Professor 'fura' segurança e faz protesto durante discurso de Alckmin na Agrishow
Um professor da rede estadual de ensino fez nesta segunda-feira (28) um protesto solitário durante o discurso do governador Geraldo Alckmin (PSDB), na abertura da Agrishow (feira de tecnologia agrícola), que acontece em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo).
Fábio Henrique Granados Sardinha, 30, disse que estava acompanhando o discurso quando resolveu fazer a manifestação.
Ele foi à frente do palco, onde acontecia a abertura da feira, com um cartaz que trazia a seguinte inscrição: "O Estado de São Paulo não respeita a Lei do Piso".
Sardinha afirmou que o governo paulista descumpre a norma (lei 11.738/2008) –que determina o piso salarial de R$ 1.567 no ensino fundamental e médio (com jornada de 40 horas semanais).
O docente afirmou que a reclamação não é referente ao valor do salário, mas em relação ao desrespeito à exigência que o professor fique um terço do período fora das aulas, para preparação de atividades, por exemplo.
"Os professores deveriam passar 26 horas com os alunos, mas passam hoje 32 horas [por semana]. É uma incoerência. O governo precisa respeitar a lei, por isso fui lá protestar", disse o professor.
Ele disse que, após invadir o palco e protestar contra o governo, entregou para Alckmin uma pesquisa da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) com indicadores que revelam a insatisfação de profissionais da educação, pais e alunos com o atual sistema de ensino paulista.
Sardinha é filiado ao PC do B e foi candidato a vereador nas eleições municipais de 2012, mas não se elegeu.
Ele nega que haja motivação política no protesto.
"Não tem nada a ver. Sou um cidadão. O sindicato não me mandou fazer essa manifestação, nem o partido. Fui como professor, como cidadão, insatisfeito com a condução da educação no Estado", afirmou.
O professor contou que "furou" o bloqueio de segurança dizendo que era da imprensa.
Em nota, a Secretaria da Educação do Estado informou que o governo cumpre integralmente a Lei do Piso.
"[A lei] Determina um terço da jornada como horário extraclasse para atividades como preparação de aulas e correção de provas", diz a assessoria.
"O salário de um professor que leciona para classes de anos finais do ensino fundamental e médio, com jornada de 40h semanais, é de R$ 2.257,84, podendo chegar a R$ 6.390,78 de acordo com a evolução funcional", ainda cita, a nota.
A secretaria informou que a rede estadual paulista tem uma política salarial que prevê um aumento escalonado de 45% até julho deste ano. "Em 2014, a remuneração inicial deste docente chegará a R$ 2.415,89", afirmou o Estado.
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