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Após cancelamento de voos, brasileiros têm dificuldade para deixar a Argentina

Nesta terça (17), governo proibiu viagens internas de avião ou ônibus; atrações e parques nacionais estão fechados

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Buenos Aires e São Paulo

Companhias aéreas que operam rotas entre o Brasil e a Argentina anunciaram nesta terça (17) que vão cancelar seus voos entre os dois países.

A Aerolíneas Argentinas deixará de voar de e para o Brasil na quinta-feira (19), e a Gol, a partir de domingo (22). A low cost Flybondi já emitiu um comunicado sobre o tema, informando que estrangeiros não podem voar para o país.

As mudanças foram anunciadas depois de o governo argentino ter declarado que o Brasil está no grupo de países de risco pelo número crescente de casos de coronavírus. EUA, Itália e Espanha também tiveram seus voos cancelados.

Desde domingo (15), apenas argentinos e residentes podem entrar no país —mesmo assim, eles têm de cumprir quarentena de 14 dias.

Na manhã desta terça, o governo argentino determinou ainda que não haverá voos internos na Argentina nem ônibus que percorram grandes distâncias até, pelo menos, o próximo dia 25, para tentar controlar o avanço da pandemia.

No começo da noite, o governo anunciou que os hotéis do país terão de fechar até o próximo dia 31 de março.

Teatro Colón, em Buenos Aires, cancelou sua agenda até 19 de abril
Teatro Colón, em Buenos Aires, cancelou sua agenda até 19 de abril - Juan Mabromata/AFP

A ideia é desestimular o turismo interno e com isso evitar grandes movimentações de pessoas, especialmente no próximo fim de semana e na segunda-feira, quando é feriado na Argentina.

Apenas hotéis que estejam abrigando pessoas em quarentena poderão continuar abertos. Todos os estabelecimentos foram proibidos de aceitar reservas para o período, e os empreendimentos ficam obrigados a reembolsar quem pagou adiantado.

No saguão do hotel Dazzler do bairro da Recoleta, em Buenos Aires, brasileiros pareciam desolados enquanto trocavam informações.

"Tínhamos comprado um pacote para ir ao Calafate e depois para a Terra do Fogo, tivemos de cancelar", disse Tomé Constantino, 39, que estava com os filhos, o primo e outros familiares. "Nem adiantaria ir, porque ontem soubemos que os parques nacionais estarão fechados", complementou.

De fato, várias atrações turísticas foram desativadas por conta do coronavírus, além de parques e museus.

Em pronunciamento na manhã desta terça-feira, o ministro dos Transportes, Mario Meoni, disse que "quarentena não é férias, queremos justamente evitar que as pessoas se aglomerem em lugares turísticos".

No hotel Alvear, havia outro grupo de brasileiros, no restaurante, tentando contato com várias companhias aéreas. O voo que tinham programado para voltar ao Rio de Janeiro, na sexta-feira, havia sido cancelado. "Há poucas opções, estamos tentando várias listas de espera", disse Luzia Coutinho.

Enquanto isso, chegou na manhã desta terça-feira (17) um cruzeiro, que voltava do Brasil, com 2.900 pessoas a bordo. Trata-se do MSC Música, e a maioria dos passageiros é argentina. A embarcação deixou o Brasil no dia 7 de março e passou pelo porto de Montevidéu, no Uruguai, até chegar à Argentina.

As autoridades sanitárias estão fazendo exames em todos os pacientes. Argentinos que não apresentarem sintomas poderão ir para casa, mas terão que fazer quarentena. Os estrangeiros que não possuírem residência no país deverão voltar.

Para isso, segundo o departamento de imigração, está sendo armado um operativo que os leve dali até o aeroporto de Ezeiza para que sejam encaixados nos voos disponíveis. Os estrangeiros residentes poderão entrar, mas também com a obrigação de cumprir quarentena.

Às 17h30, os 2.900 passageiros do cruzeiro foram liberados. Não foi detectado nenhum com coronavírus. Os argentinos saíram em grupos de 30, com espaços entre si, enquanto os de outras nacionalidades, incluindo brasileiros, foram levados em vans para o aeroporto internacional de Ezeiza.

No sul do país, o casal carioca Adriana Barreiros e Marcelo Valentim está tendo dificuldades para conseguir sair de Ushuaia, onde estão ancorados em um veleiro na marinha local.

Eles voaram na sexta (13) do Rio de Janeiro para a cidade na Terra do Fogo, de onde pretendiam zarpar em direção a Puerto Williams, no Chile, para passear nos glaciares locais. Chegaram a começar a viagem, mas no meio do caminho os portos chilenos foram fechados, e eles tiveram de retornar.

Segundo Barreiros, a Latam não atende o telefone nem responde às mensagens de WhatsApp para que as passagens possam ser remarcadas. Em nota, a companhia aérea ​afirma que reduziu 70% de todas as suas operações e, neste momento, registra um grande volume de solicitações em seus canais de atendimento. Acrescenta que, devido ao fechamento de fronteiras em diversos países, passageiros com voos a partir da segunda (16) podem remarcar suas viagens gratuitamente até 31 de dezembro deste ano.

Há dois casos de coronavírus confirmados em Ushuaia, que adotou medidas restritivas para evitar a propagação da pandemia. O governo da Terra do Fogo informa em seu site que está auxiliando o transporte de estrangeiros do porto até o aeroporto, para que possam retornar a seus países de origem.

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