Fez, capital espiritual do Marrocos, é um labirinto de 9.000 ruelas

É difícil não se perder nas tortuosas vias, cheias de bazares e mesquitas centenárias

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Fez (Marrocos)

A cidade de Marrakech pode ser o ponto de partida para desbravar o Marrocos e seu principal cartão de visitas. Mas é a ainda mais antiga Fez, ao norte, que parece guardar o coração espiritual do país.

Entre as muralhas da medina, isto é, de sua cidade velha, há mais de 9.000 ruelas que serpenteiam na forma de um imenso labirinto. Tudo mantém um tanto das mesmas características de quando o lugar foi fundado, há cerca de 1.200 anos.

Bab Boujloud, um dos portões que dão acesso à medina de Fez, no Marrocos
Bab Boujloud, um dos portões que dão acesso à medina de Fez, no Marrocos - Ben Sklar/The New York Times

Por ali só se circula no lombo de um asno ou gastando a sola de sapato entre subidas e descidas —convém estar munido de algum mapa no celular porque o risco de se perder é grande.

O auxílio de um guia para desbravar Fez é recomendável. Por cerca de R$ 150 para uma manhã inteira, eles podem ser contratados da portaria de qualquer hotel ou restaurante. O ideal é pedir a ele que leve até alguma das várias madraças, as escolas de ensino islâmico que estão ali há séculos.

A Bou Inania é uma dessas instituições abertas a visitantes. Erguida no século 14, com seu pátio e minarete em tons de verde, é exemplo da arquitetura da dinastia merínida, toda ornada com arabescos e padrões geométricos inscritos na madeira. As colunas são repletas de mosaicos intrincados, todos eles compostos por pequeniníssimos ladrilhos.

Já as mesquitas, como é regra em quase todo país, são interditadas para turistas não muçulmanos. Só se pode contemplá-las das frestas a partir da rua —são cerca de 300 em toda a medina.

As vias em Fez são estreitíssimas, repletas de lojas vendendo objetos de cerâmica, lustres e enfeites que vão se chocando com a cabeça do pedestre, e o aperto só dá trégua nos bolsões dedicados a cada tipo de artesanato.

Há a praça dos que tecem tapete, a dos que moldam o bronze, dos que extraem o óleo de argan das sementes. Nos Há a praça dos que tecem tapete, a dos que moldam bronze, dos que extraem o óleo de argan. Nos mercados, pairando sobre poços cheios de azeitona, se penduram cabeças de cabra e até de camelo —são iguarias por ali.

O cheiro do tajine, o tradicional cozido de legumes e cordeiro feito na panela de barro, se mistura ao aroma das dezenas de especiarias e ervas medicinais que estão à venda por toda parte.

Mas o nariz talvez guarde mais o odor de coisa podre expelido dos curtumes, que podem ser contemplados do alto de terraços. São a imagem mais emblemática de Fez —pátios lotados de fossas cheias de tinta onde os homens despejam peles de animais que mais tarde virarão bolsas, malas e casacos.

No geral, a vista é franqueada a quem entra em alguma das várias lojas de tecido que circundam esses curtumes. Os vendedores serão generosos e vão ceder um punhado de folhas de hortelã para o turista não ficar nauseado, mas dificilmente liberarão a saída de quem não quiser comprar ao menos uma bolsa —nessa hora, é bom lembrar que pechinchar faz parte da cultura local e que tudo estará à venda por até o dobro do que vale.

DICAS PRÁTICAS PARA VISITAR O MARROCOS

Voos 
A Royal Air Maroc anunciou a retomada da rota entre São Paulo e Casablanca a partir de 7/12; até lá, a forma mais conveniente de chegar ao Marrocos é fazendo escala na França, na Espanha ou em Portugal

Dinheiro 
A moeda local é o dirham marroquino, que equivale a mais ou menos R$ 0,58. O ideal é embarcar com euros e trocar ao chegar

Mulheres e LGBTQIA+ 
É possível ver turistas desacompanhadas nas ruas das principais cidades marroquinas, mas não são poucos os relatos de mulheres vítimas de assédio. E embora cidades como Marrakech até tenham locais gay friendly, o Marrocos pune relações homoafetivas com prisão

Álcool 
O país é muçulmano, e a venda de álcool é proibida nas ruas, mas hotéis são bem abastecidos de vinho, drinque e cerveja

Idioma 
Embora o árabe seja o idioma principal, o turista não terá muita dificuldade em se fazer compreender com o inglês —o espanhol e o francês também são falados

Visita ao deserto 
Um pacote individual de quatro dias entre Fez e Marrakech, passando pelo deserto, pode sair a partir de R$ 5.000, mas fica mais barato se for feito em grupo. O da empresa Marrocos Expedições inclui estadias em hotéis razoáveis, jantares e cafés da manhã

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