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Policiais do Paraná que mataram sargento gaúcho são denunciados
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DE CURITIBA
Os policiais civis do Paraná que, em dezembro passado, mataram um sargento da PM gaúcha por engano em Gravataí (região metropolitana de Porto Alegre) foram denunciados (acusados formalmente) nesta sexta-feira (27) sob acusação de homicídio qualificado.
O grupo investigava o sequestro de um empresário paranaense, que estava num cativeiro em Gravataí, mas não avisou à polícia gaúcha sobre sua presença.
Num carro à paisana, eles foram seguidos por um sargento da PM, Ariel da Silva, que achou a movimentação do veículo estranha. Silva foi confundido com um criminoso e alvejado por quatro tiros de metralhadora. Ele morreu na hora.
Os policiais, que integram o Grupo Tigre, um esquadrão antissequestro dos mais conceituados da polícia paranaense, afirmaram ter agido em legítima defesa. Disseram que os disparos foram praticamente simultâneos, e que o sargento gaúcho havia sacado a arma antes.
Mas, para o Ministério Público do Rio Grande do Sul, que ofereceu a denúncia, os paranaenses atiraram primeiro e não deram oportunidade para que o policial militar se identificasse.
"A denúncia é clara: quem agiu em legítima defesa, quando quase caía ao solo, foi o policial militar, depois de ter sido alvejado. Isso foi inclusive provado pela perícia", afirma o promotor André Luis Dal Molin Flores, para quem os paranaenses agiram "de forma drástica".
Os três policiais foram denunciados sob acusação de homicídio qualificado, por terem agido mediante recurso que dificultou a defesa da vítima e que resultou em perigo comum --"foi utilizada uma metralhadora em via pública e dois tiros acertaram residências próximas", argumenta a Promotoria.
O Ministério Público também pediu à Justiça que os profissionais sejam afastados do Grupo Tigre, no qual continuam trabalhando normalmente.
A Polícia Civil do Paraná informou que não irá se manifestar sobre o caso. À época, o órgão disse, em nota, que o caso não iria abalar "a sólida imagem de êxito" de sua equipe de investigação.
DELEGADO
No mesmo dia, à tarde, após a morte do saregnto, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul descobriu a casa onde os reféns paranaenses estavam e trocou tiros com os sequestradores.
O delegado Leonel Fagundes Carivali, ao chegar ao cativeiro onde estava sendo mantido o agricultor Lírio Darcy Persch, 50, tentou atirar em um dos sequestradores, mas acabou acertando o refém, que morreu.
O caso foi investigado pela Corregedoria da Polícia Civil gaúcha, que indiciou o delegado sob suspeita de homicídio. O inquérito conclui que ele assumiu o risco de matar e que houve "erro de execução".
A defesa de Carivali sustenta que houve legítima defesa: o policial atirou porque já havia ouvido um disparo, viu o sequestrador apontando uma arma contra ele, e não viu o refém, que estava dentro de um carro com vidros escurecidos. (ESTELITA HASS CARAZZAI)
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