Descrição de chapéu RFI férias

Sem estrangeiros, turismo se reinventa e franceses descobrem Paris a pé

Guias criam passeios alternativos, com roteiros que praticam caminhada meditativa e outros transmitidos por redes sociais

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

RFI

O que será do turismo francês, tão duramente afetado pela pandemia? A crise vai asfixiando o setor que era uma das bases da economia da França, o país mais visitado do mundo —foram 89 milhões de turistas em 2018.

As atrações turísticas –museus, parques de atrações, cinemas, teatros– continuam fechadas, sem previsão para reabertura. O toque de recolher foi adiantado para 18h e estendido a todo o território nacional, afetando ainda mais o setor de bares e restaurantes.

Os restaurantes sobrevivem vendendo refeições prontas nas portas do estabelecimentos ou por meio de entregas.

Alguns setores do turismo também se adaptam, como é o caso de Camille Martin, criadora de "Les Randos de Camille" –Os Passeios de Camille– que decidiu apostar nos moradores de Paris e arredores, interessados em conhecer recantos desconhecidos da cidade.

Camille Martin explica: “Eu criei percursos a pé pela cidade, que fossem passeios e explorações urbanas interessantes. Paris tem bairros com características distintas. É possível ir de uma ruela de um vilarejo e chegar a um conjunto de prédios modernos. Sempre com um jardim no trajeto. É um momento de relaxamento, as pessoas se conhecem, conversam muito, e ao mesmo tempo fazem um exercício físico. Caminhamos uma média de dez a onze quilômetros em três horas.”

Os passeios são feitos principalmente nos fins de semana, com seis pessoas ao máximo. Os horários foram sendo modificados por causa das restrições sanitárias.

“A gente foi se adaptando. Lancei percursos personalizados, um concurso de fotos em que os participantes exploravam um raio de cinco quilômetros ao redor de suas casas. Agora vamos propor passeios durante o dia, aos sábados, para respeitar as novas regras”, relata Camille.

Propostas diferenciadas

A guia também começa a ser sondada por empresas, interessadas em proporcionar aos empregados que trabalham à distância um momento de encontro, de lazer, enquanto caminham.

“Eu trabalho com duas outras guias. Com Hiroko, especialista em consciência plena, buscamos trajetos mais tranquilos, para praticar a caminhada meditativa. E com Nathalie, que é botânica, procuramos também lugares em que essa especialidade possa ser aproveitada pelos pedestres, ou seja, uma exploração por meio das plantas”, diz Camille.

“O objetivo é lançar um olhar diferenciado à cidade, pelo menos no caso dos parisienses, que às vezes podem se sentir presos na malha urbana. Há muito o que se ver em Paris, com bairros bem diferentes. Quem mora no norte da cidade, por exemplo, pode fazer um passeio conosco no sul e se surpreender. Tem pessoas que acabam descobrindo coisas no próprio bairro em que vivem e assim mudam o próprio olhar em relação à cidade”, completa Camille.

Nos primeiros seis meses de 2020, as receitas turísticas internacionais na França degringolaram 49,4%, mas a “frequência global foi melhor que a esperada”, segundo um balanço do governo, graças à mobilização dos franceses.

Por enquanto não se fala em recuperação, pois essa frequência passou a cair em setembro, após ligeira recuperação em julho e agosto, com o fim do primeiro lockdown. A ocupação hoteleira em setembro caiu 42% em relação ao mesmo mês em 2019.

Ainda de acordo com o governo, as receitas do turismo internacional em abril e maio de 2020 caíram 84% e 75% respectivamente em relação aos mesmos meses em 2019. A perspectiva para 2020 ainda é uma incógnita, mas o anúncio de que as pistas de esqui vão continuar fechadas em fevereiro não é animadora para o setor.

Turismo via redes sociais

Pamela Breit é guia desde 2009, quando se instalou e se apaixonou por Paris. A pandemia fez a procura por guias de grupo minguar e ela se voltou para a internet como uma opção. Para animar uma amiga hospitalizada, ela passou a fazer lives por Paris, e foi tendo a participação de amigos. A brincadeira virou hábito e se incorporou à sua vida profissional, como um chamariz para as suas visitas particulares.

“Passei a criar vídeos todos os domingos, de 30 minutos, gratuitamente para todo mundo, na minha página no Facebook; é sempre uma surpresa, uma boa oportunidade para compartilhar, comunicar. Pessoas que gostam de Paris e estão no mundo todo podem participar do chat e conversar em tempo real comigo e com Paris."

Os passeios de Pamela Breit podem ser encontrados nos sites strollsparis.com; facebook.com/strollsparis e facebook.com/strollsparisesp.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.