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transporte alternativo
03/11/2003
Trabalhador pedala até estação de trens para economizar passagem

Sempre associada ao lazer e à diversão, a bicicleta se transformou em meio de transporte para milhares de moradores da periferia de São Paulo e de cidades da região metropolitana. Eles trocaram o peso da passagem de ônibus no orçamento
doméstico pela força nas pernas para pedalar por ruas nem sempre seguras. Geralmente, o destino é uma estação de trem.

O fenômeno é visível ao longo das linhas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que ligam diferentes regiões da Grande São Paulo e cruzam a Capital. Usuários que precisavam tomar um ônibus para chegar a uma das estações de trem (cujo sistema é integrado ao metrô, a preço único de R$ 1,90 o bilhete) aproveitam para economizar um pouco mais recorrendo à bicicleta no lugar do coletivo.

A CPTM incentiva essa atitude. Em Mauá, região do ABC, há três anos funciona um estacionamento de bicicletas, ou bicicletário, num terreno da empresa ao lado da estação. Tem capacidade para 800 bicicletas, funciona 24 horas e vive lotado. O local admite mensalistas, ao custo de R$ 7.

Em Barueri, na Grande São Paulo, foi a prefeitura que montou um estacionamento para 150 bicicletas ao lado da estação da CPTM.

Em Itapevi, a Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano da cidade busca financiamento para construir uma ciclovia ligando o conjunto habitacional da Cohab à estação da CPTM e quer complementar a obra com um bicicletário na estação.

Por enquanto, quem pedala até lá tem de improvisar para estacionar a bici-
cleta. Todos os dias, cerca de 500 delas são amarradas ou acorrentadas a postes, grades e até ao guard-rail da Avenida Peres Nacif Chalupe por passageiros que tomam o trem com destino ao trabalho. No final do dia, fazem o caminho inverso e
pedalam até suas casas. O mesmo acontece em cidades como Itaquaquecetuba e Suzano.

"A bicicleta só não é mais usada porque os ciclistas não têm onde guardá-las e em razão da agressividade do trânsito", afirma Jorge Ubirajara Proença, secretário-executivo da Abraciclo (a associação dos fabricantes de bicicleta). Segundo ele, pesquisas feitas há dez anos já mostravam que muitas pessoas fazem a pé ou de bicicleta o percurso até as estações de acesso à malha ferroviária e metroviária.

Potencial
Segundo o Instituto de Desenvolvimento e Informação em Transporte (Itrans), 181 mil dos 4,4 milhões deslocamentos diários da população de baixa renda (5 milhões de pessoas que ganham até três salários mínimos) na Grande São Paulo são feitos de bicicleta. Mas o dado mais expressivo é o potencial deste meio como alternativa de transporte: um terço das famílias de baixa renda possui uma bicicleta.

"As pessoas estão andando mais a pé ou de bicicleta por causa da tarifa, que aumentou acima da inflação, enquanto a renda familiar caiu. Outro fator são os congestionamentos. Em alguns trajetos, ir a pé ou de bicicleta dá no mesmo que ir
de ônibus", diz Maurício Cadaval, presidente do Instituto de Desenvolvimento e Informação em Transporte.


 

EVERALDO GOUVEIA
Do Diário de S. Paulo

   
 
 
 

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