interessa para as montadoras, pois faz o consumidor permanecer na marca por mais alguns anos. É por isso que as empresas, em parceria com os revendedores, oferecem a supervalorização do usado.

Mas, além de não poder negociar a taxa, há várias condições para que o valor previsto no contrato seja alcançado.

As revisões precisam ser feitas na rede autorizada e a quilometragem não pode superar a média de 10 mil quilômetros por ano. Danos na lataria, mesmo que bem reparados, comprometem o valor.

Se o consumidor se enquadra nas condições estipuladas e pretende ficar na marca, programas de fidelização podem ser um bom negócio.

Outras marcas oferecem planos similares, cada uma com seu nome fantasia: Evolution Honda, Volkswagen Sempre Novo, Citroën Novo de Novo, entre outros. Porém, nenhum desses obteve o sucesso do Ciclo Toyota.

Segundo Vladimir Centurião, diretor de vendas da montadora japonesa, 27% das vendas financiadas seguem esse modelo de fidelização.

O ciclo pressupõe uma entrada mínima de 30% do valor do carro na maior parte da linha e parcelamento em 12, 36 ou 48 meses. A última parcela pode ficar entre 20% e 50% do valor definido na compra.

Carro sedan branco em fundo cinza
Corolla GLI Upper 2017/2018, que vale, no mínimo, R$ 56,8 mil na troca por um novo dentro do plano Ciclo Toyota - Divulgação

A marca oferece, no mínimo, 80% do estipulado na tabela Fipe caso o dono opte por dar o veículo na troca por um zero e iniciar um novo ciclo sem quitar a prestação final.

Para que o valor previsto em contrato seja pago, o carro deve preservar a pintura em perfeito estado. As revisões têm que estar em dia e a quilometragem média precisa ser de, no máximo, 15 mil quilômetros por ano.

Em agosto de 2017, o Toyota Corolla GLI Upper modelo 2018 custava R$ 91.990. No mês passado, seu valor na tabela Fipe estava fixado em R$ 71 mil. Ou seja, o consumidor que aderiu ao plano de fidelidade receberia ao menos R$ 56,8 mil pelo sedã usado caso optasse em trocá-lo por outro modelo da marca.

A boa notícia, segundo Centurião, é que as concessionárias podem pagar mais que os 80% previstos no contrato, a depender da valorização do modelo no mercado. Carros de clientes que aderem a planos de fidelidade são bem cuidados e têm liquidez.

Sabendo disso, o consumidor precisa fazer cotações em diferentes lojas. É possível conseguir um valor ainda melhor na troca.

Vale também comparar as outras modalidades de financiamento. Com a queda da taxa básica de juros do país, é possível negociar condições melhores que as oferecidas nos planos fixos de fidelização, principalmente se o consumidor tiver um valor mais alto para dar de entrada.

Mas nem só de parcelas vivem os programas de fidelidade. A Hyundai Motor Brasil optou por um clube de benefícios, que neste mês chegou a 400 mil cadastrados.

Os proprietários obtêm descontos em lojas parceiras e participam de sorteios, entre outras ações.
Jan Telecki, diretor-adjunto de marketing da Hyundai, afirma que 90% dos clientes de varejo aderem ao programa.

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