Titular em duas Copas do Mundo e reserva em outras duas, o ex-goleiro Emerson Leão critica o fato de arqueiros de selecionados nacionais estarem atuando com pouca frequência.

Os goleiros titulares de oito das 32 seleções do Mundial de 2014, ou 25%, atualmente são reservas nos seus respectivos clubes.

"É uma situação quase inusitada. Logicamente não é o ideal", opinou Leão para a Folha.

Ele defende que os reservas mudem de time para poderem jogar nesta reta final de preparação.

"Todo trabalhador perde com inatividade. Goleiro perde reflexo, autoconfiança, comando. Ele faz parte de uma engrenagem de defesa de muita responsabilidade", afirmou o ex-treinador da seleção brasileira.

Na sua opinião, a troca do titular é uma opção que ganha força neste caso.

"Compete ao treinador [do selecionado] tomar as decisões dele. A princípio, [o goleiro que não joga] será convocado. Mas vai gerar um desconforto até moral. Goleiro é um instrumento de precisão e confiança", avaliou.

Danilo Verpa - 23.jun.12/Folhapress

O técnico e ex-goleiro Emerson Leão

Ele relata que o time passa a confiar menos no arqueiro inativo. Ainda destaca que o chamado 'tempo de bola' é completamente diferente de um treinamento para uma partida oficial.

"Às vezes, jogar não cansa, enquanto o excesso de treinos prejudica", atestou.

Destaque do Brasil na edição de 1974 e mantido para 1978, Leão reclama do revezamento de goleiros praticado em clubes europeus.

"Se eu estivesse sem lesões e em boas condições, eu queria jogar toda hora. Não daria chance para jogarem no meu lugar. Não ficaria conformado, não ia querer descanso", disse.

BRASIL

Herói da conquista de 1994, Taffarel lembrou em agosto que, no ano anterior, chegou a perder o lugar na seleção brasileira porque era reserva no Parma, da Itália.

Na época, ele preferiu se transferir para a modesta Reggiana para ter mais chances de entrar em campo.

"No meu caso, jogar como titular [antes da Copa dos Estados Unidos] foi muito importante", disse.

Júlio César, titular da seleção brasileira, não tem jogado pelo Queens Park Rangers, da segunda divisão inglesa, o que incomoda Leão.

Além de ter se afastado devido a uma lesão, o carioca não é levado em conta pela comissão técnica do clube.

"Uma excelente solução seria trazê-lo para cá. Disputaria campeonato regional [antes da Copa de 2014]. Ficaria não só em atividade, mas com motivação excepcional por jogar no Brasil. É interessantíssimo ter a regularidade dele. Haverá aumento da autoconfiança e ele continuará fazendo o que sempre fez", sugeriu Leão.