Após morte de paciente, secretário da Saúde de Ribeirão Preto vai à UPA
O secretário da Saúde de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), Stenio Miranda, deu expediente na UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) da cidade nesta terça-feira (7).
A "mudança" do gabinete ocorreu após a morte, no sábado (4), de um paciente que procurou, por quatro vezes na semana passada, atendimento na unidade.
Segundo familiares, ele chegou a ser medicado por gases e dores, e sugerido por um médico a procurar atendimento especializado para tratar depressão.
Porém, após uma crise no final de semana, ele procurou atendimento no Hospital das Clínicas, onde foi diagnosticado por uma infecção no rim e precisou retirar o órgão esquerdo.
Segundo Miranda, um dos seus objetivos com a mudança foi apoiar a equipe da unidade, que ficou "negativamente exposta" com a denúncia de suposta negligência médica.
Outro motivo foi ouvir a população. Miranda afirmou que, entre as 8h e 10h desta terça-feira, circulou pela unidade e ouviu reclamações e elogios dos pacientes.
"A principal reclamação é sobre demora no atendimento", disse. Outra reclamação é sobre falta de atenção no atendimento.
"Você entra no consultório e eles só ficam mexendo no celular", disse a balconista Ana Carolina Aparecida de Oliveira, 22, que esperou por mais de 30 minutos para ser atendida na terça-feira.
Edson Silva/Folhapress | ||
O secretário da Saúde de Ribeirão Preto, Stenio Miranda, caminha por corredor da UPA na manhã desta terça-feira (7) |
"Hoje até que está indo mais rápido porque o secretário está aqui, mas já cheguei a esperar mais de três horas na pediatria", disse a estudante Patrícia Vaz Pereira, 35.
Ela estava com o filho de 7 anos doente e esperou duas horas para ser atendida.
SEM CONVERSAR
Durante as duas horas que a reportagem da Folha permaneceu na UPA nesta manhã (das 10h30 às 12h30), o secretário da Saúde não chegou a falar com os pacientes.
Um servidor público tentou entrar em contato com o secretário, neste período, para pedir agilidade no exame de sangue da filha que estava com suspeita de apendicite, segundo ele.
No entanto, André Almeida, 45, foi recebido por outra pessoa que afirmou que o resultado do exame sairia até as 14h.
Fernando Garcia, 55, morreu na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). O atestado de óbito entregue à família indica como causa da morte choque séptico de foco urinário pielonefrite.
A Secretaria da Saúde abriu uma sindicância para apurar se houve negligência ou erro médico no atendimento.
"Não tenho ainda todas as informações sobre o caso, mas as que eu tenho demonstram que o atendimento foi adequado", afirmou.
O Conselho Regional de Medicina também encaminhou à sede em São Paulo um pedido de abertura de sindicância.
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