Após crise, clubes diversificam sua atuação para tentar voltar a crescer
Abalados pelo boom dos condomínios na década passada, que fez o número de sócios despencar, clubes de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) e região buscam agora alternativas para se manter e voltar a crescer.
Criação de academias, investimento em esporte, piscinas aquecidas e dança de salão são algumas das apostas dos clubes, que precisam tentar manter as atividades em meio a dívidas milionárias.
A centenária Sociedade Recreativa e de Esportes de Ribeirão, a Recra, viu o número de sócios voltar a crescer em 2014, após investir em esportes e promoções.
Silva Junior/Folhapress | ||
Parque aquático Splash, fechado desde 2008 em Ribeirão Preto |
Ao longo do ano, o clube contratou um gestor da área, professor de tênis, abriu aulas de tênis de mesa e judô e deve lançar em breve treinamentos de arco e flecha.
"Resolvemos investir no que a Recra sempre foi boa, que é o esporte", disse a consultora de marketing do clube, Valéria Ribeiro.
O número de associados voltou a crescer neste ano e o clube tem atualmente cerca de 7.000 sócios. Na década de 90, época áurea dos clubes do interior, este número chegava a 20 mil e, durante a crise, caiu para 5.000.
Além da aposta esportiva, também passou a fazer promoções para atrair público, como uma mensalidade mais barata para universitários.
Também durante a crise, a direção do Ipanema Clube viu seu número de sócios despencar de 25 mil para apenas 800, em 2008.
Desde então, a diretoria iniciou um plano para recuperar sócios. A primeira medida foi a construção de um novo parque aquático.
"Daí em diante, só cresceu. Agora, fizemos uma piscina aquecida. São mais de mil pessoas fazendo hidroginástica, 4.000 na parte esportiva e 500 pessoas na academia", disse o presidente do Ipanema, Genivaldo Gomes.
"Os condomínios fechados tiraram os associados do clube. Em 2003 começamos a sentir este problema", disse Sebastião Missão, diretor social do Palestra Itália.
O clube chegou a promover shows de grandes nomes da música nas décadas de 1980 e 90, como Nelson Gonçalves e Martinho da Vila.
"O clube lotava. Quando a gente fazia Carnaval era maravilhoso, tínhamos quatro ambientes, formava-se fila de dois, três quarteirões para entrar", disse Missão.
Atualmente, o clube, que já chegou a ter 10 mil sócios, tem cerca de mil.
Em dezembro, a associação concluiu uma reforma no salão, avaliada em R$ 100 mil, para adequações a exigências do Corpo de Bombeiros e melhorias, como a criação de novos ambientes.
"Hoje, lotar, não lota. Mas a gente toca o barco desse jeito", afirmou Missão.
FECHADOS
O suntuoso Splash, parque aquático que vendeu a imagem de "praia em Ribeirão", fechou em 2008 por ordem judicial e está abandonado. A área, que tinha até piscina com ondas, acumula mato alto e é alvo de vandalismo.
Também em Ribeirão, parte do clube Caiçara está fechada, enquanto a outra parte foi loteada e está sendo vendida para chácaras.
O clube chegou a ter 13 mil sócios, mas afundou em R$ 2 milhões de dívidas e teve parte da área leiloada para o pagamento de dívidas.
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