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13/02/2013 - 10h57

Com volume baixo, interior da BA comemora 100 anos de Carnaval

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MÁRIO BITTENCOURT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM RIO DE CONTAS (BA)

Cidade que nasceu de um arraial formado no início do Século 17 por bandeirantes em busca de ouro, Rio de Contas, na Chapada Diamantina (BA), comemora seus 100 anos de Carnaval em 2013 combatendo a poluição sonora.

Veja a cobertura completa do Carnaval

Durante a folia, ao menos dez carros de turistas chegaram a ser guinchados pela Polícia Militar por estarem com o som ultrapassando 80 decibéis, volume permitido pelas autoridades locais. Os motoristas foram multados em R$ 128 e ganharam sete pontos na carteira.

A iniciativa de combater o som alto dos carros foi da agitadora cultural da cidade Ana Rosa Soares da Silva, 37, que fez coletou 2.000 assinaturas e pediu providências ao Ministério Público. "Ano passado foi um horror de carros de som, eles ficavam disputando pra ver quem fazia mais barulho", contou.

Para Ana Rosa, som alto de carro desvirtua a festa dos blocos culturais e marchinhas que animam o carnaval em Rio de Contas, cidade com mais de 400 casarões tombados pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Dias antes da festa, o Ministério Público recomendou à prefeitura não permitir a poluição sonora no Centro Histórico da cidade, onde ocorre a festa. A fiscalização é feita pela PM com o uso de oito decibelímetros (instrumento que mede o nível de intensidade de sons e ruídos), informou o sargento Diego Castilho, um dos que estavam na ronda.

"Achei ótimo [o combate à poluição sonora], pois esse tipo de curtição não combina com a cidade, aqui é um carnaval mais cultural e bem família", disse a turista Angelina de Lima Flores, 34, de Belo Horizonte (MG).

Tomando cerveja ao lado de um veículo que aparentemente estava com o som abaixo dos 80 decibéis, o turista de Salvador, Thiago Silva de Oliveira, 24, acha que deveria ter mais liberdade. "É Carnaval, todos curtem como querem, eu curto ouvindo som alto", afirmou.

GRUPOS CULTURAIS

O combate à poluição sonora na cidade parece ter sentido quando os blocos culturais desfilam pelas largas ruas do município, o primeiro núcleo urbano do país a ser feito de forma planejada.

A arquitetura das casas da cidade ainda é a mesma da fundação, algumas em estilo barroco, com casarões em adobe e prédios públicos e religiosos feitos em pedra.

Por esse cenário, durante o dia, desfilam há mais de 30 anos blocos como o "Grupo Cultural Mandú" e "Os Mascarados", que animam a folia com bonecões de dois metros de altura idealizados pelo artista plástico Humberto Cotrim, 73.

"Faço esses bonecos há 22 anos, me orgulho disso", falou o artista. São cerca de 30 bonecos, alguns de personagens nacionais como a presidente Dilma Rousseff e o jogador Ronaldinho Gaúcho. Na festa há também o bloco das baianas, um dos mais tradicionais, presente na festa desde o seu início.

TURISMO

Rio de Contas atrai em todo Carnaval cerca de 30 mil pessoas, que vão em busca da beleza arquitetônica, riqueza cultural e atrativos naturais, como belas cachoeiras (atualmente é possível o banho em 18 delas) e passeios radicais em trilhas para um dos morros mais altos do Nordeste do Brasil, o Pico das Almas, com 1.980 metros de altitude.

O município possui ainda comunidades de quilombolas e de descendentes de portugueses e italianos que estão na região há mais de 300 anos.

Rio de Contas cresceu com a exploração do ouro no século 17, diferente dos outros municípios da Chapada, onde ocorreu a extração de diamantes.

Na cidade ainda existe a Estrada Real, por onde passava o ouro da Coroa Portuguesa, que manteve no Século 17 o segredo do ouro por 30 anos.

Nos "tempos de ouro" de Rio de Contas, a Festa do Divino, principal evento religioso da cidade, ocorria com pó de ouro sendo jogado nas procissões, segundo o arquivo municipal.

 

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