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É bem provável que você nunca tivesse ouvido falar no Embracer Group até a semana passada, quando o conglomerado anunciou a aquisição dos estúdios Crystal Dynamics, Eidos Montréal e Square Enix Montréal, que pertenciam à japonesa Square Enix, por US$ 300 milhões (R$ 1,5 bilhão).
Apesar disso, não se pode dizer que o negócio tenha sido exatamente uma surpresa. Ao menos desde 2011 a empresa de origem sueca vem adquirindo estúdios e distribuidoras de games de pequeno e médio porte e franquias em baixa ou que estão há anos sem novos lançamentos para formar um dos maiores conglomerados de jogos eletrônicos da Europa.
Já contabilizando as aquisições da última semana, o Embracer Group soma 124 estúdios sob seu controle, com mais de 850 franquias de games e cerca de 14 mil funcionários, números que o colocam em pé de igualdade com gigantes como Ubisoft (de "Assassin’s Creed"), Take Two ("GTA 5") e Eletronic Arts ("The Sims" e "Fifa").
Diferentemente dessas empresas, o conglomerado sueco adota uma postura muito menos controladora sobre o trabalho de suas subsidiárias.
"De um ponto de vista comercial, nós não temos uma central para tomada de decisões", afirmou Lars Wingefors, CEO e maior acionista do Embracer Group, em entrevista ao Financial Times.
O executivo vê nas concorrentes, com muitos níveis de diretores e gerentes, um exemplo a não ser seguido.
"Eles começaram a controlar os criadores. É aí que as coisas começam a desmoronar", explica Wingefors, que deu seus primeiros passos no mercado de jogos eletrônicos em 1993, ainda aos 16 anos, abrindo uma empresa de revenda de games usados.
Em 2008, ele fundou a Nordic Games Publishing com a ideia de investir no desenvolvimento de tipos de jogos que estariam em falta em determinadas plataformas.
Um ano depois, a empresa lançou seu primeiro jogo: "We Sing", um game de karaokê para Nintendo Wii inspirado no sucesso de "SingStar", do PlayStation 2.
A empresa sueca começou a se expandir internacionalmente em 2011, a partir da compra dos espólios da falida distribuidoras austríaca JoWooD.
A mesma estratégia foi utilizada em 2013, quando comprou por US$ 4,9 milhões praticamente tudo o que restava do processo de falência da distribuidora americana THQ (incluindo aí franquias como "Darksiders" e "Red Faction"), o que levou a empresa a ser renomeada com THQ Nordic.
Nos anos seguintes, a expansão continuou. A empresa adquiriu a publisher Deep Silver, de "Saints Row" e "Dead Island", e o Coffee Stain Studio, conhecido pelo bizarro (e hilário) "Goat Simulator", até decidir adotar no fim de 2019 o seu nome atual, Embracer Group, com a ideia de destacar seu caráter de conglomerado.
Já sob o novo nome, vieram as aquisições dos estúdios Saber Interactive ("World War Z"), 4A Games (da série "Metro") e Gearbox Entertainment ("Borderlands"), para citar os principais, e até de empresas de entretenimento de outras áreas, como a fabricante de jogos de tabuleiro Asmodee (de "Catan" e "Dixit", entre outros) e da publisher de quadrinhos e filmes Dark Horse Media ("Sin City" e "Hellboy").
Com esse histórico, é fácil entender como a aquisição da última semana, que incorporou ao portfólio do Embracer Group franquias como "Tomb Raider", "Deux Ex" e "Thief" por um preço considerado baixo por analistas do mercado –ainda mais levando em consideração os US$ 68,7 bilhões (R$ 378,2 bilhões) pagos pela Microsoft na aquisição da Activision Blizzard, em janeiro–, se encaixa na estratégia do conglomerado de diversificação de propriedades intelectuais.
Pelo lado da Square Enix, o movimento parece fazer parte de uma mudança de percepção dos desenvolvedores japoneses sobre o papel que estúdios ocidentais poderiam ter em sua estratégia de negócios, como apontou o site GameIndustry.biz.
Segundo relatório da própria empresa, a transação "possibilita o lançamento de novos negócios, dando continuidade em investimentos em campos como blockchain, inteligência artificial e [computação em] nuvem".
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(PC, iOS e Android)
Se você gosta de desvendar mistérios e quebra-cabeças, "Tiny Room" é para você. Ele é uma espécie de "escape room" virtual, em que o jogador precisa vasculhar ambientes em busca de dicas para alcançar seu objetivo. O título é gratuito para celulares, mas não é daqueles repletos de propagandas, que irritam o jogador.
Update
novidades, lançamentos, negócios e o que mais importa
- A Microsoft fechou uma parceria com a Epic Games para disponibilizar gratuitamente "Fortnite" pela nuvem. Dessa forma, volta a ser possível jogar o game em dispositivos iOS pela primeira vez desde 2020, quando o aplicativo do jogo foi banido da App Store em meio a uma disputa entre a Epic e a Apple. Para jogar basta acessar xbox.com/play e fazer login com uma conta da Microsoft.
- A Bungie, desenvolvedora da franquia "Destiny", publicou um comunicado nas redes sociais se posicionando contra a reversão do julgamento que garantia o direito ao aborto nos EUA. No texto, a empresa afirma que a decisão da Suprema Corte será "um golpe à liberdade nos EUA e um ataque direto aos direitos humanos".
- Em um sinal de que as coisas não vão bem para o remake de "Prince of Persia: Sands of Time", a Ubisoft transferiu o desenvolvimento do game dos seus estúdios na Índia para o berço da série, em Montréal. No Twitter, a equipe de desenvolvimento do jogo afirmou que a mudança tem como objetivo "entregar a melhor experiência para esse remake de um clássico, quando ele estiver pronto".
- O Summer Game Fest, que tenta substituir a E3 como principal evento da indústria de games no mundo, será realizado no dia 9 de junho, às 16h. O show, transmitido pela internet, deve servir como plataforma de lançamento dos principais títulos dos próximos anos.
- Considerado um dos principais eventos de jogos independentes do Brasil, o BIG Festival voltará a ser realizado presencialmente em São Paulo, entre os dias 7 e 10 de julho, após dois anos de edições virtuais por causa da pandemia de Covid-19. O evento, porém, deixou de ser gratuito e terá ingressos a partir de R$ 46,40.
Download
games que serão lançados nos próximos dias e promoções que valem a pena
10.mai
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"Eiyuden Chronicle: Rising"*: preço não disponível (PC, Xbox One/X/S)
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"Salt and Sacrifice": R$ 37,90 (PC), preço não disponível (PS 4/5)
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"This War of Mine: Final Cut"*: R$ 74,95 (Xbox Series X/S), preço não disponível (PlayStation 5)
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"Unpacking"*: preço não disponível (PS 4/5)
13.mai
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"Evil Dead: The Game": R$ 75,99 (PC), R$ 147,45 (Xbox One/X/S), R$ 199,50 (PS 4/5)
*Disponível no Xbox Game Pass
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