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China fecha cerco aos games e Tencent aumenta aposta no Ocidente

Gigante chinesa investe R$ 1,5 bilhão para aumentar sua participação na Ubisoft, de 'Assassin's Creed'

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São Paulo

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Você até pode não saber o que é Tencent, mas provavelmente já jogou algum título desse conglomerado chinês de tecnologia, considerado a maior empresa de games do mundo em faturamento pela consultoria Newzoo e que vem expandindo seu império para o Ocidente.

Na última terça (6), a Ubisoft anunciou que o conglomerado chinês aumentou sua participação na empresa francesa. Pelo acordo, a Tencent, que já detinha cerca de 5% das ações da Ubisoft, passará a ter também 49,9% da Guillemot Brothers Limited, empresa dos fundadores da companhia e sua maior acionista, em troca de um investimento de 300 milhões de euros (R$ 1,5 bilhão).

Como parte do acordo, a empresa chinesa também pode aumentar sua participação direta na Ubisoft para cerca de 10%. O controle da empresa, no entanto, permanece com seus fundadores, a família Guillemot.

"A expansão do acordo com a Tencent reforça ainda mais a participação acionária da Ubisoft em torno de seus fundadores e fornece à empresa a estabilidade essencial para seu desenvolvimento de longo prazo", afirmou o CEO Yves Guillemot em comunicado divulgado pela empresa.

Visitante tira foto em estande da Tencent durante feira em Xangai
Visitante tira foto em estande da Tencent durante feira em Xangai - Aly Song - 1º.set.22/Reuters

A Tencent foi fundada em 1998 na cidade chinesa de Shenzhen. Seu primeiro produto foi um programa de mensagens instantâneas que copiava o antigo ICQ até no nome —OICQ, hoje chamado QQ—, mas que se tornou muito popular na China.

Aproveitando a base de usuários do aplicativo, a empresa começou a expandir seu portfólio no início dos anos 2000, incluindo games nele. Inicialmente, a aposta era apenas em títulos casuais ou no licenciamento e adaptação de jogos para o público chinês. Isso mudou em 2011, quando a companhia se tornou acionista majoritária da Riot, desenvolvedora de "League of Legends", adquirindo 92,8% das ações da empresa.

O investimento na empresa californiana inaugurou uma nova fase da Tencent no mercado de games, que passou a investir em dezenas de estúdios e desenvolvedores estrangeiros.

Além da Riot, cujas ações restantes foram adquiridas em 2015, estão entre os estúdios totalmente controlados pelo conglomerado chinês: o americano Turtle Rock Studios, famoso por jogos multiplayer de tiro como "Evolve" e "Back 4 Blood", e o norueguês Funcom, especializado em MMOs e desenvolvedor do jogo de sobrevivência "Conan Exiles".

A esses estúdios, se juntam outros em que, assim como na Ubisoft, a Tencent tem participação compartilhada com outros grupos. Por exemplo:

  • Epic Games (40%): ela própria é um conglomerado de estúdios e empresas sediada nos EUA, responsável por "Fortnite" e desenvolvedora da ferramenta de criação de jogo Unreal Engine, uma das mais utilizadas na indústria.

  • FromSoftware (16,25%): estúdio japonês criador da série "Dark Souls" e dos sucessos "Bloodbourne", "Sekiro" e "Elden Ring".

  • Supercell (84%): estúdio finlandês de games mobile, responsável por "Clash of Clans", "Clash Royale" e "Brawl Stars".

  • Don’t Nod (22,6%): empresa francesa conhecida por desenvolver aventuras gráficas de sucesso, como "Life Is Strange" e "Tell Me Why".

  • Bloober Team (22%): desenvolvedora polonesa responsável por títulos de terror como a série "Layers of Fear", "A Bruxa de Blair" e "Observer".

Mesmo tendo controle acionário total ou majoritário em alguns desses estúdios, a Tencent parece, pelo menos externamente, manter uma política de não intervenção na forma como eles são administrados.

"[A Tencent] toma conta da sua 'família', mas, à distância, ela parece deixar que as empresas que ela compra ou investe continuem autônomas", afirmou o analista Daniel Ahmad ao site americano Polygon. "A Riot continua sendo a Riot, a Supercell continua sendo a Supercell."

Em 2019, Tim Sweeney, fundador e CEO da Epic Games, já havia exposto isso ao falar sobre a relação da sua empresa com a Tencent. "Nós temos uma série de investidores externos agora. A Tencent é o maior. Todos os investidores da Epic são nossos amigos e parceiros. Nenhum pode ditar as decisões da Epic", afirmou o executivo em uma série de tuítes em resposta a um boato que dizia que a empresa chinesa havia instalado spywares na Epic Games Store. "Todas as grandes decisões sobre a Epic são tomadas aqui nos EUA e, como CEO, eu sou 100% responsável por elas."

A participação em estúdios estrangeiros ganha importância para a Tencent no momento em que o governo chinês aumenta o cerco à indústria de tecnologia do país, incluindo o setor de games, endurecendo a regulação e criando barreiras para o consumo de jogos online.

Pela legislação chinesa, todos os novos jogos de videogame precisam ser aprovados por um órgão governamental antes de serem vendidos para o público. Em abril, após quase um ano sem aprovar nenhum título, a China voltou a liberar jogos. Desde então, 241 títulos foram aprovados segundo o jornal South China Morning Post, de Hong Kong, mas nenhum da Tencent ou da NetEase, as duas maiores fabricantes de games do país.

Além disso, desde agosto do ano passado, menores só podem jogar online uma hora por dia, e apenas de sexta a domingo —a Tencent, desenvolvedora de "Honor of Kings", cujo sucesso já incomodou o governo chinês, é uma das mais atingidas pela regra.

