Descrição de chapéu África

Marrakech, cheia de cores e cheiros, é porta de entrada para conhecer o Marrocos

Cidade, em tons de vermelho alaranjado encantou o estilista francês Yves Saint Laurent, que dá nome a um museu por ali

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Marrakech

Antes de fincar os pés em Marrakech, tudo era preto na vida de Yves Saint Laurent. "Esta cidade me ensinou o que era cor, e eu me agarrei à sua luz, às suas misturas insolentes e ardentes invenções", teria dito o estilista francês, que fez morada no Marrocos a partir dos anos 1960.

Mas de toda a paleta que desponta entre mosaicos, tapetes e cáftans por toda a parte, uma cor se impõe. É o vermelho alaranjado que tinge muralhas e fachadas e dá a tudo um ar de eterno entardecer. Marrakech é uma cidade em lusco-fusco.

Jemaa el Fna, praça principal de Marrakech, no Marrocos
Jemaa el Fna, praça principal de Marrakech, no Marrocos - Yassine Alaoui Ismaili/The New York Times

Na Jemaa el-Fna, a praça principal, encantadores de serpentes e homens conduzindo macacos por correntes disputam moedinhas dos turistas à sombra da Kutubiyya, principal mesquita local.

O minarete do templo, erguido no século 12, é quadrangular —um testemunho de como a região resistiu ao domínio otomano, que fez pipocar pelo Oriente Médio torres em formato circular.

Adentrando a medina —que é como se chamam as porções muradas, mais antigas das cidades do norte da África—, o andarilho se perde entre ruas coalhadas de bazares e energia caótica. Há muita tranqueira, muita armadilha para turista mas, garimpando bem, é possível encontrar objetos típicos a preços atraentes. A regra, como em todo o país, é barganhar.

Pegadinhas à parte, é no interior da medina que se vislumbra um pouco da vida daqueles que tentam viver os ditames do Corão da forma mais fiel possível. Não que rejeitem por completo os modos ocidentais, mas é para o lado de dentro das muralhas que se vê uma porção de mulheres cobertas pelo hijab e homens de longas barbas e suas túnicas.

Uma ótima forma de percorrer as estreitas vielas locais e ainda receber informações históricas a respeito é de moto. A Marrakech Insiders oferece tours guiados ao preço de R$ 1.118 por 90 minutos. O turista monta na garupa ou no sidecar enquanto o condutor vai descrevendo o entorno.

Para comer por ali, a melhor pedida é ir em algum dos restaurantes com mesas na laje. O Terrasse des Épices costuma atrair bastante estrangeiro com seu cardápio de tajines como o de frango ao limão ou de perna de carneiro com cebola e tomate, ambas as opções por cerca de R$ 100.


Fora da medina, uma das principais atrações da cidade é o Jardim Majorelle. O lugar era um palmeiral até o começo do século passado, quando o pintor francês Jacques Majorelle comprou o terreno e fez construir uma villa que mescla influências cubistas e marroquinas, pintada de azul-cobalto, cercada por um jardim.

A propriedade já estava abandonada quando, nos anos 1980, Saint Laurent e o marido, Pierre Bergé, o compraram. Hoje faz parte da fundação que leva o nome do casal e administra o museu batizado em homenagem ao designer e outro, dedicado a artes berberes, no mesmo complexo.

Encantador de serpentes em praça de Marrakech
Encantador de serpentes em praça de Marrakech

Os tíquetes, à venda apenas online, permitem visitar cada um em separado ou todos, a gosto do freguês --entre R$ 96 e R$ 175.

O museu do designer francês é um tanto frustrante: contém um auditório no qual se exibe um documentário sobre a carreira do estilista, um punhado de seus croquis e uma exposição permanente que joga luz no seu interesse pelas flores, que estamparam vários de seus looks.

Bem mais interessante é o Museu de Artes Berberes, que expõe trajes e artefatos do povo originário do Marrocos, estabelecido por essas bandas antes da chegada dos árabes. Dispostos num cenário de céu estrelado, vestidos ricamente adornados e coloridos, cheios de tranças, franjas e drapeados, mostram que o pendor local pelo detalhe vem de muitos séculos.

Mas o ponto alto é mesmo o vasto jardim em si. Andar por ali, entre fontes de água, bambuzais, cactos, romãzeiras e um punhado de altas plantas exóticas tem algo de edênico —no árabe, "jannah" pode significar tanto jardim quanto paraíso. E foi bem ali que tanto as cinzas de Saint Laurent quanto a de seu companheiro da vida toda, Bergé, foram espalhadas.

DICAS PRÁTICAS PARA VISITAR O MARROCOS

Voos 
A Royal Air Maroc anunciou a retomada da rota entre São Paulo e Casablanca a partir de 7/12; até lá, a forma mais conveniente de chegar ao Marrocos é fazendo escala na França, na Espanha ou em Portugal

Dinheiro 
A moeda local é o dirham marroquino, que equivale a mais ou menos R$ 0,58. O ideal é embarcar com euros e trocar ao chegar

Mulheres e LGBTQIA+ 
É possível ver turistas desacompanhadas nas ruas das principais cidades marroquinas, mas não são poucos os relatos de mulheres vítimas de assédio. E embora cidades como Marrakech até tenham locais gay friendly, o Marrocos pune relações homoafetivas com prisão

Álcool 
O país é muçulmano, e a venda de álcool é proibida nas ruas, mas hotéis são bem abastecidos de vinho, drinque e cerveja

Idioma 
Embora o árabe seja o idioma principal, o turista não terá muita dificuldade em se fazer compreender com o inglês —o espanhol e o francês também são falados

Visita ao deserto 
Um pacote individual de quatro dias entre Fez e Marrakech, passando pelo deserto, pode sair a partir de R$ 5.000, mas fica mais barato se for feito em grupo. O da empresa Marrocos Expedições inclui estadias em hotéis razoáveis, jantares e cafés da manhã

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