Lixo ameaça área de recarga do aquífero Guarani, em Ribeirão Preto
O acúmulo de lixo ameaça área de recarga do aquífero Guarani. É o que informa um inquérito da Promotoria de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) sobre o bairro Parque dos Lagos, na zona leste do município.
A promotora do Gaema (Grupo de Atuação Especial em Defesa do Meio Ambiente) de Ribeirão Preto, Cláudia Maria Habib, disse que a região acumula uma grande quantidade de dejetos. "Já falaram em mais de mil caminhões de lixo."
A Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) e a Prefeitura de Ribeirão Preto estão levantando informações para iniciar a recuperação do local.
A região conta com algumas lagoas, como a da nascente do córrego Palmeiras e do Saibro. No final de janeiro, a prefeitura iniciou uma limpeza de emergência na área por causa da proliferação excessiva de aguapés.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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Morador do bairro há 14 anos, o aposentado Waldemar de Barros, 75, fez a denúncia ao Ministério Público. Ele alega que há despejo de esgoto nas lagoas.
No entanto, um laudo feito pela Cetesb afirmou que não há este tipo de dejeto na área e que o despejo é de água da chuva e outras, como a usada para lavar calçadas.
"Mas é muito estranho ter toda essa água correndo aqui mesmo com essa seca. Isso aqui tem jeito e cheiro de esgoto", disse Barros, apontando para uma tubulação que despeja líquido nas lagoas.
O chefe da Fiscalização-Geral de Ribeirão, Osvaldo Braga, confirma que há lixo na lagoa. No entanto, ele diz que a quantidade é menor do que os mil caminhões de lixo.
"Quando retiramos os aguapés, pudemos ter uma ideia mais otimista."
Para a promotora, o acúmulo de lixo na área é consequência do crescimento dos empreendimentos na área, que foi "explorada de maneira inconsequente".
Silva Júnior/Folhapress | ||
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Lixo acumulado ao redor da lagoa da nascente do córrego das Palmeiras, região de recarga do aquífero |
RISCOS AO AQUÍFERO
O solo da região do Parque dos Lagos é capaz de absorver parte da água da chuva e conduzi-la até o aquífero. A velocidade média é de dois metros por ano por litro.
Nessa passagem lenta, é feita uma filtragem natural pelas rochas do subsolo.
O Guarani está entre 80 e cem metros de profundidade na zona leste da cidade, segundo o diretor do Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica) de Ribeirão Preto, Carlos Alencastre.
Para o gerente regional da Cetesb, Marco Antônio Artuzo, a área é considerada vulnerável e medidas precisam ser tomadas rapidamente para que não haja o risco de contaminação do Guarani.
"Não podemos deixar concentrar ainda mais essa carga ali", disse.
De acordo com Alencastre, o lixo comum, como papéis e garrafas plásticas, não é capaz de contaminar a reserva subterrânea. Porém, o acúmulo de lixo eletrônico, sim.
Pilhas, circuitos eletrônicos ou qualquer outro dejeto que contenha metais pesados (chumbo, cádmio e mercúrio, por exemplo) podem "furar" essa filtragem natural.
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