Câmara de Batatais investiga e vê desvio de alimentos da merenda escolar
A CEI (Comissão Especial de Inquérito) aberta pela Câmara de Batatais (352 km de São Paulo) diz já ver indícios de que alimentos foram desviados da Cozinha Piloto –onde são feitas a merenda escolar e refeições para servidores– para uso particular de funcionários públicos municipais e vereadores.
O Ministério Público, a Polícia Civil e a própria prefeitura também investigam.
A vereadora Andresa Furini (PT), que preside a CEI (Comissão Especial de Inquérito) aberta para apurar o caso, disse que a comissão não conseguiu estimar a quantidade de alimento desviada, porque o controle de saída dos alimentos é feito com anotações a lápis, de acordo com ela.
Além disso, ainda segundo a vereadora, a compra dos alimentos pela prefeitura é feita de forma unificada e não especificamente para os setores que irão recebê-los.
Ela citou como exemplo a compra de pães, feita por uma licitação, mas que pode servir para merenda ou para refeições de funcionários.
"O que podemos dizer com certeza é que a compra e a distribuição desses alimentos não são transparentes."
Em depoimento à comissão, funcionários da Cozinha Piloto disseram que, aos finais de semana, alimentos –de ervilha a cortes de carne– eram retirados por funcionários da prefeitura.
Na avaliação da comissão, a qualidade da merenda escolar caiu, porque alunos passaram a ter salsicha, por exemplo, no lugar de carne nas refeições.
CONTABILIDADE
A parlamentar afirmou que a Câmara contratará um contador para analisar os documentos e tentar definir a quantidade de alimento desviada da prefeitura.
De acordo com a CEI, alimentos também foram solicitados e enviados para vereadores de forma irregular.
Em um dos casos, segundo a presidente da comissão, a prefeitura doou 500 pães, 15 quilos de salsicha e 80 litros de refrigerante para um evento em uma igreja evangélica a pedido do vereador e pastor José Barbieri (PTB).
A vereadora Marilda Covas (PSDB) também solicitou e recebeu alimentos para a refeição de coletores de recicláveis. Neste caso, há problema porque a comida é destinada para merenda e funcionários.
Procurados, os vereadores não foram encontrados pela Folha na última sexta (18).
Uma sindicância foi aberta pelo município após denúncias chegarem ao prefeito Eduardo Oliveira (PTB), segundo o governo.
A administração enviou o caso ao Ministério Público, que determinou apuração da Polícia Civil. Na delegacia de Franca já foram ouvidos secretários e outros servidores.
Se comprovada a irregularidade, os responsáveis poderão responder pelo crime de peculato, com pena de até 12 anos de prisão, segundo o delegado Marcelo Caleiro.
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