Ministério Público investiga racionamento de água em Tambaú
As causas da crise hídrica vivida pela cidade de Tambaú (a 255 km de São Paulo) –onde bairros ficam 15 horas com água e 48 horas sem– passaram a ser investigadas pelo Ministério Público.
A cidade raciona água há mais de 130 dias e já chegou, por mais de uma vez, a ficar completamente desabastecida por dias seguidos.
Em agosto, foi decretado estado de calamidade pública depois que a represa que abastece o município quase secou.
A administração confirma que faltou investimento ao longo dos anos e informou que está trabalhando, em parceria com o governo do Estado, para resolver a situação.
Para aliviar o problema do reservatório, a cidade começou em maio a buscar água de quatro represas privadas.
Embora a prefeitura disponibilize caminhões-pipa, ao longo do período moradores tiveram aumento nos gastos –com compra de galões e viagens a cidades próximas em busca de água–, e reclamam da situação.
A Promotoria informou que houve casos de diarreia na cidade por causa do desabastecimento prolongado.
A prefeitura, por meio da assessoria, confirmou que houve casos isolados, mas que ele foram causados pelo uso de água não tratada e não pela fornecida pela prefeitura em caminhões-pipa.
Para Paulo Finotti, vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pardo, a causa desta crise é falta de planejamento.
"Isso é geral em todo o Estado, faltou prever que isso poderia acontecer", disse.
Márcia Ribeiro/Folhapress | ||
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Para a promotora que conduz a investigação, Cláudia Maria Lico Habib, faltou investimento no setor.
"Nunca foi dado o devido valor para a água, imaginando que uma situação dessas pudesse ocorrer", afirmou.
Ela apura também se o alto nível de perda de água por vazamentos no sistema de abastecimento contribuiu para agravar a situação. Segundo a promotora, o nível de perda é superior a 50%.
Além de investigar as causas, o Ministério Público também cobra soluções para o problema.
O órgão deu um prazo de 15 dias para que o município, com auxílio da Sabesp, passe a captar água de fonte superficial na cidade.
Segundo Finotti, o Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica) concedeu uma outorga de emergência para que isto seja feito e está sendo construída uma adutora para a captação.
Tradicionalmente, a represa da cidade é abastecida por um conjunto de nascentes.
A Sabesp informou que a Defesa Civil está repassando recursos para obra emergencial por meio de convênio e que coube à agência oferecer suporte técnico e empréstimo de tubulação, que será ressarcido pela prefeitura.
Segundo a Prefeitura de Tambaú, o consumo de água é de 15 milhões de litros/dia.
FÉ
Em agosto, a cidade teve apenas 0,3 milímetro de chuva, 99% a menos que a média histórica.
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