O resultado disso pode ser observado nos balanços da empresa. No último documento divulgado, em agosto, a empresa reportou 1% de queda nas receitas com games no segundo trimestre do ano fiscal, tanto internamente quanto no exterior —resultado atribuído à desaceleração no mercado de games como um todo. No trimestre anterior, porém, enquanto a empresa via sua receita com games cair 1% na China, os ganhos no exterior cresciam 4%.

Mesmo com essa expansão recente para o Ocidente, o mercado interno ainda é responsável por cerca de 75% do faturamento da Tencent com games. Algo que, pelo menos pelos seus movimentos mais recentes, pode mudar em um futuro não tão distante.


Play

dica de game, novo ou antigo, para você testar

Nintendo Switch Sports

(Switch)

Pelo que se sabe, a rainha Elizabeth 2ª, que morreu na última quinta (8), não era uma grande fã de jogos de videogame. Ainda assim, segundo o tabloide britânico The Mirror, a monarca ficou encantada com o jogo de boliche do "Wii Sports" quando o príncipe William ganhou um Wii de sua então namorada Kate Middleton. Se você tem um Wii guardado no armário, pode tirar o pó do console e experimentar o jogo que cativou a rainha. Se não, sua melhor opção é o "Nintendo Switch Sports", atualização do game de 2006 para o Switch. Nele, o jogador usa os sensores de movimento do controle para jogar seis modalidades esportivas, incluindo, claro, o boliche.


Update

novidades, lançamentos, negócios e o que mais importa

  • A Ubisoft revelou em evento especial sobre seus próximos lançamentos planos para o futuro da franquia "Assassin’s Creed". Além de "Mirage", anunciado na semana passada, a empresa revelou que o próximo grande game da série será ambientado no Japão feudal. Também anunciou um novo jogo mobile que se passará na China antiga e um misterioso título que parece ter algo a ver com bruxas. Com exceção de "Mirage", previsto para 2023, todos os jogos ainda não têm data de lançamento.
  • A empresa também revelou uma parceria com a Netflix para lançar três jogos gratuitos exclusivos para assinantes da plataforma de streaming a partir de 2023. O primeiro título será uma sequência de "Valiant Hearts", puzzle/adventure inspirado em histórias da Primeira Guerra Mundial; o segundo, um novo game da série de ação "Mighty Quest"; e, por fim, um jogo mobile da franquia "Assassin’s Creed". A Netflix anunciou também que produzirá uma série live-action baseada na franquia.
  • A Disney anunciou em evento especial sobre seus próximos lançamentos no mundo dos games que está produzindo um jogo estrelado pelo Capitão América e pelo Pantera Negra que se passará durante a Segunda Guerra Mundial. O título, ainda sem nome revelado, deverá misturar ação e espionagem e conta com a participação de Amy Hennig, roteirista da franquia "Uncharted".
  • Em um movimento que parece até coordenado com a última newsletter, a Nintendo anunciou que irá retirar "loot boxes" do jogo mobile "Mario Kart Tour" em outubro. Atualmente, o jogo permite que se comprem "canos" que dão prêmios aleatórios, como personagens e carros. A mecânica será substituída por uma loja virtual, em que o jogador poderá comprar o item que escolher.
  • Após o presidente da Microsoft dizer que espera manter a série "Call of Duty" por muitos anos nos consoles da Sony, o CEO da PlayStation, Jim Ryan, afirmou que a real proposta da empresa americana só garante acordo por mais três anos além do atual contrato, o que seria "inaceitável em muitos níveis".

Download

games que serão lançados nos próximos dias e promoções que valem a pena

13.set

"ScourgeBringer": R$ 39,90 (iOS), preço não disponível (Android)

"Little Orpheus": R$ 77,45 (Switch), preço não disponível (PC, Xbox One/X/S, PS 4/5)

14.set

"You Suck At Parking"*: R$ 59,96 (Xbox One/X/S), preço não disponível (PC)

15.set

"Splitgate": gratuito (PC, Xbox One/X/S, PS 4/5)

"Despot's Game"*: R$ 28,99 (PC), preço não disponível (Xbox One/X/S, PS 4/5, Switch)

"Bear and Breakfast": R$ 37,99 (Switch)

"Wayward Strand": R$ 74,95 (Switch), preço não disponível (PC, Xbox One/X/S, PS4/5)

"Metal: Hellsinger"*: R$ 147,45 (Xbox X/S), R$ 214,90 (PS 5), preço não disponível (PC)

17.set

"Return to Monkey Island": R$ 64,95 (PC, Switch)

*Disponível no Xbox Game Pass

Promoções da semana

  • Está à venda na Humble Bundle um pacote promocional com 17 games da desenvolvedora 2K. Por US$ 16 (R$ 82) você leva todos os jogos das séries "XCOM" e "Bioshock", além de "Boderlands 3", "Civilization 6", a edição remastrizada de "Mafia", entre outros. A promoção vai até o próximo dia 22. Parte do valor pago será revertido para uma instituição de caridade.

  • Em outra ação beneficente, a Humble Bundle, em parceria com a Disney, está vendendo um pacote de 17 games, que inclui títulos da franquias "Star Wars" e "Aliens", além de aventuras clássicas point-and-click remasterizadas. Por US$ 10 (R$ 51) é possível adquirir jogos como "Lego Star Wars: The Complete Saga", "Star Wars: The Force Unleashed", "Grim Fandango Remastered", "Full Throttle Remastered", entre outros. A promoção vai até o próximo dia 24 e parte do valor arrecadado será entregue a uma instituição de caridade.

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