Geração de emprego é a pior em dez anos na região de Ribeirão Preto
O mês de outubro de 2014 registrou o pior resultado na geração de emprego dos últimos dez anos entre os dez maiores municípios da região de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo).
Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego, foram fechados 672 postos de trabalho no mês.
O pior resultado, até então, só tinha sido registrado em outubro de 2003, quando foram fechadas 904 vagas nas cidades.
Os dados compõem o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgado pelo governo federal nesta sexta-feira (14).
No acumulado do ano, o saldo do emprego nas dez maiores cidades da região também é o menor desde 2003, quando o governo federal começou a disponibilizar na internet as informações detalhadas de geração de empregos por município.
Em dez meses, as cidades geraram 22.304 empregos –foram 319.324 admissões e 297.020 desligamentos.
No mês de outubro, em Ribeirão Preto, a queda foi puxada, principalmente, pelo setor da construção civil.
Para Rudinei Toneto Junior, professor de economia da FEA-RP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto), da USP, o resultado da geração de empregos ruim na região acompanha os baixos números registrados no país.
No mês passado o Brasil fechou 30.283 vagas formais de trabalho (com carteira assinada). É o primeiro resultado negativo para o mês na série histórica iniciada em 1999.
"É a crise econômica que o país atravessa. Temos um desempenho baixo e fraco, principalmente na indústria nacional. O desaquecimento do mercado de trabalho é um fenômeno decorrente desses problemas da economia", disse Toneto Júnior.
Ele afirmou que, "finalmente", a crise começou a atingir o mercado de trabalho, fato que não ocorreu no ano passado, por exemplo.
"Com uma política econômica baseada em estímulo de consumo, como ocorre no Brasil, os empregos acabam sendo preservados, principalmente no comércio e serviços, pois há sempre gente comprando. Mas agora essa realidade está mudando [por causa do alto índice de endividamento das famílias]", disse o professor.
Edson Silva/Folhapress | ||
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Prédio em construção em Ribeirão; setor foi o que registrou o maior número de fechamento de vagas |
PIOR CENÁRIO
Na região de Ribeirão Preto, a pior situação é verificada na cidade de Sertãozinho (a 333 km de São Paulo), que só no mês passado perdeu 503 empregos.
Em todo o ano, o município registrou o fechamento de 1.658 postos de trabalho.
Carlos Roberto Liboni, secretário de Indústria, Comércio, Abastecimento, Agricultura e Relações de Trabalho de Sertãozinho, disse que a cidade vive a pior crise de sua história.
"Nunca vi igual."
Ele disse que as demissões são decorrentes da crise que o setor sucroalcooleiro atravessa atualmente. Com os baixos preços do etanol e do açúcar, usinas estão operando no vermelho, entrando em recuperação judicial ou sendo desativadas.
A indústria de Sertãozinho é conhecida nacionalmente por produzir máquinas e equipamentos para o setor.
"É um efeito dominó. A indústria demite, os trabalhadores têm menos dinheiro para gastar no comércio, que também é obrigado a fazer demissões", afirmou Liboni.
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