Família de Ribeirão Preto (SP) ganha a vida lavando túmulos
Integrantes de uma família que vive há 46 anos lavando túmulos, Sônia Maria Domingues e os quatro irmãos começaram a ajudar os pais no cemitério da Saudade, em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo).
Não pararam mais. Ela é a que trabalha há mais tempo naquele cemitério. Começou na profissão aos 5 anos, quando a carreira vivia seu auge, conta Sônia.
Exibindo alegria e espontaneidade, ela tem orgulho da profissão que exerce há 45 anos. Filha e neta já seguem seus passos.
Edson Silva/Folhapress | ||
Lavadora trabalha na limpeza de túmulo no cemitério da Saudade, em Ribeirão Preto |
Sem preconceitos, o construtor de túmulos Jorge Domingues, 47, diz que as pessoas se assustam quando ele fala onde trabalha.
"Perguntam de espíritos, falam da morte com medo", diz ele, irmão de Sônia e também lavador. "Mas esse é um trabalho como outro qualquer."
CAFÉ DA MANHÃ
Conhecidos como a "família imperial" pelos lavadores do cemitério, os irmãos se reúnem todos os dias no túmulo dos pais para tomar o café da manhã: levam pão, café e leite que consomem enquanto conversam.
Outras pessoas vivem (e bem) da profissão. Agradecida pelo trabalho que tem, a lavadeira Neusira Silva de Mello, 50, diz que adora trabalhar no cemitério. "Aqui tenho paz, consegui comprar um carrinho velho e a minha casa. Sou feliz."
O especialista em temas relacionados à morte Amir Abdalo diz que a profissão era comum no século passado, quando as pessoas visitavam com maior frequência os túmulos de seus parentes e erguiam construções para "perpetuar a memória dos mortos".
Na época, afirma o pesquisador, zelava-se mais pelos túmulos.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade