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Games topo de linha podem ficar mais raros e mais caros, a começar por 'GTA 6'

Ex-executivo da Square Enix vê aumento de preços como saída para atual crise da indústria de jogos

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São Paulo

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No fim de 2022, essa newsletter já anunciava uma tendência para 2023: o aumento do preço dos jogos de primeira linha (os chamados "AAA"). Nem bem as pessoas se acostumaram com o novo patamar de preços de US$ 70 (cerca de R$ 350 no Brasil) e alguns executivos já começam a ver a necessidade de um novo aumento.

Jacob Navok, ex-executivo da Square Enix e atual CEO da Genvid Technologies (empresa que desenvolve experiências interativas por streaming), foi um dos profissionais da indústria de games a destacar a necessidade de um novo aumento de preços no cenário atual.

Comentando uma notícia do site IGN sobre "Final Fantasy 7 Rebirth", "Final Fantasy 16" e "Foamstars" não terem alcançado as expectativas financeiras da Square Enix, Navok fez um interessante fio no X (ex-Twitter) para explicar como são construídas as previsões de venda dos jogos (e não, esse não é um problema de expectativas altas demais).

Segundo o executivo, quando esses jogos começaram a ser planejados pela Square Enix, a indústria de videogames tinha uma realidade muito diferente da atual.

"O crescimento da audiência era uma expectativa razoável na era de 2015-2022 e ainda é hoje", afirmou Navok. "O que aconteceu, não apenas com a Square Enix, mas com a indústria como um todo? Os padrões de comportamento da audiência são radicalmente diferentes do esperado em 2015. Lembre-se, eu disse que 2015 foi antes do ‘Fortnite’."

O executivo afirma que hoje os jogos premium precisam vencer não só a concorrência de títulos lançados na mesma época que eles, mas também de jogos como um serviço gratuito com grande aderência do público.

"Esta é a razão pela qual vemos tendências em que os jogos são ou espetaculares sucessos 10/10, ou desastres, com pouco espaço no meio-termo; não há uma ‘próxima grande novidade’ sendo procurada em muitos casos. E essa polarização torna os riscos maiores, e os custos também mais altos", afirma.

Diante desse cenário, Navok aponta três possíveis soluções para que empresas de games tornem seu negócio lucrativo: diminuir custos, aumentar preços ou ampliar seu público consumidor.

Como outras empresas do setor, a Square Enix já adotou medidas para tentar cortar gastos nos últimos meses. A empresa anunciou demissões e o cancelamento de uma série de games, afirmando que passaria a ser mais "seletiva e focada" na escolha de seus projetos. Além disso, afirmou que deixaria de fazer contratos de exclusividade com plataformas de games, buscando ampliar o público dos jogos que ela desenvolve.

Ainda assim, para Navok, isso não será suficiente e a única opção que restará é aumentar os preços.

"Qualquer jogo que não seja de serviço está tendo dificuldades para aumentar o tamanho do público. Enquanto isso, do lado dos custos, a inflação está alta, os salários estão altos e os consumidores exigem produtos sofisticados e bonitos para fazê-los desembolsar dinheiro em vez de continuar jogando títulos gratuitos", afirmou.

O primeiro candidato a romper a barreira dos US$ 70 é ninguém menos do que "GTA 6", um dos games mais aguardados dos últimos tempos.

Uma mulher jovem olha para trás do banco de um carro, com um lenço vermelho amarrado no pescoço e uma blusa sem mangas, segurando um punhado de notas de dólar. A luz do dia entra pela janela, destacando seus traços e criando um contraste com o interior do veículo.
Imagem do trailer de 'GTA 6', divulgado pela Rockstar Games - Rockstar Games/AFP

Em reunião com acionistas, Strauss Zelnick, CEO da Take-Two (publicadora da série "GTA"), foi questionado diretamente sobre o preço que seria cobrado pelo jogo no seu lançamento, previsto para o fim de 2025. O executivo respondeu de forma vaga e não quis se comprometer com um valor.

"Há mais conteúdo constantemente sendo disponibilizado, e realmente buscamos entregar grande valor a qualquer momento", disse Zelnick. "Estamos focados em entregar mais valor do que cobramos. E esse é meio que o critério."

Devido ao histórico da empresa —a Take-Two foi a primeira a adotar o patamar dos US$ 70 para seus jogos, começando com "NBA2K21", ainda em agosto de 2020—, a frase do executivo já começou a gerar burburinho na mídia especializada sobre o que isso pode significar para o preço de "GTA 6".

