Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
29/08/2008 - 01h32

Obama, de ilustre desconhecido a candidato democrata à Casa Branca

Publicidade

da Efe, em Washington

Há apenas oito anos, ele era um desconhecido que nem conseguiu um passe para o pátio central da convenção democrata; já há quatro anos, fez o discurso principal do evento; e hoje, Barack Obama aceitou a nomeação do partido como o primeiro candidato negro a concorrer à Casa Branca.

AP
Barack Obama acena para a platéia no estádio Invesco Field, em Denver, onde aceitou a nomeação democrata para a Presidência
Barack Obama acena para a platéia no estádio Invesco Field, em Denver, onde aceitou a nomeação democrata para a Presidência

Boa parte da convenção democrata que termina hoje em Denver foi dedicada a definir Obama perante o grande público, um aspirante presidencial que se apóia mais no carisma do que em um programa elaborado.

Fisicamente, não há nada que indique o carisma que emana deste jovem senador, de 47 anos e que chegou ao Capitólio há apenas quatro, que representa, para seus partidários, a encarnação do sonho americano.

Para os adversários, no entanto, é apenas um recém-chegado com lábia e sem preparação para ocupar a Presidência.

Ele mesmo se descreve como "uma espécie de teste de Rorschach humano", no qual qualquer pessoa vê o reflexo que deseja.

O que ninguém nega é que esbanja carisma. Um carisma que consegue encher estádios como se fosse uma estrela de rock, que conseguiu envolver os eleitores mais jovens e que deu à política dos Estados Unidos uma energia que parecia extinta.

Também é inegável seu autocontrole e sua capacidade de organização, que transformou sua campanha em uma máquina capaz de derrotar, contra toda previsão inicial, o possivelmente maior peso pesado do partido democrata: a senadora Hillary Clinton.

Seu começo foi atípico. Ele nasceu em 1961 no Havaí, o estado mais jovem e distante dos EUA, filho de uma mãe adolescente, Stanley Ann Dunham, e de um estudante queniano, Barack Obama.

O casal se separou quando ele tinha apenas dois anos e o senador só voltou a ver o pai outra vez durante uma breve visita desse aos EUA.

O novo casamento da mãe, com Lolo Soetoro-Ng, levou o pequeno Barack à Indonésia, o país do padrasto e onde ele se educou em escolas muçulmanas e católicas.

Durante sua campanha presidencial, o senador por Illinois afirmou que esses anos serviram para que praticasse a tolerância e para que ganhasse uma sensibilidade especial em relação ao exterior.

Aos dez anos, sua mãe o enviou de novo ao Havaí, para morar com os avôs e para que recebesse uma melhor educação.

No arquipélago, se transformou em um adolescente rebelde que, segundo confessou em sua autobiografia "Dreams from my father", consumiu maconha e cocaína e gostava mais de jogar basquete --queria jogar na NBA, a liga profissional americana-- do que de estudar.

Finalmente, decidiu mudar e estudou Política na Universidade de Columbia e Direito em Harvard.

Ele se mudou para Chicago, onde trabalhou como organizador comunitário durante três anos. Sua passagem por um escritório permitiu que conhecesse aquela que se tornaria sua esposa, a também advogada Michelle Robinson, com quem teve duas filhas, Malia Ann, de 10 anos, e Natasha, de sete.

Como político, sua carreira aliou ambição e muita sorte.

A campanha para o Senado estadual de Illinois aproveitou tanto um uso impiedoso de tecnicismos para eliminar os adversários democratas como uma série de erros dos rivais republicanos.

A grande oportunidade veio na convenção de 2004, quando fez o discurso central.

Ele, que quatro anos antes sequer tinha conseguido um ingresso para o pátio central, comoveu os delegados ao contar sua história de vida como exemplo do sonho americano.

O impulso que ganhou o impulsionou ao Senado nas eleições e o transformou em uma estrela em ascensão dentro do partido.

O anúncio de sua candidatura, em 2007, não causou surpresa. No entanto, surpreendeu a vitória sobre Hillary Clinton e o fato de ter arrecadado muito mais dinheiro que ela em eleições primárias longas, extremamente acirradas e cujas feridas ainda estavam um pouco abertas nesta convenção.

Os principais apoios de Obama foram a classe média-alta e os eleitores negros.

Todas as pesquisas afirmam que seu calcanhar de Aquiles, que pode causar sua ruína em novembro, é a classe média-baixa e os trabalhadores brancos.

Nas primárias, estes eleitores votaram majoritariamente em Hillary e agora parecem se inclinar para o candidato republicano, John McCain, que, com suas críticas, conseguiu semear dúvidas sobre a capacidade do adversário, sobretudo em matéria de segurança e política externa.

Obama espera que a convenção que termina hoje lhe dê novo impulso para vencer McCain, com quem está empatado nas pesquisas.

Se isso acontecer, entrará na história como o primeiro presidente negro dos EUA. Uma cesta de três pontos mais importante que qualquer uma que teria feito na NBA.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página