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Estudo mostra que Google controla mais de 99% das buscas em compras online

Menos de 1% do tráfego do Google Shopping está sendo direcionado para sites de comparação de preços

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Javier Espinoza
Bruxelas | Financial Times

O mecanismo de busca de compras online do Google ainda está pondo em desvantagem seus rivais na União Europeia, apesar de um ataque regulatório há três anos que levou o gigante das buscas a modificar suas práticas, afirmou um novo estudo.

Menos de 1% do tráfego do Google Shopping está sendo direcionado para sites de comparação de preços como Kelkoo e Idealo, revelou a análise de 10,5 bilhões de cliques encomendada por 25 sites de comparação de preços.

Nos três anos desde que o Google atualizou sua política para conceder aos rivais "acesso" à sua plataforma de compras, permitindo-lhes fazer lances por espaço nela —após uma multa da UE por suposto comportamento anticompetitivo—, a visibilidade e a lucratividade de seus concorrentes caíram pela metade, de acordo com a pesquisa.

Logo do Google - Fabrice Coffrini/AFP

A reformulação da pesquisa de compras do Google ocorreu em 2017, depois que a Comissão Europeia multou a big tech em um recorde de 2,4 bilhões de euros (quase R$ 16 bilhões) por reclamações de abuso e disse que ela deve "oferecer espaço [de publicidade] nos mesmos termos para o Google Shopping e seus concorrentes". No entanto, as medidas tomadas em reação pouco fizeram para amenizar as preocupações dos reguladores.

Thomas Hoppner, advogado da firma Hausfeld que assessora as empresas, disse que o estudo da Lademann & Associates foi a primeira pesquisa empírica abrangente que mostrou que a solução adotada pelo Google ainda representa uma ameaça à concorrência.

Hoppner disse que os rivais do Google continuam em desvantagem, apesar das mudanças, porque as listagens nas unidades do Google Shopping —caixas que aparecem acima de seus principais resultados de pesquisa— remetem diretamente a sites de varejistas, ignorando sites de comparação de preços.

"Menos de 1% [dos usuários que clicam nas caixas do Google Shopping] verão um site rival [de comparação de preços], porque as caixas do Google têm links diretos apenas para os sites de lojas", disse ele.

Ele acrescentou que os resultados das pesquisa principais do Google, que são uma fonte importante de tráfego, também não foram afetados pelas mudanças —o que significa que a solução geral do Google "não melhorou em nada a situação competitiva".

"A Comissão sempre rejeitou a ideia do Google de que o caso dizia respeito a qualquer 'acesso' à unidade de compras do Google, e insistiu que se tratava de tratamento igual em todas as páginas de resultados de pesquisas do Google."

A empresa está contestando a multa e insiste que desenvolver um produto vencedor não vai contra as regras da concorrência.

A pesquisa, que inclui dados do Idealo da Alemanha, Kelkoo do Reino Unido e Ceneo da Polônia, antecede a decisão do Tribunal Geral, esperada para o final do ano, no mínimo.

Em uma audiência de três dias em Luxemburgo em fevereiro, Thomas Graf, sócio da firma de advocacia Cleary Gottlieb, atuando em nome do Google, disse: "A lei da concorrência não exige que o Google retarde a inovação ou comprometa sua qualidade para atender os rivais".

Em novembro passado, a comissária de concorrência da Europa, Margrethe Vestager, disse a uma plateia que a reforma do Google não estava funcionando.

"Ainda não vemos muito tráfego para concorrentes viáveis quando se trata de comparação de preços", disse ela.

No entanto, Olivier Guersent, diretor-geral da unidade de concorrência da UE, disse em uma conferência que as autoridades estavam vendo "avanços positivos" depois que o Google introduziu novas opções em sua unidade de compras.

"Não acho que nenhuma autoridade do mundo possa garantir o resultado de um mercado específico, e não acho que devamos tentar", disse ele.

Guersent também citou dados que mostram que 83% das unidades de compras incluem pelo menos um concorrente, e cerca de 47% dos cliques vão para esses rivais.

O Google disse sobre o estudo: "Esses números ignoram os fatos da decisão de compra. O remédio funcionou com sucesso durante três anos, gerando bilhões de cliques para mais de 600 serviços de comparação de preços, e está sujeito a intenso monitoramento da Comissão da UE".

Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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