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14/09/2011 - 17h34

PM acusado de decapitar dois jovens será julgado amanhã em SP

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ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

Apontado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual como um dos policiais militares integrantes do grupo de extermínio "Os Highlanders", o soldado Ronaldo dos Reis Santos, 30, o R.Santos, será julgado amanhã pela decapitação de dois jovens. O julgamento será no fórum de Itapecerica da Serra (Grande São Paulo).

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Para fazer a acusação contra o PM, a Procuradoria Geral de Justiça designou especialmente o promotor Marcelo Alexandre Oliveira, que atua no Tribunal do Júri de Guarulhos (Grande São Paulo) e hoje é considerado um dos mais combativos no Estado de São Paulo.

"Ele [R.Santos] refuta todas as acusações. E amanhã vamos provar aos jurados que ele não tem nada com esse crimes", disse Eugênio Carlo Balliano Malavasi, advogado de defesa do policial.

O julgamento do PM R.Santos está previsto para começar às 9h30 de amanhã. Assim como outros oito PMs acusados de sequestrar e decapitar suas vítimas, o soldado está preso desde janeiro de 2009 no Presídio Militar Romão Gomes, no Jardim Tremembé (zona norte de SP).

R.Santos é réu no processo pelas mortes de Roberth Sandro Campos Gomes, 19, o Maranhão, e Roberto Aparecido Ferreira, 20, o Bebê. De acordo com a Polícia Civil e a Promotoria, os dois rapazes foram detidos pelos PMs no Jardim Imbé, região do Capão Redondo (zona sul de SP), na madrugada de 5 para 6 de maio de 2008, quando foram vistos entrando no carro nº 37016 do 37º Batalhão, também na zona sul.

Uma jovem que acompanhava os rapazes naquela madrugada reconheceu dois PMs como sendo os que levaram os jovens depois de mandá-la para casa.

Os corpos de Gomes e Ferreira foram encontrados em Itapecerica da Serra, sem as mãos e a cabeça, no fim daquele maio de 2008.

Cortar a cabeça e as mãos das vítimas, segundo a acusação, era uma estratégia dos PMs para evitar a identificação das vítimas, daí o nome do grupo de extermínio ser "Os Highlanders".

Outro três PMs --os soldados Rodolfo da Silva Vieira, Marcos Aurélio Pereira Lima e Jonas Santos Bento-- também são réus no caso e ainda serão julgados.

Lima e Vieira confessaram o sequestro dos dois jovens durante a fase de investigação do caso. Eles recorreram da sentença de pronúncia e deverão ser julgados ainda neste ano, assim como o PM Bento.

ABSOLVIDOS

Em 17 de março deste ano, o sargento Jorge Kazuo Takiguti e o soldado João Bernardo da Silva, foram absolvidos da acusação de matar e decapitar os dois jovens.

Apontado pela Promotoria e Polícia Civil como chefe do grupo de extermínio, o soldado Rodolfo da Silva Vieira já foi condenado, em julho de 2010, a 18 anos e oito meses de prisão pela decapitação do deficiente mental Antonio Carlos Silva Alves, 31. O crime foi em outubro de 2008.

O soldado Vieira também é apontado pela Polícia Civil como chefe do grupo de extermínio porque contava com a suposta proteção do coronel Eduardo Félix de Oliveira --amigo de seu pai, o capitão Paulo Roberto da Silva Vieira, que, durante anos, esteve lotado no extinto Tacrim (Tribunal de Alçada Criminal).

Hoje na Reserva, o coronel Oliveira foi até cotado para ser o comandante-geral da PM quando estava em atividade. Oliveira também foi chefe da Tropa de Choque da PM e, atualmente, é membro da equipe de gestão de Gilberto Kassab (PSD) e atua como subprefeito da Penha (zona leste de SP).

Ano passado, por meio da Comunicação Social da PM, Oliveira sempre negou manter relação de proteção ao soldado Vieira ou a qualquer outro dos nove acusados de integrar o grupo de extermínio.

A Folha tenta entrevistar Oliveira desde 2009, mas ele sempre se nega a falar.

CONDENADO

O soldado Vieira foi condenado pela morte de Alves ao lado dos PMs Moisés Alves Santos, Joaquim Aleixo Neto e Anderson dos Santos Salles, que eram lotados no 37º Batalhão. Todos negam o crime.

Os quatro foram expulsos da PM em dezembro de 2010. A defesa recorreu da condenação.

Ao todo, os nove PMs acusados de integrar "Os Highlanders" são suspeitos de 12 mortes --em cinco delas, as vítimas foram decapitadas. Todos os PMs eram da Força Tática (espécie de tropa especial) do 37º Batalhão.

 

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