Descrição de chapéu Inteligência artificial PIB

IA que programa aumentará PIB global em R$ 7,2 trilhões até 2030, projeta estudo

Ferramentas que ajudam a desenvolver códigos dão suporte a profissionais menos experientes e aumentam produtividade

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O aumento na produtividade de programadores gerado pela inteligência artificial (IA) impulsionará o PIB (Produto Interno Bruto) Global em US$ 1,5 trilhão (R$ 7,2 trilhões) até 2030, segundo projeções feitas pelo professor da Harvard Business School Marco Iansiti e pelo chefe-executivo do GitHub, Thomas Dohmke.

O estudo estima que o número de desenvolvedores vai subir dos atuais 27 milhões de programadores ao redor do mundo para 45 milhões daqui a sete anos. Esses profissionais atuantes em diferentes setores teriam um ganho de 30% em produtividade até 2030, o que justificaria o impulsionamento da economia global.

Dohmke divulgou o estudo na conferência de tecnologia Collision, realizada no Canadá entre os dias 26 e 29 de junho. "Estou aqui para mostrar os dados que provam que inteligência artificial não substituirá programadores." Um ano antes, no mesmo evento, ele havia lançado a IA assistente de programação GitHub Copilot ao público.

Ilustração mostra três mãos mexendo em uma tela azul. Na imagem, a barras de busca, balões de texto e engrenagens.
IAs assistentes de programação sugerem palavras, linhas e até trechos inteiros de código de programação, com base em pedidos do profissional ou partes anteriores dos scripts - Valery/Adobe Stock

IAs assistentes de programação, como GitHub Copilot e Amazon CodeWhisperer, permitem que pessoas com menos conhecimento técnico desenvolvam programas funcionais. É possível, por exemplo, pedir que a IA crie um formulário com instruções em português. Essas ferramentas também detectam erros e completam códigos.

Para chegar aos resultados apresentados, o GitHub e o professor Marco Iansiti usaram como parâmetro o comportamento de 934.533 programadores adeptos do Copilot. A tecnologia foi desenvolvida em parceria com a criadora do ChatGPT, OpenAI.

A análise dos dados do GitHub mostra que programadores menos eficientes tendem a ganhar mais eficiência, já que aceitam mais sugestões do algoritmo, do que os veteranos em programação. O estudo parte da premissa de que quanto maior a sinergia entre IA e humano, maior são os ganhos, com base em outros estudos da empresa.

O algoritmo economiza muito tempo com trechos de códigos que se repetem várias vezes ao longo do programa ou com pesquisa de fontes e documentação, de acordo com o diretor de políticas para desenvolvedores do GitHub, Mike Linksvayer. "Isso permite que os programadores gastem mais tempo com atividades criativas, como entender o que o cliente quer de fato."

Para Linksvayer, a tecnologia ajudará a suprir a demanda por talentos na área de desenvolvimento de software. Levantamento da startup de educação em tecnologia Digital House divulgado neste mês mostra que o Brasil tem demanda por 70 mil profissionais de programação por ano, enquanto forma 45 mil profissionais no período. O cenário se repete em outros países com diferentes graus, conforme o relatório do GitHub.

O estudo diz que os novos programadores serão funcionais. "Em programação, ser eficiente é entregar programas que funcionam bem dentro do prazo", diz Linksvayer.

Questionado pela Folha se esse aumento de produtividade não poderia culminar numa diminuição de postos ou em queda de salários na área, o executivo disse que o GitHub espera que o Copilot seja um complemento, não um substituto.

Profissionais de tecnologia estão entre os mais procurados e bem pagos no Brasil. Engenheiros de computação recebem em média R$ 13.208 na admissão, segundo pesquisa da Firjan. Essa profissão também contou com menos demissões do que a média desde 2020, conforme mostrou a Folha.

A tecnologia não é uma plataforma que permite o desenvolvimento de programas sem código, diz Linksvayer, "Tudo é feito em linguagem de programação e com supervisão humana. O que muda é economia de tempo em tarefas repetitivas."

O Copilot, assim como o concorrente Code Whispererer, foi treinado com códigos de programação disponíveis na internet. Ambos os programas informam trechos passíveis de denúncia por plágio. Ainda assim, Linksvayer diz que a supervisão humana é fundamental.

No estudo, Dohmke, e Iansiti argumentam que o ganho de produtividade decorrente do uso do Copilot deve aumentar nos próximos anos.

Os dados de tela dos usuários do GitHub Copilot mostram que o número de sugestões aceitas cresceu de 28,9% no primeiro trimestre de uso observado pelos pesquisadores para 32,1%, no segundo.

Os usuários começam a aceitar mais sugestões à medida que entendem o funcionamento da IA geradora e ficam menos desconfiados de sua capacidade, de acordo com Linksvayer. A interação com a plataforma também confere dados de treinamento para o algoritmo, que se adapta de forma gradual a necessidades do desenvolvedor.

Dados do GitHub mostram que 46% dos códigos produzidos com assistência do Copilot são feitos pela IA —o número sobe para mais de 60% sucesso no caso de Java, a linguagem de programação mais popular do mundo.

Em entrevista à Folha durante visita ao Rio, Dohmke afirmou, todavia, que é impossível pedir que o Copilot construa plataformas complexas como o Facebook ou o GitHub, que funciona como uma biblioteca digital de programas.

"Para fazer programas, é preciso dividir o projeto em pequenos desafios. Esse sistema de pensamento vem do desenvolvedor, que precisa ter um diploma em ciência da computação, engenharia da computação ou experiência em programação," diz Dohmke.

A IA assistente de programação funciona em qualquer idioma —inclusive português—, de acordo com o GitHub. "É uma maneira de ir além do mundo em inglês no qual o mercado de desenvolvimento de software está centrado agora", disse o executivo no Canadá.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.