Grupo de sem-terra invade armazém do Ceagesp em Barretos (SP)
Um grupo de sem-terra invadiu desde a sexta-feira (15) um armazém da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) em Barretos (a 423 km de São Paulo), em protesto contra a demora para a liberação de uma área na zona rural do município para acampamento.
De acordo com Francisco das Chagas, um dos coordenadores do acampamento Dona Zumira Gonçalves, o grupo conta com 637 pessoas e aguarda a liberação do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para ocupar a fazenda Santa Avóia.
A fazenda, segundo o grupo, já teria sido considerada improdutiva e seria destinada para acampamentos de movimentos sociais.
"A gente estava na área já, mas pediram a reintegração de posse do local. Por isso, saímos da fazenda e viemos para a Ceagesp, como protesto contra a política do governo federal", disse Chagas.
Carlos Roberto do Espírito Santo, gerente regional da Ceagesp, disse que já comunicou a direção da companhia e que deve se reunir com os invasores nos próximos dias para discutir a saída das famílias.
Segundo Santo, o local –que conta com um depósito para grãos e quatro pavilhões de armazenagem– era preparado para armazenar açúcar de produtores da região.
"Nossas atividades tiveram que ser paradas depois da invasão e é, justamente nesse período, que começamos a nos preparar para receber o açúcar", disse Santo.
FESTA DO PEÃO
Chagas disse que o grupo de sem-terra pretende aproveitar a Festa do Peão de Boiadeiro, que começa nesta quinta-feira (21), para chamar a atenção para as reivindicações.
O armazém da Ceagesp fica na avenida 43, local de concentração de visitantes da festa.
"Vamos ficar aqui [Ceagesp] até nosso problema ser resolvido. Se não houver avanço, vamos estudar fazer um protesto na avenida 43 nos dias de festa", disse Santo.
A assessoria da Prefeitura de Barretos disse que a negociação do grupo deve ser diretamente com o Incra.
Em nota, o Incra informou que a área da fazenda foi declarada de interesse social para fins de reforma agrária em dezembro de 1999. No entanto a desapropriação foi impedida devido a um processo que tramitou na Justiça até dezembro de 2013.
Desde o fim do processo judicial, o Incra deu continuidade ao processo administrativo para a reforma agrária no local, com a vistoria do imóvel.
Ainda de acordo com o instituto, a ouvidoria regional acompanha a ocupação do grupo e tem feito reuniões com as famílias para encontrar uma "solução pacífica".
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