Lixo 'exportado' por 27 cidades viaja 1.656 km todos os dias na região de Ribeirão
Vinte e sete cidades da região de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) "exportam" diariamente 1.553,76 toneladas de lixo para outras localidades e até mesmo para Minas Gerais. Os dados são do Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Urbanos 2013, da Cetesb (Companhia Ambiental de São Paulo).
Em dez anos, o número de cidades que "exportam" o lixo produzido na região aumentou 350%: de seis, em 2003, para 27 em 2013, segundo a Cetesb, o que significa que caminhões com lixo percorrem 1.656,6 km diários nas rodovias da região.
Treze delas enviam o lixo que produzem para o CGR (Centro de Gerenciamento de Resíduos) de Guatapará, do Grupo Geo Vision, também dono da Leão Ambiental.
Outras cidades que recebem o lixo são Jardinópolis, Onda Verde, Guará, Piratininga e Uberaba (MG).
Edson Silva/Folhapress | ||
Máquina trabalha no aterro da CGR em Guatapará, que recebe lixo de 13 cidades da região |
"Com a falta de um conjunto de ações para aproveitar o material reciclável, o lixo será transportado para cada vez mais longe", afirmou Ricardo Abramovay, professor de sociologia econômica da USP (Universidade de São Paulo).
Sem aterros próprios, Ribeirão Preto e Araraquara (273 km de São Paulo), duas das quatro maiores cidades da região, enviam juntas 906,63 toneladas de lixo para Guatapará.
A Prefeitura de Ribeirão Preto gasta R$ 89,05 por tonelada transportada, de acordo com a assessoria da prefeita Dárcy Vera (PSD).
Para algumas prefeituras, a "exportação" é adotada por ser uma opção mais barata.
"Para termos um aterro, nossos custos seriam dobrados", disse Edson Domiciano, diretor de meio ambiente da Prefeitura de Ituverava (413 km de São Paulo).
A administração tem um contrato de R$ 2,3 milhões com a empresa Seleta Ambiental para a coleta e destinação do lixo.
Editoria de Arte/Folhapress |
DIVISÃO
Embora não seja ilegal, a medida divide a opinião de especialistas e autoridades.
"Ao enviar o material, o município transfere o problema", disse Simone Kandratavicius, ambientalista e diretora da ONG Pau Brasil.
Já Eduardo Rocha, gerente de projeto do Ministério do Meio Ambiente, disse ser a melhor saída. Para ele, muitas cidades não têm espaço e as áreas usadas podem se tornar passivos ambientais.
Gabriela Otero, coordenadora técnica da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), afirmou que a "exportação" não exime as cidades de ter áreas de transbordo para separar o material reciclável.
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