Em crise, municípios da região de Ribeirão Preto suspendem serviços
Mergulhados em crise financeira, municípios da região de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) suspenderam ou reduziram serviços como as operações de tapa-buraco, limpezas de praças e ruas e até merenda.
O problema, segundo prefeitos, é a queda no repasse do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Especialistas dizem, no entanto, que a queda no repasse do tributo é "desculpa" para a má gestão.
"Nenhuma prefeitura pode depender apenas dos tributos de fora", disse Adriano Henrique Rebelo Biava, professor da FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade), da USP, especialista em finanças públicas.
Entre as medidas adotadas estão até as mais impopulares. Em Araraquara (273 km de São Paulo), por exemplo, o prefeito Marcelo Barbieri (PMDB) cortou o café da manhã servido a estudantes da rede estadual, atingindo 20 mil alunos.
Edson Silva/Folhapress | ||
Prefeita de Américo Brasiliense, Cleide Berti, em frente a buraco na rua Gentil Prudente |
A alimentação era servida na entrada das aulas, às 7h. As frutas, que eram oferecidas como lanche, também foram cortadas.
"É um absurdo cortar comida de aluno. Tem semana que não teve almoço", afirmou Suzete Delascrea, 38, mãe de uma estudante.
A prefeita Cleide Berti (PTB), de Américo Brasiliense (283 km de São Paulo), afirmou que também deverá determinar a redução no cardápio da merenda dos alunos da rede municipal.
"É a terceira vez que assumo a prefeitura, e a primeira que enfrento uma crise tão avassaladora", afirmou.
Novas ligações de água que demandam corte no asfalto estão suspensas porque, segundo ela, não há verba para o reparo. "Acabou o dinheiro", disse Cleide, que afirmou ainda que o vale-alimentação dos funcionários da prefeitura não foi pago neste mês.
Edson Silva/Folhapress | ||
Estudantes deixam escola de Araraquara depois de aula |
Na infraestrutura urbana, o tapa-buraco foi extinto há uma semana.
Em Rincão (291 km de São Paulo), o serviço também não está sendo feito, segundo o prefeito Amarildo Dudu Bolito (PT). "Estamos deixando de fazer investimentos em obras viárias, como sinalizações de trânsito."
Segundo o prefeito, os cortes são feitos em áreas que, a princípio, não serão sentidas pela população.
O diretor de finanças de São Carlos (232 km de São Paulo), Douglas Marangoni dos Santos, disse que houve a redução no tapa-buraco e limpeza de praças, prédios públicos e ruas.
A limpeza urbana também foi afetada em Barretos (423 km de São Paulo). Segundo a assessoria do governo, houve redução de funcionários terceirizados que atuam na varrição.
Os municípios enfrentam, ainda, dificuldades para pagar fornecedores.
Desde o início do ano, as empresas estão recebendo o pagamento em atraso, como em Tabatinga (331 km de São Paulo), Américo, Araraquara e Ribeirão Preto.
"Estamos com uma receita baixa para fazermos uma gestão plena", afirmou Rafael Camargo (DEM), prefeito de Tabatinga.
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