Tempos de crise são também tempos de oportunidades. Com as principais publicadoras diminuindo o fluxo de lançamentos e adotando preços mais altos, abre-se uma brecha para que estúdios independentes e com custos menores se destaquem no mercado com títulos inovadores e ousados.

O sucesso recente de games como "Palworld", "Helldivers 2", "Balatro" e "Manor Lords", entre outros, mostra esse caminho.


Play

dica de game, novo ou antigo, para você testar

Zet Zillions

(PC)

O jogo desenvolvido pelo estúdio brasileiro Ota Imon (de "Wolfstride") é um roguelike de construção de baralhos que mistura uma história inspirada em animes japoneses com pitadas cômicas próprias da série "South Park", com referências engraçadinhas ao mundo real. Mas não é só isso. O título acrescenta à estrutura básica do sucesso indie "Slay the Spire" mecânicas muito interessantes, como a possibilidade de fundir cartas diferentes para ampliar (ou mudar completamente) a função delas, o que torna o game ainda mais dinâmico e estratégico. Se você gosta de "deck builders", "Zet Zillions" é para você.

A imagem apresenta uma cena de um jogo de vídeo game com estética vibrante e personagens estilizados. No centro, um grande círculo verde com um desenho minimalista de um planeta com um rosto expressa descontentamento com a palavra "COMPLAIN" abaixo. À esquerda, figuras sombrias e coloridas parecem estar em combate, com barras de vida e números indicando estatísticas de jogo. Cartas de habilidades com ícones e números estão dispostas na parte inferior. O botão "END TURN" no canto inferior direito sugere que é a vez do jogador terminar.
Imagem do jogo brasileiro 'Zet Zillions', da Ota Imon - Divulgação

O repórter recebeu uma cópia do jogo com acesso antecipado para teste.


Update

novidades, lançamentos, negócios e o que mais importa

  • Em uma apresentação sobre inteligência artificial, a Microsoft deu dicas do que imagina que a tecnologia pode fazer nos jogos. Em uma curta demonstração, a IA ajudou um jogador a sobreviver em "Minecraft", dando dicas de como ele poderia construir ferramentas.
  • O IGN, um dos principais sites de games americano, adquiriu as páginas do grupo Gamer Network por um valor não revelado. O grupo inclui publicações europeias conhecidas como os sites Eurogamer, GamesIndustry.biz e VG247. Segundo o site Aftermath, uma série de profissionais veteranos dessas páginas foram demitidos pelo grupo, que alegou haver redundâncias em alguns cargos.
  • A Microsoft anunciou que o próximo título da série "Call of Duty" será "Black Ops 6". A empresa promete mostrar mais detalhes do jogo em evento virtual marcado para 9 de julho. Segundo o The Wall Street Journal, o título será o primeiro da franquia a ser disponibilizado direto no serviço de assinatura Xbox Game Pass.
  • O relatório fiscal anual da Embracer Group deu um relatório detalhado da reestruturação pela qual a empresa passou no último ano. Segundo o documento, a empresa cortou 4.532 postos de trabalho, uma redução de 27% em sua folha salarial, e cancelou 80 projetos de jogos, mais do que os 70 lançamentos que a empresa pretende fazer no próximo ano fiscal.
  • A Sony fechou seu estúdio de games em Londres após 20 anos. O estúdio London foi responsável por desenvolver os games da série "SingStar" e, mais recentemente, criava experiências em realidade virtual para consoles PlayStation.
  • A empresa japonesa também parece estar seguindo a Microsoft e planejando lançar sua própria loja de jogos para dispositivos móveis. Segundo o site TweakTown, a empresa japonesa publicou anúncios de emprego para desenvolvedores trabalharem em uma plataforma para "desenvolver, publicar e operar jogos mobile gratuitos".

Download

games que serão lançados nos próximos dias e promoções que valem a pena

29.mai

"Nine Sols": preço não disponível (PC)

30.mai

"Astor: Blade of the Monolith": preço não disponível (PC, PS 4/5, Xbox One/X/S, Switch)

"Humanity": R$ 112,45 (Xbox One/X/S)

31.mai

"F1 24": R$ 349,90 (PS 4/5), R$ 359 (PC, Xbox One/X/S)

"Hypercharge: Unboxed": R$ 101,20 (Xbox One/X/S)

4.jun

"Destiny 2: A Forma Final"*: R$ 189,99 (PC, PS 4/5, Xbox One/X/S)

"Killer Klowns From Outer Space: The Game": R$ 107,99 (PC), R$ 147,45 (Xbox X/S), R$ 199,50 (PS 5)

"Star Wars: Hunters": grátis (Switch, iOS, Android)

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